DARKNESS

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- Você está mentindo, Andy jamais faria isso! - Estamos sós ao cair da noite, tudo a nossa volta parece pegar fogo apesar de não haver fogo em lugar algum. A rua, as casas, tudo assume um tom vermelho chama, como se a atmosfera mudasse.

- Você está mentindo para você Ana!

- Não... - Não tem como meu choro ser mais desesperador.

- Aceite Ana... Aceite a verdade! Você demorou para se lembrar, pois não queria aceitar, não queria aceitar o que aconteceu, não queria aceitar o que fez.

- Não! - Minha cabeça dói, queima. Não! Não! Não!

- Eu sou o anjo bom e o anjo mau minha cara... Eu ouço os problemas de vocês, dou o conselho que vocês querem e o conselho que vocês precisam. No final, vocês escolhem o que preferem. Olhe só para Andy... - Eu o fito com fúria. - Ela estava com raiva de sua família, tratada sempre como uma criança, queria mostrar que sabia mais... E então, ela atirou em cada um deles enquanto dormiam, por último em Matthew, no corredor, mas a arma era pesada, vamos lá, você se lembra dessa visão...

Eu me lembro. Na visão eu carregava a arma, eu atirava em todos eles, a arma era pesada de mais. Ele continua:

- Uma garotinha tão pequena não consegue ter tanta força e foi assim que ela foi parar no coma.

- Como assim? - Minha voz sai fraca, estou tão cansada.

- Ao atirar em Matthew, o impacto da arma arremessou Andy para trás, fazendo-a cair sobre uma mesinha e lhe causar uma pancada forte na cabeça, desde então, ela está em coma.

- E Matt?

- Você ainda não acredita não é? - Solta uma gargalhada - Eu vou refrescar sua memória. Matthew Thompson, o seu querido amor desaparecido. Morto pela própria irmã que ele sempre amou, seu coração estourado... - As imagens de corações pulsando nas mãos de Andy começam a fazer sentido. Todo esse tempo, todas as respostas ali.

- Por que eu o vejo então? Por que vejo todas essas almas?

- Eu te disse Ana. Você viu o que eu queria que você visse. Eu mexi um pouco aqui, distorci uma imagem ali, mas era tudo com a intenção de tornar sua tormenta mais interessante.

- Minha tormenta?

- Olhe para essa cidade Ana... Não acha que tem algo errado? Aonde estão as crianças? Por que os vizinhos não se visitam? Por que ninguém sente falta de ninguém?

- As crianças cresceram... - Tento arrumar subsídios.

- E não nasceu mais ninguém? - Ele aplaude, parece estar caçoando de mim. - Ora Ana, você pode ser mais inteligente do que isso. Por que acha que lhe chamamos de Garota Morta?

Sinto a bile subir a minha garganta, meu estômago dá voltas, minhas pernas estão fracas. Minhas lágrimas molham meu pescoço e blusa agora.

- Sim... Você sabe não é? Demorou, mas agora você sabe.

- Não... - Minha voz sai quase inaudível. - Não é verdade.

A temperatura começa a aumentar, sinto o chão esquentar mais do que o normal sob meus pés. Começo a suar. Memórias, memórias, memórias.

- Era uma vez... - Luke recomeça e eu apenas escondo meu rosto com as mãos e choro inconsolavelmente. - Um homem trabalhador que tinha esposa e filha... - Lembranças. - Sua esposa o largou, sua filha foi estuprada e se matou... - Memórias. - Ele tentou do jeito certo, punir todos os envolvidos, mas... Eram filhos de gente poderosa e então sua vida foi arruinada... - As imagens vem e vão, me lembro de tudo agora. - E então, ele decidiu se vingar, não podia deixar para lá, doía ter perdido sua filha sabe?

DARKNESS - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora