Capítulo 89

120 14 0
                                    

Quando cheguei no quarto, logo peguei o celular. Abri a agenda e fiquei encarando o número de Caíque. Acho que 6823 nunca doeu tanto quanto agora doía por ser os últimos quatro dígitos do número dele. Então, eu tomei coragem e liguei.

- O quê você quer? - ele disse assim que atendeu.

- Te pedir desculpas... - disse secando uma lágrima que escorreu pelos meu rosto.

- Você não podia ter feito isso comigo, tem noção de como eu fique preocupado com você?

- Eu sei, me desculpa! Eu vou te explicar tudo. Mas por favor, vem me ver. Nós temos que conversar.

- Realmente, temos que conversar. - ele disse ríspido. - Não posso ir na sua casa, mas eu vou ir pro Rio amanhã, sabe onde fica o hotel Sofitel?

- Sim, que horas?

- Umas dez da manhã, vai com a Bea. Nathan vai estar lá.

- Ok, eu te amo.

- Tá, tchau. - ele desligou.

E a frieza dele doeu bem mais do que eu imaginei que doeria. Mas eu não podia reclamar, evitei ele esse tempo todo. Ele tinha todo o direito de me tratar desta forma.

Passei a noite toda chorando, e quando acordei, meus olhos e rosto estavam imensamente inchados. Mandei mensagem para Bea, avisando onde estaria e que ela deveria nos encontrar.

Às nove e meia, eu já estava na Orla de Copacabana esperando Bea, fiquei sentada em um banco olhando a hora descontrolamente no celular. Parecia que o tempo não passava, ela não chegava, ele não ligava, tudo parecia dar errado. Então, resolvi caminhar um pouco pela praia.

Enquanto eu caminhava, pensei bastante sobre tudo o que eu tinha vivo. Foi uma aventura incrível. Sabe, não é todo dia que um ídolo se apaixona por uma fã. Ou talvez seja, e eu nem mesmo percebi. Mas o que realmente estava em jogo, eram dois corações e não dois títulos sociais. Acima de tudo, éramos duas pessoas, assim como qualquer outro casal.

Tínhamos brigas e reconciliações, momentos bons e ruins, de raiva e de puro romantismo. Mas, o que não entrava na minha cabeça era o porque de tudo aquilo estar acontecendo comigo. E logo comigo. Logo eu que não sei lidar com nada, nem sentimentos, suposições, hipóteses, crenças, momentos e nem muito menos fatos. E ele...

O Caíque nunca foi uma pessoa fácil. Ele tem esse jeito durão, mas é sensível, eu sei que ele é. E eu sei, que é exatamente por sermos diferentes, que nos amamos. Parece que foi aquela velha história de amor impossível, eu jamais imaginei que isso aconteceria. Quando eu dizia que ele era meu, que eu estava apaixonada, tudo isso foi coisa de fã. Mas, de uns tempos para cá, vinha sendo a mais pura verdade. Eu não me importava mais se ele era o Caíque Gama ou o Zezinho Da Padaria. Ele poderia ser uma pedra, uma estátua, ele continuaria sendo ele, continuaria sendo o cara que eu amo, continuaria sendo meu, continuaria sendo a minha paixão.

31Onde histórias criam vida. Descubra agora