Capítulo 17 - Correr atrás

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Muitas pessoas foram me visitar no meu último dia naquele hospital. Mas as duas visitas mais preciosas que tive foram a de meu pai e Bea. Eles chegaram juntos, Bea tinha ido levar algumas para mim e os bebês.

- Oi... - ela sussurrou abrindo a porta - Olha quem veio visitar vocês.

Meu pai estava logo atrás dela, sorrindo e com três caixas de presentes enormes entrando no quarto. Só então eu percebi que Bea estava com uma mochila nas costas, a minha mochila!

- O quê é isso gente? - ri.

- Presentes pros meus netinhos. - ele colocou as caixas em um canto do quarto e foi em direção aos bercinhos - Eles são tão lindos, filha.

- São filhos do Caíque Gama, pai. - Bea explicou - Com todo respeito, é claro.

- Vou ignorar isso. - revirei os olhos - Eu posso ver os presentes?

- Não. Só quando vocês estiverem em casa. - ele sorriu - Vocês são tão fofinhos!

E eu e Bea ficamos rindo das brincadeiras de meu pai. Minutos depois, ele teve que ir embora. Digamos que a China não é tão perto quanto imaginamos.

Estávamos nós duas, quatro crianças e um assunto que parecia nunca acabar. Principalmente o assunto Nathan. Eu ainda achava errado ela não contar à ele sobre a gravidez. Nathan não é tipo de homem que se negaria ou não gostaria de ser pai. Ele sempre foi tão carinhoso e legal, seria um pai maravilhoso. O problema era tentar colocar isso naquela cabeça dura da Beatriz.

- Poxa, Lari, eu já disse que não! - ela me olhou firme - Será que você pode respeitar a minha decisão?

- Claro que posso, mas eu tenho que respeitar o direito do meu amigo saber que é pai e você também tem. - expliquei.

- Você não vai contar nada. Não é? - suspirei - Larissa, eu sou sua irmã! Presta atenção no que você vai fazer.

- Exatamente, eu sou sua irmã. Estou querendo te ajudar. Eu também pensei que o Caíque não fosse gostar da idéia de ter três filhos de uma vez só, e olha onde estamos. Ele ficou ainda mais feliz do que quando contei que estava grávida.

- O Caíque é o Caíque, o Nathan é o Nathan. Você é você, e eu não vou contar. - ela revirou os olhos - Posso contar com você? O Nathan não pode saber que eu estou grávida dele.

- O quê o Nathan não pode saber? - Nathan entrou no quarto nos pegando de surpresa.

Nossos olhares logo se dirigiram para ele e a garota que o acompanhava. De fato, a nova namorada dele. Com as mãos dadas, eles entraram naquele quarto de hospital olhando fixamente para Bea que colocou as mãos sobre a barriga, como se fosse possível esconder. Nathan olhou para suas mãos, e logo deu conta de que sua barriga estava enorme e fora do normal.

- Nada. - ela mentiu.

- O quê houve com você? Com a sua barriga? - ele perguntou confuso.

- Está inchada. - ela se levantou da cama e cruzou os braços olhando para eles dois.

- Inchada? Assim? Isso parece uma barriga de... - e o olhar de Nathan se dirigiu para mim.

Ele já havia entendido tudo. Não tinha mais como esconder. Sorri para ele que tentou conter seu enorme sorriso, porém, foi uma falha tentiva. Eu sabia que aquela seria a reação dele. Eu sempre soube.

- Você tá grávida?! - ele soltou a mão da tal garota e foi caminhando lentamente até Bea.

- Estou, e aí? - ela arqueou as sobrancelhas e fingiu não se importar.

- Ai meu Deus! - ele a abraçou deixando-a sem reação - Isso significa que eu vou ser...

- Me solta Nathan! - ela interrompeu empurrando ele e saindo do quarto.

Ele me olhou confuso, parecia não ter entendido nada. Eu apenas assenti com a cabeça como se estivesse dando permissão para ele ir atrás dela. E foi isso o que ele fez.

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