Capítulo 34

122 9 4
                                    

              Eu me vestia rapidamente após aquele "banho". Sabe quando você sente um aperto no coração? Como se algo ruim estivesse acontecendo? Então, era assim que eu me sentia.

     — Amor? — olhei para ele enquanto terminava de fechar meu sutiã — Você tá bem?

     — Não. — suspirei e fechei os olhos.

     — Vem cá. — ele se sentou na ponta da cama esticou a mão para mim. Eu a segurei e me sentei em seu colo, ele passou a mão pelo meu rosto e me deu um beijo no ombro — Fala pra mim o que tá acontecendo.

     — Eu estou com um aperto no coração. Como se algo ruim fosse ou estivesse acontecendo... — passei a mão por seu pescoço ainda vermelho.

     — Como o quê?

     — Eu não sei. E é com isso que eu me preocupo. E se for alguma coisa com a Bea, minha mãe, Dinho, meu pai ou sei lá, um dos nossos filhos... — respirei fundo e controlei a vontade de chorar.

     — Ei? Fica calma. Tá tudo bem. Quer ir lá ver as crianças? — assenti enquanto ele acariciava minhas costas — Então levanta, vamos lá.

              Me levantei e ele fez o mesmo. Vestiu sua camisa e foi andando comigo até o quarto das crianças. Já do corredor eu podia ouvi-los chorar, isso era como um tormento. A gente sofrer ao ver nossa mãe chorar, mas você não sabe o quanto dói ainda mais ver nossos filhos chorarem. Sabe aqueles momentos em que você sente como se estivesse pisando em uma bomba? Era assim que eu me senti assim que abri a porta.

              Havia uma macha vermelha no colchão do berço de Júnior. E aquilo foi como uma facada no peito. Minha mão instantaneamente foi a boca enquanto eu sentia meu corpo ficar mais leve a cada batida acelerada de meu coração. Caíque correu até o berço tomando o pequeno nos braços e também espantado. Ele devolveu o bebê para o berço e caminhou até a mim. Eu não posso perder o meu filho. Só então eu percebi que sua mão estava com o sangue de nosso filho, e aquilo foi como outra facada.

     — Vai pra sala e liga para a emergência. — ele me sacudiu e eu assenti chorando.

              Corri até a sala e sabe quando você precisa urgente de alguma coisa e ela simplesmente evapora? Foi isso o que aconteceu com o telefone naquele momento. Comecei a procurar pela sala feito louca, mesmo com a visão turva pelas lágrimas. E assim que o achei, disquei os três números.

     — Alô. Qual é a sua emergência?

     — O meu filho... O meu filho tá sagrando, ele só tem dois meses e eu... — senti as mãos de Caíque tomarem o telefone de minhas mãos.

              E só. Mas nada.

31Onde histórias criam vida. Descubra agora