Capítulo 27 - Borboletas

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Fui caminhando lentamente, logo Caíque ouviu o som dos meus passos e olhou para mim. Percebi o grande sorriso que ele abriu, e se levantou. Eu já estava mais calma. O sorriso dele me acalma, e todos sabem. Eu estava com saudade daquele rostinho lindo. E precisava dele.

- Nossa... Você... - ele gaguejava na minha frente. - Você... Está linda!

- Podemos ir? - sorri para o chão, na verdade eu não queria nem sorrir. Mas não aguentei.

- Claro. - ele fechou os olhos e os punhos.

Caíque travou. Ele percebeu minha indiferença e meu desdém. Não era essa a impressão que eu queria passar, mas não queria que ele pensasse que eu estava ansiosa e doida para ver ele novamente.

- Divirtam-se! - Bea gritou enquanto fechavámos a porta.

Entramos no carro. Caíque abriu a porta para eu entrar e logo deu a volta. Eu não disse uma palavra até que ele resolveu quebrar o silêncio.

- No que você está pensando? - ele me perguntou enquanto eu olhava para a janela.

- De verdade? - perguntei olhando por cima dos ombros.

- Sim. - ele respondeu com um leve suspiro.

- Não vai rir? - olho novamente para a janela.

- Não. - ele disse sério.

- Estou pensando em borboletas. - ele me olha confuso e finalmente olho para ele.

- Borboletas? - ele ri levemente. - Desculpa.

- Tudo bem. E sim, borboletas. - desviei o olhar olhando novamente para a janela.

- Algum motivo especial? - ele pergunta sem desviar o olhar da estrada.

- Elas voam.

- Esse é seu motivo especial?

- Algum problema com o meu motivo especial? Voar é algo incrível sabia? - me irritei.

- Tá, calma. - ele olhou para mim. - Não sabia que você levava isso à sério.

- Você não sabe nada de mim. - afirmo.

O resto do caminho foi ocupado por um silêncio enorme. Caíque não se atreveu a falar uma palavra se quer. E novamente aquele silêncio estava me machucando. Parecia que o lugar em que ele iria me levar nunca chegava, e o tempo me fez fazer o que eu faço de melhor: pensar.

Pensar em tudo o que passamos juntos, na primeira vez em que o vi, no nosso primeiro abraço, primeiro beijo, na nossa primeira vez. Na verdade, nossa nos sentido figurado. Ele com certeza já havia se deitado com outras garotas. Mas eu não. Sempre me guardei para o cara certo, o cara que eu amasse. E quando finalmente eu encontrei ele, ele simplesmente, me deixou.

E agora, do nada ele me apareceu. Me chamando para sair. No meu aniversário. Eu confesso que gostei do convite e que foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado, mas não. Não precisava ser naquele momento. Logo quando eu estava começando a reagir. E quando eu estava conseguindo me controlar. Mas o que será que eu entendo sobre controle? Sempre fui a mais fraca. Talvez deve ser por isso que eu me apaixono fácil.

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