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Capítulo 32

              Acordei com o barulho da água do chuveiro caindo no chão do box. Por um lado, me senti aliviada por saber que Caíque havia chegado, mas por outro me senti estranha por não ter notado antes.

              Apertei os olhos fortemente, puxei a coberta para cima da cabeça, ficando completamente embaixo dela. Estava um frio assustador, e eu encolhida ali embaixo. Por sorte, nenhuma das crianças chorou durante a noite e eu pude dormir tranqüilamente. Mas espera, que horas são?

              Ouvi um olho suspiro, o barulho da porta e os passos de Caíque pelo quarto. Assim que a porta do guarda-roupas se abriu, resolvi chamar por ele.

     — Caíque? — chamei ainda sonolenta.

     — Oi. — ele respondeu seco.

     — Que horas são? — bocejei apertando as mãos entre as pernas.

     — Sete e alguma coisa. — ele respondeu e eu abaixei a coberta dando de cara com o sol invadindo o quarto.

              Olhei para Caíque e ele vestia uma samba-canção e eu cheguei a estranhar. Tudo bem, algumas noites ele dormia assim. Mas, já era de manhã. E eu juro não ter sentido ou ouvido ele chegar ou se deitar na cama. Logo ele caminhou até a cama, me deu um beijo na bochecha e se deitou.

     — Ué? Vai dormir de novo? — passei a mão por seus cabelos.

     — Eu nem dormi. — que?

     — Que horas você chegou?

     — Faz umas meia hora. — ele fechou os olhos e puxou a coberta um pouco para si.

     — Onde você estava?

     — A gente pode falar sobre isso depois? Eu quero dormir. — ele disse enfiando a cabeça no travesseiro.

              Não respondi. Sério, brigar com ele era a última coisa que eu queria naquele momento. Levantei-me da cama indo diretamente para o quarto das crianças. Me surpreendi ao encontrar Lia acordada. Balançando os bracinhos para o alto. Foi impossível evitar sorrir assim que vi aquele sorrisinho ainda sem dentes lindo se abrir quando me viu. Tudo nela é tão lindo. Ela é tão linda. Como diria meu pai: " essa vai dar trabalho".