Capítulo 29

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              Ainda naquele mesmo dia, eu comi mais do que devia. Eu deveria ser um exemplo, provavelmente, quando meus filhos crescerem Caíque vai jogar isso na minha cara toda vez em que eu repreende-los por gula. Ok, isso é pecado. Mas na existe nenhum santinho no mundo.

     — Por mais que eu ame ser pai, espero que não esteja grávida de novo. — Caíque disse rindo enquanto eu lavava a boca após vomitar.

     — Não enche, Caíque. — dei um tapa em seu braço e fechei a torneira — Paulo já foi embora?

     — Argh! Porque você não pode arrumar um amigo que não seja o meu? — ele se encostou no batente da porta e cruzou os braços.

     — Porque se você já sente ciúme do SEU amigo, imagine se eu arrumar um qualquer. — encostei o corpo contra a pia do banheiro e o encarei.

     — Isso é verdade. E não, Paulo ainda não foi embora. — sorri e mordo o lábio inferior — E se você estiver grávida, não quero que ele seja o primeiro a saber.

     — Eu, não, estou, grávida, Caíque. —pronunciei palavra por palavra antes de sair daquele banheiro e dar de cara com Bea e Nathan se beijando no corredor.

              O corredor não era tão estreito. Mais como Bea tinha uma barriga enorme (grande até demais para quem carregava apenas um bebê), e Nathan tinha que manter uma certa distância para não esmagar o próprio filho, sobravam então no máximo trinta centímetros de passagem. E nem mesmo de lado eu passaria. A barriga encolheu, mas os seios não.

     — Vem cá, vocês podem ir se beijar em outro lugar? — eu disse rindo.

              Os dois logo se soltaram e Nathan encostou na parede ao lado de Bea ambos sorrindo. Antes de passar de mãos dadas com Caíque, me aproximei do ouvido de Bea e sussurrei: "estou muito feliz por vocês três.", eu sabia que eles seriam uma família linda.

              Logo estávamos na sala de estar. Realmente era uma casa linda. Quem sabe um dia nós não tivéssemos uma parecida?

     — As crianças estão com a minha mãe? — Caíque perguntou passando o braço sobre meu pescoço.

     — Estão.

     — Então acho que a gente pode aproveitar um pouquinho, não é? — ele me puxou para mais perto e me olhou malicioso enquanto mordia o lábio inferior.

     — De jeito nenhum, Caíque Patti da Gama! Estamos na casa dos seus pais. Será que dá pra se comportar por um segundo? Você está parecendo o Nathan. — rimos.

     — O quê tem eu aí, seus fofoqueiros? — Nathan e Bea adentraram na sala.

     — Cadê o Paulo? Só falta ele pro grupinho ficar completo. — Bea perguntou se sentando no sofá com dificuldade e a ajuda do Nathan.

     — Falando no diabo... — Caíque apontou para a porta por onde Paulo e Nathália entravam.

     — Diabo com cara de anjo, só se for. — Nathália riu.

     — Mas de anjo esse ai não tem nada. — Nathan o jogou uma almofada e se sentou ao lado de Bea.

     — E você tem? Se não fosse a Bea, estaria de ressaca dormindo naquele quarto que parece mais um moquifo. — Paulo abraçou Nathy.

              Engraçado. Os únicos que mantiam praticamente a mesma altura eram Bea e Nathan. Paulo e Nathy, Caíque e Eu, somos exemplos de casais formados por anãs e postes. A cabeça de Nathy bate exatamente abaixo dos mamilos de Paulo e a minha nos ombros de Caíque. Quando somos abraçadas, parecemos mais bonecas de pano. O que torna ainda mais fofo.

     — Eu duvido muito que ele tenha coragem de fazer isso novamente. Eu arranco o pinto dele! — Bea cruzou os braços e disse séria.

              E nós ficamos conversando sobre o quanto nossas vidas haviam mudado. Nas loucuras que andávamos fazendo e o início do namoro de Nathy e Paulo. Pelo visto, eles iam bem.

              Eu acho que nunca estive tão bem. Depois de tanto sofrimento, eu finalmente estava tendo meu dia bom. E é esse o dia, esse dia bom, esses momentos maravilhosos, que eu nunca vou me esquecer. E sentada ali, ao lado das pessoas que amo, eu percebi ainda mais que nada mais importava, nem o que era importante.

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