Capítulo 20

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     — Caíque? — ele resmungou qualquer coisa que quisesse dizer que estava ouvindo, sentado naquele sofá, jogando algum jogo no XBOX — Sabe onde está meu celular? Preciso falar com a Bea.

     — Sei não. — ele respondeu rápido e eu suspirei.

     — Sabe sim, você tava com ele na mão quase agora. Fazendo o que eu não sei, mas né! — parei atrás do sofá esperando ele responder.

                Ele simplesmente ignorou, continuou jogando sem desviar o olhar para mim nem por um segundo. Aquilo me deixava COMPLETAMENTE irritada. Mesmo que no dia anterior eu tivesse me prometido que não iria mais brigar com ele, eu estava prestes a querar minha promessa e fazer ele engolir aquele aparelho.

     — Caíque, cadê meu celular? — perguntei de olhos fechados me segurando para não gritar com ele.

     — Não se... Ah, droga! — ele apertava os botões no controle com força quase quebrando o mesmo.

                 Dei a volta no sofá, peguei o controle da TV em cima da mesa de centro e desliguei a mesma. Ele me olhou indignado, como se eu estivesse acabado de assassinar todas as pessoas do mundo.

     — Ah, caraca, não acredito que fez isso!  — ele jogou o controle no sofá e relaxou o corpo no mesmo.

     — Pode crer, eu fiz. Agora fala logo onde é que 'tá'! — Ele suspirou.

     — Eu já disse que não sei. — cruzou os braços.

     — Sabe sim! Para de graça e fala logo!

     — Em cima da escrivaninha no quarto, satisfeita? Agora sai e me deixa jogar em paz, em nome de Jesus. — ele se levantou e ligou a TV.

                Puxei ele pela camisa e o beijei, ele retribuiu com uma mão em minha cintura e outra segurando o controle.

     — Obrigada, te amo. — lhe dei um último selinho.

                Fui para o quarto, eu precisava falar com Bea. Era estranho, eu estava acostumada a dar de cara com ela todos os dias andando pela casa com aquele famoso coque, cara emburrada e na maioria das vezes, comendo algo.

                Não que eu não gostasse de morar com Caíque ou que eu quisesse ir embora. Só queria minha irmã junto à mim novamente. Sentei-me na cama e abri a agenda do celular, deslizei o dedo pelo contado "Mana S2" e coloquei ao alcance de meus ouvidos. Eu precisava ouvir a voz dela.

     — E aí? — ela atendeu animada.

     — Estou com saudades. — choraminguei.

     — Ótimo, tem algum quarto vazio aí? — ela mudou de assunto rapidamente.

     — Sim, temos o meu quarto e do Caíque, o das crianças e um reserva. Mas porquê? — me joguei na cama.

     — Acho que eu e o Nathan voltamos.

     — Tá, espera, um assunto de cada vez. Isso é bom, é maravilhoso, mas ainda não entendo o quê você tá querendo dizer. — puxei um travesseiro e pus embaixo de minha cabeça.

     — Estou indo aí, você vai entender. — ela desligou.

                E era desse famoso jeitinho estranho de Bea que eu sentia falta.

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