Lost with the truth revealed

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    _Tudo bem, agora fale!- demando.
A comemoração já havia acabado e tive que ficar no pé de Merlin a noite inteira atrás de respostas, mas ele só respondia que eu teria de esperar estarmos sozinhas. Como se eu fosse conseguir esperar isso tudo. Ele olha para o lado de fora de seu quarto para ter a certeza de que ninguém está ouvindo, ao se certificar de que estamos sozinhos, ele fecha a porta e se vira para mim.
_Você realmente devia arrumar o seu quarto. - digo de braços cruzados. "Ele sorri, em uma mistura de vergonha e de quem diz, olha só o que vou fazer". Bom, eu olhei, e não poderia ter ficado mais fascinada com o que vi.
Depois de pronunciar palavras totalmente sem sentidos e de alguma forma trocar a cor de seu olho novamente, os objetos jogados no chão simplesmente começaram a flutuar pelo ar. A cama, totalmente abarrotada, começa a se arrumar sozinha e toda a roupa espalhada magicamente se dobre e é guardada nos armários. Uma vassoura, que não sei de onde surgiu, começa a varrer a poeira do chão e, em pouco tempo, se encosta na parede. Não sei quando minha boca se abriu, mas tenho dificuldade em fechá-la. Começo a rodar no mesmo lugar, tendo absorver tudo o que está acontecendo ao meu redor.
_Bonito, não?- Merlin rompe o silêncio e se senta na cama.
_Muito. - respondo ainda atordoada. -Arthur sabe?
_Arthur?-repete como se fosse difícil acreditar que eu fosse perguntar algo como isso. - É claro que não. Eu seria condenado a morte.
_Para com isso Merlin. Você, assim como eu sabemos que ele nunca faria isso.
_Talvez. Mas é melhor prevenir do que remediar.- responde ríspido e sei que está na hora de mudar de assunto.
_Então... Você pode me ensinar? - a esperança é visível em minhas palavras
_Me desculpe, mas magia não é algo que se pode ser ensinado.- há um pesar sincero em seus olhos.
_Não custava tentar.- me sento ao seu lado.- Como você faz isso?
_Eu não sei. - dá de ombros. - Simplesmente faço.
_Por acaso tem algo a ver com povos celtas? Deuses pagãos, druidas?
_Sim. - responde duvidoso. - Como você sabe disso?
_Mitologia é difícil de encontrar na minha época, mas meu pai tinha uns livros. Se importa em me explicar?- ele se libera do choque e consente.
_Os druidas são parte da comunidade dos vários povos, que como você disse, seguem a religião celta, a antiga religião como a chamamos atualmente. E eles até tinham um deus produtor de cerveja! Goibiniu se não me engano. Eles eram muito abundantes dezenas de anos atrás, mas com toda a perseguição de Uther e a expansão do cristianismo, eles se tornaram foragidos. Se andar pelos lugares certos dos bosques ao redor de Camelot, encontrará muitos de seus altares, os Nemetons.
_Eu acho que vi alguma coisa quando cheguei aqui. - tento me lembrar, mas estava tão desesperada e tudo passou tão rápido que não consigo me lembrar direito.
_Então é sortuda. Os Druidas restantes são bem restritos, não aparecem muito.
_Porque Uther os condenará, você sabe, por magia. - ele me olha incrédulo.
_Não são todos eles que possuem magia, America. Eles uma vez já foram juízes, poetas, tutores e curandeiros. Eles tinham uma vida normal. Uther consegue ser pior que os romanos. - noto o rancor em sua voz e mesmo que todos os meus músculos digam que não devo dizer isso, eu faço.
_Não se preocupe. Eles vão cair, ou já caíram eu acho. Vai depender se estamos no começo ou no fim do século. -dou de ombros, como se não tivesse tanta relevância assim, mas ele continua com a boca aberta.
_Fim. - murmura.
_Então o fim do Império Romano do Ocidente já aconteceu.
_Como você sabe disso, afinal? Você age como se viesse do futuro? Como se soubesse tudo o que vai acontecer conosco.
Sei que magia e ciência são completos opostos, sei que provavelmente nunca vou voltar para casa, já tinha praticamente aceitado a ideia de ficar presa nessa época para sempre, mas depois desses acontecimentos, dessa descoberta, não posso deixar de ter a esperança de um futuro em casa. Quem sabe Merlin possa encontrar um jeito de me fazer voltar para Illéa.
_Merlin- ele, que esteve quieto por alguns minutos, se vira para mim. - eu preciso te contar uma coisa. Acreditaria se eu dissesse que eu não perdi a memória?- pergunto receosa e ele solta uma gargalhada.
_Com certeza acreditaria. Você é uma péssima mentirosa.
_Então você sabia! Sabia e ainda me ajudou?
_Você parecia estar precisando de ajuda. - dá de ombros e o abraços, sussurrando um obrigado.
_Se você finalmente admitiu que se lembra, o que aconteceu antes de ser salva?- ele me pergunta assim que me larga.
_ Eu acreditei quando você me disse de magia, então, por favor, acredite em mim. - peço.
_Você não acreditou mim. - constata e o olho de cara feia.
_Só escuta. - então conto minha história. Não do começo, porque já é enrolação demais. Mas explico sobre o futuro, sobre meu país e Maxon, sobre a viagem do tempo, Mikail e o acidente. Ele simplesmente faz caras e bocas, solta alguns xiados, mas não me atrapalha em nenhum momento.
_ Eu morro?- é a única coisa que ele me pergunta quando termino de falar.
_O que?
_Eu vou morrer? - repete
_Depois de tudo o que disse é isso que você quer saber? - ele esbugalha os olhos e balança em um sinal de "é obvio"- Não sei. A história de vocês é um mito, ninguém sabe se vocês realmente viveram, quem dirá se morreram.
_Não me contento com essa resposta, mas respeito. - ele parece meio ofendido por tê-lo chamado de mito e não real.
_Então?Vai me ajudar?
_Ajudar com o que?
_A voltar para casa.

Lost In TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora