Capítulo 36

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              Ver Bea e Nathan praticamente correndo até a mim por aquele corredor imenso do hospital, foi como achar um pontinho de luz no final do túnel. Ela sempre me acalmou muito, me deu forças, me manteve aqui, na realidade. Mesmo que fosse a mais dura possível, como a de então. Poderia estar sofrendo, mas estava bem.

     — Ai meu Deus, Lari, você tá bem? Cadê o Júnior? — ela me abraçou e logo me soltou me olhando assustada.

     — E-eu... — nada saía.

              Eu parecia uma criancinha assustada. Precisava manter a calma, precisava entender que ele ia ficar bem. Que tudo aquilo era apenas um pesadelo, mas já ia passar.

     — Caíque? — ela olhou para ele afim de saber a resposta, já que eu não conseguia dizer.

     — Vamos conversar ali. — ela assentiu e me deu um beijo na testa.

     — Vai ficar tudo bem, eu prometo. — ela olhou nos meus olhos e disse firme.

              Eu forcei um sorriso visivelmente falso e vi Nathan se por no lugar onde antes ela estava. Ele segurou a minha mão e me abraçou forte. Se sentou em um espaço vago do sofá sem me soltar e sentia sua mão massagear minha nuca, enquanto eu chorava com a cabeça em seu ombro.

     — Tenta ficar bem, tente não chorar. Vai ficar tudo bem, você vai ver. — ele tentava me consolar.

     — Você acha? — perguntei o olhando.

     — Eu tenho certeza. — ele abriu aquele grande sorriso lindo.

. . .

     — Lari? — Bea se aproximou.

              Eu estava mais acalma, ainda estava com aquela cena fixada em meus pensamentos, mas, com a cabeça deitada no ombro de Nathan sentindo sua mão fazer movimentos circulares em meu ombro eu estava me sentindo melhor. Fitando aquele piso branco que parecia nunca ter sido pisado, a voz de Bea me distraiu de meus pensamentos.

     — Vamos conversar? — ela segurou minha mão e se sentou com um pouco de dificuldade por sua grande barriga, assenti com a cabeça me preparando para ouvir tudo o que ela tinha para me dizer — Olha, está tudo bem com o Júnior agora. Os médicos disseram que ele sofreu uma perfuração no abdômen, foi quase em cima do fígado, mas por sorte ele está bem agora.

     — Perfuração? Mas como assim ele foi...?

     — Esfaqueado. — Bea completou.

     — Mas ele é só um bebê! Como puderam fazer isso com um bebê, com o meu bebê? — falei sentindo o choro invadir minhas falas.

     — Larissa, calma, calma. — ela passou a mão pelo meu rosto — Você viu ou ouviu alguma coisa estranha? Como alguém entrando no apartamento ou algo assim...?

     — A gente estava tomando banho. Não vimos ninguém. — Caíque se sentou ao lado de Bea.

     — Juntos? — ela arqueou uma sobrancelha.

     — Juntos. — respondemos em um uníssono.

     — Entendi porque não ouviram e não viram nada, estavam muito ocupados. — ela riu brevemente e continuou — Precisamos descobrir o que aconteceu.

              Realmente, nós precisávamos descobrir o que aconteceu e quem fez isso. É apenas um bebê, o meu bebê.

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