INSANA

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Estou deitada olhando para o teto do meu quarto há horas, eu acho. Está tudo estranho. Após aquele momento, acabou a discussão, minha mãe pediu que eu subisse para o quarto, pois ela e meu pai precisavam conversar. E aqui estou eu, obediente e submissa. Claro que não foi tão fácil eu subir. Penso na discussão:

"- O que foi? - Pergunto enquanto me encaram.

- Filha, me deixe a sós com seu pai por favor.

- Vocês queriam tanto conversar comigo e agora querem que eu saia? - Sorrio com desdém.

- Ana, por favor! - Ela suplica.

- O que foi mãe? - A encaro e ela abaixa a cabeça, não consegue me olhar, eu sei que ela sabe. - O que está se passando nessa sua cabeça sem noção?

- Já chega Ana! - Meu pai grita se levantando do chão e soltando a mão da minha mãe. Eu me assusto, mas permaneço firme. - Nossa conversa ainda não acabou, mas não percebe que sua mãe não está bem? - Ele olha dela para mim. - Com certeza essa notícia mexeu com ela. Mães perderam seus filhos! Somos pais, droga! Podemos imaginar como é isso!

- Podem mesmo? - Pergunto me aproximando dele de forma lenta e ameaçadora. - Consegue imaginar como foi para o Sr. Luke papai? - Não dou o braço a torcer.

- Ela não está bem Stewart! - Diz minha mãe com a voz embargada. - Ela parece outra garota.

- O que? - Eu grito. - Meu pai estupra uma garota, que por conta disso se suicida... - Vou contando cada frase em um dedo. - Influencia na demissão do pai dela que tem sua carreira acabada. E eu... - Respiro fundo, indignada. - Eu que sou outra pessoa? O monstro aqui é ele!

Aponto em sua direção sem perceber o quanto me aproximei dele e sou surpreendida da pior forma possível. Meu rosto esquenta antes mesmo de eu entender o que se passou e caio estatelada no sofá enquanto minha mãe - agora em pé - repreende meu pai e tenta abaixar sua mão erguida.
Levo minhas mãos ao centro da dor, o lado direito do meu rosto queima, mas me levanto resignada. Eu procurei por isso.

- Ana... - Ele tenta se aproximar. - Filha...
- Eu me afasto dando passos atrás.

- Eu odeio vocês. - Sussurro.

Minha mãe chora levando as mãos à boca, enquanto subo correndo para o meu quarto. Não derramo uma lágrima, sinto apenas ódio".

Ninguém veio atrás de mim, não os escuto conversarem. O que há de errado com eles? Eu fui estuprada, meu melhor ou ex melhor amigo é pai da menina que meu pai violentou. Ele teve de se submeter a trabalhar em uma lanchonete vazia - que chamam de mal assombrada - porque o meu pai o fez ser demitido. Ele perdeu a filha dele! Mas que merda! Dou um soco sem força na cama. Estou com tanta raiva.

Me levanto para olhar pela janela, queria que Trevor estivesse lá agora, mas não está. Ele não me dá um número de telefone, um sinal de fumaça, ele simplesmente aparece como uma alma penada quando menos espero. Ele também é outro esquisito! Mas o queria aqui nesse momento comigo, meu único amigo. Eles não vão me mandar para a cadeia! Meu pai disse que mataria os garotos com suas próprias mãos, ele não seria capaz de me entregar. Eu tinha que fazer isso! Não poderia terminar igual à Sophia.

- Ana? - Meu pai me interrompe. - Por favor, eu vim em paz. - Ele ergue as duas mãos.

- Então acho melhor abaixar suas mãos. - Respondo rispidamente.

- Só me prometa que teremos uma conversa em paz? - Ele abaixa as mãos.

- E minha mãe? - Busco-a com o olhar.

DARKNESS - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora