Capítulo 85

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Já era fim de tarde. Eu ainda permanecia no quarto. Acho que Caíque acreditou que eu estava o evitando, porque não me ligou mais desde então. Me levantei, estava em casa sozinha, Bea havia ido dormir na casa de nossa amiga Nathália, minha mãe estava com o novo namorado e meu irmão e a namorada saíram sem hora para voltar. Fui para a cozinha, eu precisava comer, aliás, eu tinha apetite para quatro agora. Meu telefone vibrou no bolso. Droga! É ele! Peguei o celular e vi que havia uma mensagem de Mira.

Mensagem: Oi Lari, sei que nós não andamos nos dando muito bem mas eu queria saber se você pode vir até a praça aqui perto da sua casa. Eu preciso te dizer uma coisa muito importante. Já estou aqui, to te esperando.

Ótimo. Ela já havia tentado roubar o Caíque de mim, agora queria também o meu tempo e a minha paciência. Não respondi. Apenas me troquei e fui até lá. Era bem perto, então fui andando. Quando cheguei lá, não foi difícil reconhecer Mira. Ela estava bem perto da entrada sentada em um banco com o celular na mão e visivelmente impaciente. Me sentei ao seu lado, e fiquei olhando para frente. Haviam muitas crianças brincando, estava bem iluminado, uma visão familiar e encantadoramente encantadora.

- O quê você quer? - desviei meu olhar para o rosto dela.

- Eu soube que você está grávida.

- E daí? - arqueei as sobrancelhas e a encarei.

- Quem é o pai dessa criança? - Até parecia que ela não sabia.

- O Caíque, obviamente. Mas porquê disso? - sorri cinicamente.

- Você não é a única. - ela disse e olhou para a própria barriga.

- Não sou a única à o quê? - balancei a cabeça. - Diz Samira.

- Eu... - ela suspirou e olhou em meus olhos fixamente- Eu também estou grávida do Caíque, estou de três meses.

Não era possível. Ele não estava fazendo isso comigo. Como ele pôde? Estivemos juntos sob proposta de casamento, e ele fez isso comigo. Era inacreditável. Mesmo que ela estivesse mentindo, não seria em vão. Ela sabia que iria mexer comigo, que eu iria acreditar. Ainda me lembro bem da vez em que liguei para Caíque e ele estava com ela, do dia na praia... Realmente, os fatos davam à entender que tudo aquilo era verdade. E três meses... Um mês à mais que eu, e mesmo assim, eu ainda estava com ele. Eu recuperei o ar que já me faltava, levantei-me do banco e caminhei de volta para casa sem nem ao menos dizer algo à respeito.

Ela queria confusão. Queria que eu gritasse, chorasse e dissesse coisas terríveis. Mas não foi bem assim. Eu nem se quer derramei uma lágrima. E foi um espanto até para mim. Quando já estava em casa, eu decidi que tudo então iria mudar. Peguei meu celular e liguei para Igor, não que eu quisesse usá-lo para me dar autoestima mas, eu sabia que nele havia a paz e o conforto que eu precisava.

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