Capítulo 27

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     — Não precisava fazer isso, eu sou pesada. — disse sonolenta enquanto ele me colocava com cuidado sobre a cama.

Se alguém
Já lhe deu a mão e não pediu mais nada em troca
Pense bem
Pois é um dia especial

     —  Não queria te acordar, mas se dormisse no sofá ia ficar com dor na coluna. — ele puxou a coberta e eu me encolhei entre a cama e o tecido grosso e caloroso.

     — Já disse que te amo?

     — Já. Um milhão de vezes. — ele sorriu e me deu um beijo na testa — Volta a dormir.

     — Só se você vir dormir comigo. — chantageei.

     — Bem que eu queria, mas... — fiz gestos com as mãos para que ele terminasse sua frase — Mas eu preciso ir ver a Jade.

Eu sei
Não é sempre que a gente encontra alguém
Que faça bem
Que nos leve desse temporal

              Ok. Não vou ficar com raiva por causa de uma criança. A culpa não é dela. O safado da história foi o Caíque (e por uma parte, a Samira também, mas como eu não tenho nada haver com isso, deixe ela para outra ocasião), e eu não podia culpa-lo.

O amor
É maior que tudo, todos
Até a dor se vai
Quando o olhar é natural

              Na verdade, até podia. Mas no dia em que eles se juntaram para fazê-la, estávamos brigados. O que o deixou irritado e fez com que esfriasse a cabeça dessa forma. Eu não ligo. Não ligo se ele tem um, dois, três, quatro ou até mesmo um milhão de filhos fora do nosso relacionamento. Nós estamos juntos, e isso é o que me importa. 

Sonhei
Que as pessoas eram boas em um mundo de amor
E acordei
Nesse mundo marginal

              Desde aquele dia lá no Teatro, eu aceitei entrar nisso. Aceitei estar com ele em todos os momentos. Se ele nunca desistiu de mim, porque eu desistiria dele? Ele é o amor da minha vida, seja lá o que ele tenha feito, sempre vamos viver o presente. E o presente é o nosso amor.

     — Tudo bem. — forcei um sorriso e entrelacei nossos dedos — Dá um beijinho nela e na Mira por mim.

     — O-o quê? — ele me olhou assustado porém com um pequeno sorriso se formando nos lábios.

     — Você me ouviu. Agora vem cá e me dá um beijo, antes que você vá e me abandone. — o puxei e lhe dei um beijo.

     — Nunca, meu amor, nunca. — ele sorria enquanto me dava selinhos — Vou me arrumar.

              Ele se levantou e começou a se arrumar. Eu continuei deitada em minha cama, em uma posição confortável, sendo aquecida pelo grosso cobertor e com a mente e a alma leves. Eu sabia que aquilo era o certo, apesar de uma parte de mim estar se correndo em ciúmes.

Mas se te vejo e sinto o brilho desse olhar
Que me acalma e me trás força para encarar tudo

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