UM TOQUE DE TERROR

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- Ana! - Matt me acorda sacudindo meus ombros - Você está bem?

- Sim - Digo ainda tentando entender onde estou - Eu acho

- Você está sangrando - Diz tirando o pano de prato de seu ombro e enrolando no meu braço esfaqueado.

- Não é nada Matt - Minto, está doendo.

- Ana, talvez precise de alguns pontos.

- Não - Digo - Vai melhorar em breve, olhe só os meus pulsos - Mostro-lhe os dois já quase cicatrizados em tão pouco tempo.

- Acho que você tem poderes especiais de cura - Diz sorrindo, mas sinto que é para quebrar o clima mórbido.

- Devo ter - Sorrio de volta - Aonde você foi?

- Estava fazendo o almoço, desculpe - Acho que estou tendo um Déjà Vu, será que isso é real?

- Tudo bem, não podemos ficar grudados o tempo todo - Digo sem graça.

- E então? Vamos comer? - Ele pergunta empolgado.

- Estou morrendo de fome - Sinto a barriga roncar, mas sei que não será um almoço agradável.

- Ótimo! Venha.

Ele me dá sua mão, seguro-a e vamos juntos até a cozinha. A mesa já está servida, filé de frango grelhado, creme de milho, arroz, salada e suco de uva.

Me sento e faço meu prato rapidamente, para ele não perceber minha falta de vontade em comer sua comida. Como pode isso? Ele sabe fazer de tudo, como não sente esse sabor estranho? Devemos ter paladares diferentes, ele acha isso do Shake do Sr. Luke. Vai entender.

- Estava pensando - Diz ele - Poderíamos ver minha irmã mais tarde, acho que pode ser bom para nós.

- É uma boa ideia - Digo mexendo com desinteresse o garfo no prato - Depois podíamos assistir uns filmes e você dormir aqui - Ele parece entusiasmado - Aliás, poderia deixar algumas roupas aqui, seria mais fácil de manhã, não acha?

- Concordo plenamente senhorita Ana - Diz com reverência e caímos na risada. É a deixa perfeita para não voltar a comer.

*****

A ala pediátrica está vazia, vazia até demais para um hospital. Ignoro aquele doutor estranho me encarando novamente e vamos para o quarto de Andy.

- Agora sim - Diz Matt sentado ao lado da irmã - Vou apresentá-las corretamente - Me aproximo dela com cautela - Andy, esta é Ana, minha namorada.

Matt me observa ao dizer essa frase e estou radiante por dentro e sorrindo sutilmente por fora.

- Olá Andy - Toco seu braço pelo qual está sendo medicada, ela está tão fria, será que eu fiquei fria assim também? - Tudo bem? - Me aproximo de seu rosto - Já nos conhecemos não é? Agora estou aqui, vou te ajudar no que for possível.

Termino a frase e sinto suas unhas se cravarem em meu braço esquerdo, o mesmo braço que ela arranhou em meus sonhos, ela abre seus olhos e os fixa nos meus. Matt pula da cadeira deixando-a cair para trás.

- Não há salvação! - Andy fala e saem mil vozes de dentro dela.

Matt me puxa tentando soltar meu braço de suas unhas e caímos os dois ao chão, ele grita chamando o médico que surge do nada e examina Andy que está imóvel novamente. Nos encaramos e sei o que ele está pensando, será que foi real ou estamos os dois alucinando?

*****

- Foi uma tarde estranha - Ele diz ao sentarmos no sofá.

- Sim, foi - Digo distraída, acho que não quero tocar no assunto.

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