Capítulo 42

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     — O que diz aí? — Samira perguntou a Caíque que continuava imóvel.

     — Amor? — peguei em sua mão e ele continuou imóvel — Caíque você está me assustando.

     — À mim também. — Samira disse tomando os papéis das mãos de Caíque.

              Ele estava pálido, aquilo estava me deixando cada vez mais assustada. Sacudi ele e de repente seu olhar cruzou com o meu.

     — Caíque? O que foi, meu amor? — passei a mão pelo seu rosto.

     — Negativo. — ele respondeu e eu senti meu corpo relaxar.

              Passei todo esse tempo achando que Jade era filha dele. Achando que além de ter sido traída, ele me daria um fruto para que sempre me lembrasse disto. Aquilo me doía muito e parecia que parte daquele peso havia saído de mim.

     — Deu negativo. — ele continuava estranho e me olhando.

     — Oh meu Deus. — suspirei.

     — Então isso significa que... — Igor disse see levantando e sorrindo.

     — A Jade é filha do Paulo. — ela completou de cabeça baixa.

              O QUÊ? Como assim? Paulo?

              Caíque olhou para ela boquiaberto assim como eu, seus olhos logo estavam encharcados de lágrimas que não demoraram muito tempo para que começassem a sair.

     — Me desculpe... — ela sussurrou — Caíque... Por favor, me desculpe.

     — Como assim "filha do Paulo"? — Caíque perguntou segurando firme no pulso de Samira.

     — Caíque... — tentei puxa-lo para perto de mim.

     — Fica na sua Larissa! — ele praticamente gritou.

              Eu entendia que ele estava nervoso. Mas não entendia o porque daquela reação. Qual é o problema em Jade ser filha do Paulo? O que Caíque tem haver com isso?

     — Senhores, vou pedir que se retirem daqui por favor. — um segurança puxou Samira para longe de Caíque.

     — Caíque, vamos. — comecei a puxa-lo pelo braço para fora da clínica.

     — Pera aí, me solta. Ela vai ter que me explicar isso!

     — CAÍQUE, PELO AMOR DE DEUS, CALA ESSA BOCA E VAMOS EMBORA DAQUI! — gritei e ele me olhou assustado saindo comigo em seguida daquela clínica.

              Soltei o braço dele assim que chegamos à parte de fora da clínica. Ele estava vermelho e visivelmente com raiva. Aquilo estava me fervendo o sangue e eu queria gritar com ele até entender o que estava acontecendo.

     — Porra! — Caíque chutou a lixeira próxima a porta.

     — Caíque para! — pedi.

     — Parar? Ela me fez passar esse tempo todo acreditando que a Jade era minha filha sabendo que era filha do Paulo e você me pede para parar? — ele gritou se aproximando de mim e me agarrando pelos braços.

     — Caíque a gente está no meio da rua, me solta agora. fechei os olhos e disse ríspida sentindo ele me soltar.

     — Porra, o Paulo é meu amigo! Como ela pode fazer isso?

     — Mas o que é que você  tem com isso? — perguntei me virando para encara-lo.

     — Ela disse que o filho era meu.

     — Você não está incomodado com quem é o pai dessa criança. Você está incomodado por ela ter transado com o Paulo. Confessa vai. — cruzei os braços.

     — É, eu estou incomodado com isso sim. Ela deu para ele, Larissa, ela deu! Ainda engravidou dele e veio jogando em cima de mim. E o filha da puta não me contou! — ele gritou.

     — Ei? Não fala assim do Paulo! — o repreendi.

     — Porque não? Vai defender ele agora? — ele disse se aproximando.

     — E eu vou sim. E aí? — coloquei as mãos na cintura e o encarei.

     — Defende mesmo. Ele tá certo. Eu estou errado. Eu fui o enganado e ele é o santinho. Gosta de brincar de advogada é? Então brinca mais. E o que você ganha com isso? Por algum acaso você tá comendo ele como pagamento? — ironizou me olhando nos olhos e eu senti os meus arderem e as lágrimas começarem a me tomar.

     — Para com isso... — sussurrei já aos prantos.

     — É o que hein, chorona? Vai negar que também deu para ele? Acha que eu sou idiota? Acha mesmo que eu acreditei nessa história de que ele é seu "melhor amigo" ? Eu tenho cara de idiota agora? Vai me responde! — ele falava em alto e bom som para que todos que passassem por ali ouvissem.

     — É CAÍQUE! Eu dei mesmo! — menti, só para irritar mesmo — E o que você vai fazer hein? Vai me bater? Ou você vai deixar de ser covarde e correr para a Samira toda vez que a gente brigar?

              Eu estava pronta. Pronta para apanhar do homem que amo. Mas ele simplesmente me olhou assustado. Acho que da mesma forma que eu, ele nunca imaginou me ouvir dizer aquelas palavras horríveis.

     — Eu não acredito que você falou isso. — ele disse baixo me olhando nos olhos.

     — Pois é, eu também não acredito que você está desse jeito por saber que o seu amigo pegou a mesma garota que você usou para me trair. — limpei o rosto e fui caminhando em passos largos até o ponto de táxi mais próximo.

              Por sorte, tinha um táxi parado lá. Entrei no mesmo e vi Caíque correndo atrás do carro assim que o motorista deu a partida. Eu estava partida.

              Se nós não nos encaixavamos antes, imagine como seria a partir de então?

              Eu fiz tudo errado. Além de mentir, acabei com tudo. Caíque jamais me perdoaria. Era para estarmos felizes, mas tudo está dando errado agora.

              Pra mim, nada mais importava. Nem o que era importante.

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