Lost In Time

Lost in the end of my days

  Vou dizer nada pra vcs lerem logo...  

   Pov Arthur

Ninguém sentia a obrigação de conversar. Provavelmente nenhum deles sabia a verdade sobre o que estava acontecendo, mas todos entendiam a tensão no ar. Ela era palpável, poderia caracteriza-la e toca-la, mas não podia mandar embora. Era pesada demais para mim, para um exército inteiro. E ainda assim eu tinha de suportar.

Foi indelicado da nossa parte mandar os convidados embora, mas não havia outra opção. Tínhamos de chegar em um dia no local planejado quando em teoria a cavalgada deveria durar dois, tínhamos de preparar um exército e, principalmente, tínhamos de fazer milagre. Era melhor homens cansados, do que homens ausentes, então cavalgamos noite a dentro. Os batedores à frente sempre voltavam sem notícias, era como se marchássemos para lugar algum, encontrar uma pessoa que nunca apareceria. Conseguia ver a trilha de fumaça ao norte, de árvores queimadas e desespero, mas o exército de Percival não mandou notícia. Eu estava desesperado. Se eu morreria naquela noite, pretendia levar o maior número dos homens de Morgana comigo, mas tudo estava dando errado.

Tudo havia começado quando, pela manhã, Gwaine me acordou. Eu não sabia o que mais poderia dar errado, estava sonolento e otimista, mas acordei quando recebi a notícia. Deixamos Mordred fugir, ele não sabe disso, é claro, acha que foi sua própria inteligência a autora de tamanha proeza, mas o deixamos ir. Me disseram que eu não tinha escolha, ou matava a garota e ele me traía, ou deixava a garota sair livre e ele me trairia também. Então criei uma terceira opção. Mandei a garota embora, pedi que uma escolta armada a levasse para longe. Sem um lugar específico, eles só tinham ordens de ir para o mais longe possível. Tinha a esperança de que Mordred fosse seguir a caravana e desse jeito não conseguiria alcançar Morgana. Obviamente eu já devia saber que o destino não estava ao meu favor. Gwaine voltou dizendo que os soldados estavam mortos e a garota, foragida. Mordred estava desaparecido e não duvidava nada de que naquele momento já tivesse encontrado Morgana e contado todo o plano.

Talvez seja por isso que não encontrávamos rastro de seus homens. A presa havia acabado de virar predadora e eu tinha certeza de que estávamos prestes a cair em sua armadilha. Uma vez me disseram que não existe triunfo sem perda, não há vitoria sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício. Foi uma das poucas coisas que aprendi com minha estadia em Illea, aparentemente filmes são muito educativos. As vezes a solução que procuramos é a mais simples, aquela que sempre esteve sob nosso nariz, e, ainda assim, incapaz de ser percebida. Eu tinha acabado de percebe-la. E o destino estava para se realizar.

Os homens se embebedavam, rindo sozinhos em grupos, em frente às diversas fogueiras acendidas. Eu entendi perfeitamente o que eles estavam fazendo, é sempre mais fácil se jogar contra o inimigo quando não se está sóbrio. Meu pai costumava dizer que a batalha era vencida pelo exército menos bêbado, mas que também não podiam estar completamente lúcidos. Uma parte de mim sentia raiva por vê-los se divertindo, outra sentia pena, porque seria para muitos o último dia de suas vidas, e independente de quem sejam, do que tenham feito em suas vidas até aquele momento, ninguém merece morrer sozinho em uma vala qualquer. Nenhum deles parecia ao menos saber onde estavam ou o que fariam ao amanhecer, seus pés só chegaram ao chão quando, na calada da madrugada, ouvimos os tambores.

_O que foi isso?- America aparece correndo, assim como todos no acampamento.

Ela estava em uma das barracas destinadas à Gaius e os feridos em batalha, assim como Maxon. Não queria que eles vissem o que aconteceria, queria poupa-los, e os obriguei a ficarem escondidos. Já devia saber que não seria de muita utilidade. Todos correram pela estrada, tentando chegar mais perto do som, assustados com o eco, aterrorizados com as possibilidades. O chão parecia tremer, conseguia ouvir as pedrinhas no chão, e não tinha ideia do que fazer. Não existia mais a opção de juntar tudo e ir embora, ela havia chego e não tinha como fugir.