CAPÍTULO 31

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Existem momentos na vida, que na hora, nós não damos o valor que ele merece. Mas, assim que ele acaba, sentimos o quanto foi especial.

Eu ainda não havia me dado conta de que tudo, tudo mesmo depois de que conheci Caíque foi especial. Cada lágrima que derramei, escreviam o destino que eu agora traço. Esse destino tão lindo, esse destino que agora compartilho com os quatro grandes amores da minha vida.

Hoje olho para trás e penso: como eu consegui viver sem eles? Se eu soubesse que eles fariam parte de minha vida desta forma, eu teria construído uma máquina do tempo e pularia tudo apenas para reviver o que vivi hoje. Até então o dia mais incrível de todas as minhas duas décadas.

Voltar para o meu lar e ver o rosto daquelas crianças lindas, todo santo dia, é a coisa mais feliz de todo o santo dia. Porque todo santo dia, é santo quando se tem amor.

- Eu acho que vou... - olhei para trás e ouvi Caíque sussurrar: shii...

Coloquei uma mão na boca tentando segurar a risada. Ele tinha Gabriel em um braço e Lia no outro, uma bolsa de bebê no ombro direito e uma mochila no esquerdo. Fechava a porta com o pé e seu jeito atrapalhado só o fazia sorrir. Coloquei Júnior - que ainda estava no bebê conforto - em cima da mesinha de centro e peguei as duas crianças dos braços de Caíque. Mesmo com dois meses, eles eram ainda tão pequenos que me faziam lembrar das bonecas que joguei fora por me considerar grande demais para brincar com elas.

Acho que agora ao invés de brincar de casinha, eu moro em uma. Ao invés de ninar bonecas, nino meus filhos. Ao invés de encostar as bocas de plástico de Barbie e Ken, beijo meu futuro marido.

Isto é bem louco, quando você vê fora do lado romântico. Eu larguei tudo para estar aqui. Larguei tudo para ter essa vida e poder dizer que eu pude largar tudo e mesmo assim ser feliz. Porque ser feliz, não requer apenas a sua - ou a minha, em questão - felicidade. Requer a felicidade de todos o que ame.

Como... Eu jamais seria feliz, se Bea não fosse feliz, se Nathy não fosse feliz, se Paulo não fosse feliz, se Nathan não fosse feliz, se Dinho não fosse feliz, se minha mãe não fosse feliz, se meu pai não fosse feliz, se meus sogros e meus cunhados não fossem felizes, se Igor não fosse feliz, se Lia, Gabriel ou Júnior não fossem. Se Caíque não fosse.

Ainda sabendo que ele está se corroendo por dentro pelo desaparecimento repentino de Jade e Samira, ele faz de tudo para se distrair. E acredite, eu sei o quanto ele está feliz. Sei decifrar aquele olhar, sei decifrar aquele sorriso.

Posso não saber quantas estrelas tem no céu. Posso não saber qual o tamanho exato da Lua. Posso não saber quanto tempo levaria para contar todos os grãos de areia de uma praia qualquer. Posso não saber quantos litros de água tem nos sete mares. Mas eu sei, que eu o amo com todas as forças.

Amo aquele homem como nunca amei ninguém. Amo, como se ele fosse a minha última gotícula de oxigênio. Amo como se fosse a última coisa que me restou. E eu sei que esse amor é eterno.

- Quer que eu coloque eles no berço? - Caíque perguntou passando a mão pela cabeça de Lia.

- Não. Eu coloco. Vai se arrumar, você tem uma festa pra ir. - dei um beijo em sua testa e peguei as crianças as colocando no bebê conforto.

- Tem certeza de que não vai? - ele me questionou enquanto eu me levantava.

- Tenho. Não há como deixar as crianças sozinhas. Eu vou ficar. - sorri e ele também - Vou levar eles.

Segurei nas barras e ergui meus pesados. Cada segundo que passo com eles, me apaixono casa vez mais. Talvez seja coisa de mãe, mas, sinto que eles são minha prioridade até que eu esteja morta. Mas como Deus é bom, isso não acontecerá nem tão cedo. Preciso de mais tempo para cuidar e acompanhar o crescimento dessas coisinhas lindas.

Coloquei cada um em seus berços e puxei uma cadeira para mais perto. Já que os berços ficavam em um formado curvo, acabei ficando no meio. Bem de frente para o berço de Lia e ao lado dos de Gabriel e Júnior. Os encarei por alguns segundos, e pensei em como havia chegado à aquele momento. Até que - mesmo não sendo tão boa com isso, quando o pai e os tios deles - eu resolvi cantar.

- Watchin' you baby, oh baby, oh baby. Reminiscin' of me and you baby, oh you baby, oh you whoa. So if you want me baby let me know, and if you miss me lately let me know. I'll be there in a New York minute, New york minute. Dah dah dah dah...

E eu conseguia ver novamente a cena de Igor cantando para Ton. O que me deixou ainda mais feliz e emocionada. Aquilo realmente era o que eu queria.

- Você podia ter cantando uma música da Fly, quero ver eles se familiarizarem com o som do pai. - Caíque sussurrou colocando as mãos sobre meus ombros.

- Deixa de ser implicante. - sorri - Eu gosto dessa música, me acalma.

- Você me acalma. - olhei para ele e encontrei o sorriso mais lindo de todos - Eles são tão lindos...

- É, são sim.

- Poderia olhar eles pelo resto da vida, mas tenho que ir. - ele deu um beijo em minha testa.

Acompanhei Caíque até a porta e nos despedimos com o clássico beijo demorado e saboroso. E aquele medo que nunca mais vê-lo que me atingia toda vez que ele saía sem mim. Mas eu sabia que iria ficar tudo bem. Se existe mesmo um cupido ou alguém que cuida dos amantes, o protegeria. Então eu repousei tranquila naquela cama macia. Contando os minutos para aquele beijo se repetir novamente.

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