" Nós não ligávamos para o frio que fazia em Santa Catarina, é um lugar lindo. Bom, eu já havia estado aqui algumas vezes. Minha avó mora aqui. Mas nunca estive com Caíque. E como eu conheço alguns dos melhores lugares e estou viajando com ele para shows à duas semanas, não custa nada passear com ele.
— Mas é sério, eu quero uma miniatura daquele trem. É perfeito. Vamos voltar lá, quero andar de novo! — ele agia como uma criança, encantado com o trem Maria Fumaça.
— Para com isso, Caíque. A gente já foi. — eu dizia entre os risos.
— Estraga prazeres você hein. — ele revitou os olhos.
— E você é um cantor. Tem um show para fazer em poucas horas, melhor voltarmos para o hotel. — apertei seu braço me mantendo ainda mais perto.
— Porque você não me leva na sua avó? — ele parou no meio da rua e me fitou firme.
Vamos lá. Tem um milhão de motivos.
1) Caíque é muito ciumento.
2) Meu primeiro namorado mora lá.
3) Meu primeiro namorado é um gato.
4) Meu primeiro namorado prometeu nunca me esquecer.
5) Meu primeiro namorado me mandou dezenas de mensagens assim que descobriu que eu voltei a Santa Catarina.
E esses são só cinco de todos os milhares de motivos.
— Não quero incomodar, minha avó parece um comandante do exército. — puxei ele e continuei andando, mas ele continuou parado.
— É isso ou você não quer que ela me conheça? Tem vergonha de mim? — ele cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
— Vergonha? O que? Claro que não Caíque, não diga besteira.
— Então vamos lá. Eu juro que não vou fazer nada demais, só quero conhecer sua família.
E eu não podia negar um pedido para ele.. . .
— Oh de casa? — gritei no portão e Caíque riu baixinho enquanto passava seu braço por minha cintura.
Logo a figura de minha avó se tornou visível aos meus olhos na janela. Como sempre prevenida, ela abriu um sorriso enorme e não demorou muito para abrir aquele portão de madeira para mim.
— Larissa! — ela exclamou enquanto me abraçava forte.
— Oi vó! — sorri e ela me soltou, olhou diretamente para Caíque e voltou a olhar para mim confusa — Vó, esse é o Caíque. Caíque, essa é a minha avó.
— Então é você o rapaz de qual a Beatriz me falou...
— Falou é? Bem ou mal? — perguntou apertando a mão de minha avó.
— Os dois. — ela sorriu — Entrem.
. . .
— Vó, não precisava, nós não podemos demorar. Caíque tem um show daqui à pouco. — disse enquanto ela nos entregava xícaras de chocolate quente.
— Está um frio terrível, não reclame. — sorri e tomei um pouco do chocolate assim como Caíque.
Aproveitei para esquentar meus dedos com o calor que emanava daquela porcelana clara e delicada da xícara de minha avó, até que ouvi passos vindos da escada. E meu coração se apertou.
— Lari? É sério isso? — Matheus me olhava sorridente.
— Theus! — sorri tímida e ele correu até a mim e me levantou apressado me abraçando e fazendo a xícara delicada cair no chão — Meu Deus!
Em meio a risadas olhei para trás encontrando o olhar sério de Caíque para mim. Ele não estava gostando nada daquela cena. Matheus com os braços enroscados na minha cintura, eu com um braço jogado atrás de seu ombro e a outra mão em seu peito. De repente eu senti um arrepio, era ele beijando todo o meu rosto.
— Matheus! — tentei me soltar mais ele me segurou fazendo-me cócegas enquanto eu ria desesperamente.
— Boba! — ele disse e parou.
— Vou buscar um pano para limpar isso. — minha avó disse se levantando de sua poltrona.
— Seus traiçoeiros. — dissemos os três juntos o famoso bordão de minha avó e rimos.
. . .
— Tchau Theus. — lhe dei um último abraço antes de partir.
— Tchau meu bem. — ele sussurrou no meu ouvido e me soltou me fazendo encarar aqueles olhos cor de mel pelo qual eu já me apaixonei.
— Tchau. — me soltei dele.
Como já havia me despedido de minha avó, entrelacei meus dedos nos de Caíque e segui até o portão. Saímos e então eu notei a expressão nada feliz de Caíque.
— A gente não deveria ter vindo. — confessei suspirando.
— Você não deveria ter dado confiança para aquele cara. — ele corrigiu — Já tiveram alguma coisa?
— Namoramos na infância. Foi coisa de criança, não temos mais nada haver.
— Não foi o que me pareceu. — ele soltou minha mão e cruzou os braços.
— Não seja tolo. Eu te amo pra caramba sabia? — enrosquei os braços em volta de seu pescoço.
— Ama mesmo? — balancei a cabeça confirmando — Então me beija.
E mais uma vez eu cedi aos seus desejos. "
VOCÊ ESTÁ LENDO
31
Fanfiction"A vida realmente é uma grande surpresa. Quando menos se espera o amor surge de uma forma completamente inédita. A mesmice já não te agrada, você precisa de mais. Viver momentos incríveis, criar coisas incríveis, fazer coisas incríveis. Ignorar tudo...