Capítulo 70

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Com a surpresa pronta, tomei banho, me arrumei e me sentei na cama da forma em que eu planejei. Um vestido branco, tênis bege e alguns acessórios. No chão do apart-hotel, fotos do Caíque quando pequeno, faziam trilha até o quarto. Na porta de entrada, a do dia de seu nascimento, e na porta do quarto, a do meet em que nos conhecemos. Todas as fases de Caíque estavam ali, fazendo-o lembrar de todos os seus melhores momentos, sua infância. No quarto, haviam mais fotos. Misturadas com umas minhas, que também me fizeram lembrar de tudo o que vivi. Ouvi o barulho da porta se abrindo e Caíque desligando o telefone após uma conversa. Os passos de Caíque pareciam cada vez mais próximos, e sua risada aumentava de acordo com as fotos e a proximidade em que ele chegava perto da porta. Eu estava nervosa. Sabia que uma hora esse momento iria chegar, mas nunca imaginei que seria tão rápido. Quando os passos que Caíque dava, foram ficando cada vez mais altos, me apoiei na cama e me levantei devagar. Parei em direção à porta. Sabia que Caíque estaria emocionado, então seria melhor que eu contasse de vez. E então, ele abriu a porta. Talvez pensasse que seria outra pessoa ali. Caíque ficou me olhando, eu juntei as mãos, fechei os olhos e abri a boca para suspirar. Ele estava com os olhos cheios de lágrimas, e parecia confuso. Ele sabia que eu queria dizer algo importante, e já imaginava o quê. Mas era precipitado demais dizer algo agora. E então ele ficou me olhando, parado na porta. Esperando que eu dissesse algo. E tudo o que eu consegui dizer foi:

- Tô grávida! - e fechei os olhos.

Logo senti Caíque. Ele me abraçava mais apertado do que nunca. Me deixando apavorada e ao mesmo tempo feliz. Nunca imaginei essa reação, ele sorria e ria. Como o Caíque de sempre. Parecia a pessoa mais feliz do mundo. Como se tivesse ganhado na loteria, e eu me senti privilegiada por estar com ele naquele momento.

- Isso é sério mesmo? - ele me olhou sorridente, não consegui dizer nada e só assenti com a cabeça. Caíque estava alegre demais para que eu conseguisse dizer qualquer coisa que pudesse estragar aquilo. Então me calei. - Meu Deus! Eu vou ser... Eu vou ser pai! - ele disse se ajoelhando, e pondo sua cabeça na altura de minha barriga como se pudesse abraçar o bebê. - Ei? Eu sou seu pai sabia?

- Caíque, para. - disse rindo e passando minha mão sobre a cabeça dele. Pude sentir suas mãos segurarem minha cintura para que eu não saísse daquela posição.

- Não seja estraga prazeres. Estou falando com o meu filho. - ele beijou minha barriga e a abraçou novamente.

- Como você sabe que é menino? - olhei esmagadoramente.

- Eu sinto. E se for menina, não tem problema. Logo a gente faz um irmãozinho pra ela. - ele se levantou e me abraçou, pus meus braços em volta de seu pescoço, e suas mãos continuavam em minha cintura. - Obrigado, sério.

- Eu não fiz nada. Foi o nosso amor. - sorri.

- Eu te amo. Muito. - Caíque olhava em meus olhos, me fazendo chorar. - Esse é o melhor presente que alguém já me deu. Não chore por isso.

- Não estou chorando por isso. Estou chorando por quê eu estou completamente apaixonada por você. E porque eu vou ser mãe. Vai doer, eu não sei se estou pronta. Mas eu sei que vai dar tudo certo, porque vai ser com você. - sequei as lágrimas e não desgrudei nossos olhos nem por um segundo.

- Claro que vai dar tudo certo. Vamos estar juntos, amor. E não importa se vai doer, vou estar do seu lado. E não vou deixar que nada aconteça com vocês. - ele me beijou, me trazendo para mais perto, e me deixando cada vez mais apaixonada.

Depois do beijo. Nos sentamos na cama e ficamos falando sobre mil coisas de bebê. Caíque me contou sobre a sua infância e eu contei sobre a minha. Depois arrumamos as coisas e guardamos as fotos. Dormimos juntos e Caíque disse que iria sonhar com o rosto do nosso filho. E que ele iria se parecer comigo. Ele é muito fofo. E acho que ser pai foi a melhor coisa que o aconteceu. Ele ficou tão feliz e tão bobo. Quis dormir abraçado comigo, disse que ficaria mais perto do bebê. E eu respeitei sua vontade. Aliás, não é todo dia que ele fica fofo comigo desde jeito. E nada mais ali importava, nem o que era importante.

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