Capítulo 38

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              " Nós não ligávamos para o frio que fazia em Santa Catarina, é um lugar lindo. Bom, eu já havia estado aqui algumas vezes. Minha avó mora aqui. Mas nunca estive com Caíque. E como eu conheço alguns dos melhores lugares e estou viajando com ele para shows à duas semanas, não custa nada passear com ele.

     — Mas é sério, eu quero uma miniatura daquele trem. É perfeito. Vamos voltar lá, quero andar de novo! — ele agia como uma criança, encantado com o trem Maria Fumaça.

     — Para com isso, Caíque. A gente já foi. — eu dizia entre os risos.

     — Estraga prazeres você hein. — ele revitou os olhos.

     — E você é um cantor. Tem um show para fazer em poucas horas, melhor voltarmos para o hotel. — apertei seu braço me mantendo ainda mais perto.

     — Porque você não me leva na sua avó? — ele parou no meio da rua e me fitou firme.

              Vamos lá. Tem um milhão de motivos.

1) Caíque é muito ciumento.

2) Meu primeiro namorado mora lá.

3) Meu primeiro namorado é um gato.

4) Meu primeiro namorado prometeu nunca me esquecer.

5) Meu primeiro namorado me mandou dezenas de mensagens assim que descobriu que eu voltei a Santa Catarina.

              E esses são só cinco de todos os milhares de motivos.

     — Não quero incomodar, minha avó parece um comandante do exército. — puxei ele e continuei andando, mas ele continuou parado.

     — É isso ou você não quer que ela me conheça? Tem vergonha de mim? — ele cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.

     — Vergonha? O que? Claro que não Caíque, não diga besteira.

     — Então vamos lá. Eu juro que não vou fazer nada demais, só quero conhecer sua família.

              E eu não podia negar um pedido para ele.

. . .

     — Oh de casa? — gritei no portão e Caíque riu baixinho enquanto passava seu braço por minha cintura.

              Logo a figura de minha avó se tornou visível aos meus olhos na janela. Como sempre prevenida, ela abriu um sorriso enorme e não demorou muito para abrir aquele portão de madeira para mim.

     — Larissa! — ela exclamou enquanto me abraçava forte.

     — Oi vó! — sorri e ela me soltou, olhou diretamente para Caíque e voltou a olhar para mim confusa — Vó, esse é o Caíque. Caíque, essa é a minha avó.

     — Então é você o rapaz de qual a Beatriz me falou...

     — Falou é? Bem ou mal? — perguntou apertando a mão de minha avó.

     — Os dois. — ela sorriu — Entrem.

. . .

     — Vó, não precisava, nós não podemos demorar. Caíque tem um show daqui à pouco. — disse enquanto ela nos entregava xícaras de chocolate quente.

     — Está um frio terrível, não reclame. — sorri e tomei um pouco do chocolate assim como Caíque.

              Aproveitei para esquentar meus dedos com o calor que emanava daquela porcelana clara e delicada da xícara de minha avó, até que ouvi passos vindos da escada. E meu coração se apertou.

     — Lari? É sério isso? — Matheus me olhava sorridente.

     — Theus! — sorri tímida e ele correu até a mim e me levantou apressado me abraçando e fazendo a xícara delicada cair no chão — Meu Deus!

              Em meio a risadas olhei para trás encontrando o olhar sério de Caíque para mim. Ele não estava gostando nada daquela cena. Matheus com os braços enroscados na minha cintura, eu com um braço jogado atrás de seu ombro e a outra mão em seu peito. De repente eu senti um arrepio, era ele beijando todo o meu rosto.

     — Matheus! — tentei me soltar mais ele me segurou fazendo-me cócegas enquanto eu ria desesperamente.

     — Boba! — ele disse e parou.

     — Vou buscar um pano para limpar isso. — minha avó disse se levantando de sua poltrona.

     — Seus traiçoeiros. — dissemos os três juntos o famoso bordão de minha avó e rimos.

. . .

     — Tchau Theus. — lhe dei um último abraço antes de partir.

     — Tchau meu bem. — ele sussurrou no meu ouvido e me soltou me fazendo encarar aqueles olhos cor de mel pelo qual eu já me apaixonei.

     — Tchau. — me soltei dele.

              Como já havia me despedido de minha avó, entrelacei meus dedos nos de Caíque e segui até o portão. Saímos e então eu notei a expressão nada feliz de Caíque.

     — A gente não deveria ter vindo. — confessei suspirando.

     — Você não deveria ter dado confiança para aquele cara. — ele corrigiu — Já tiveram alguma coisa?

     — Namoramos na infância. Foi coisa de criança, não temos mais nada haver.

     — Não foi o que me pareceu. — ele soltou minha mão e cruzou os braços.

     — Não seja tolo. Eu te amo pra caramba sabia? — enrosquei os braços em volta de seu pescoço.

     — Ama mesmo? — balancei a cabeça confirmando — Então me beija.

               E mais uma vez eu cedi aos seus desejos. "

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