A VERDADE POR TRÁS DA VERDADE

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Começo a descer as escadas com cuidado, mas meus pais estão na sala. Chorando.

- Acha mesmo que foi ela Martha? - Meu pai sussurra e da ponta da escada tento alcançá-los com o olhar. Ambos sentados no sofá, um segurando a mão do outro.

- Eu sabia que havia algo errado Stue... - Minha mãe seca os rios de lágrimas. - Assim que ela disse o nome daquele homem... - Daquele homem? Então ela sabe? É por isso que apoia o meu pai e não queria que eu voltasse a ver o Sr. Luke. - Eu sabia que havia algo errado.

Eles me enganaram, ela sempre soube. Meu coração está dilacerado. Quem mais vai mentir para mim?

- Ela jurou pela vida dela que foi ele quem contou sobre a Sophia... - Meu pai continua.

- Eu falei com a Angélica... - O que? - Ela me disse que todos os dias Ana entra naquela lanchonete e demora horas. Ah meu Deus... - Ele chora sem parar - Desde que ela voltou naquela madrugada, eu pedi para que a Angélica ficasse de olho nela... Todos os dias na lanchonete Stue, exceto depois que ela foi à biblioteca.

Angélica e meus pais? Um complô contra mim? Estavam me espionando todo esse tempo? O que mais eles sabem?

- Não podemos dar as costas à ela Martha, ela precisa de ajuda!

- Eu sei... - Seu choro se intensifica. - Eu estava com o padre da paróquia ao telefone, ele me indicou um psiquiatra, é fora da cidade, sigilo absoluto, ela poderá se tratar... Esses garotos Stue...

- Eu sei Martha, eu sei.

Eles se abraçam e choram juntos. Eu preciso sair daqui! Penso um pouco... Já sei!
Entro em meu quarto e saio pela janela. Faço um sinal de "espera" para Trevor que está impaciente. Pulo no telhado da vizinha e entro no quarto do sótão. Um quarto aconchegante, parecido com o meu, só que mais emo e masculino. Preciso sair daqui!
Sigo pelo corredor na ponta do pé e começo a descer as escadas lentamente.
Ai não!  Me deparo com um garoto, aquele garoto! Eu sabia que o conhecia de algum lugar. É o neto da vizinha, o irmão de Andy, a menina que matou seu hamster. E isso é... Um velório?

- De onde você surgiu? - Pergunta ele vindo até a escada.

Estou sem reação, todos olham para mim, avisto um caixão no centro da sala que parece ser bem maior que a sala da minha casa. Quem morreu? Ah, não importa agora. O que eu faço?

- Me desculpe, eu vim prestar meus sentimentos mas... - Mentira. - Não estava preparada para isso, me desculpe.

Termino de descer as escadas e ele me segura pela mão. Eletricidade pura, toque quente e suave. Olhos azuis. A janela da alma. Mas não tenho tempo para isso agora. Solto sua mão e é como se meu mundo revirasse e voltasse ao avesso que estava antes de nos tocarmos. O que foi isso?

- Espere! - Ele diz, mas já estou na rua.

- Mas que merda foi essa, garota? - Trevor me olha impaciente. - Por que demorou tanto?

Ele me puxa pelo braço com sua mão gelada e sinto dor. Caminhamos até o outro lado da rua, eu sempre de olho na porta de casa e Trevor de olho em mim.

- Me desculpe, as coisas estão complicadas em casa.

- É mesmo? - Cruza os braços se encostando na parede e sorri em deboche.

- Trevor você tem que me ajudar... - Imploro encarando-o - Eu preciso de um lugar, um lugar para ficar, fugir daqui... - Minhas ideias saem descoordenadas. - Meus pais sabem sobre os garotos, sabem que fui eu e querem me internar. Você precisa me tirar daqui!

- Tudo bem. - Ele diz isso assim?

- É só isso? - Pergunto.

- Sim baby, só depende de você. - Diz tirando seu chapéu.

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