Lost when he finally gets punched

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  Pov América
Me despedir da minha família na noite anterior acabou se tornando um verdadeiro inferno. Eles não choraram como eu, que engasgava em minhas próprias lágrimas. Eles não entendiam meu desespero, não sabiam que essa seria a última vez que nos veríamos, acreditavam que em poucos dias estaria de volta em casa e tudo voltaria ao normal. Eu já nem sabia o que poderia ser considerado normal. Passar meus dias em Carolina com meus pais, cuidando dos meus irmãos e lutando por um trabalho parece uma eternidade de distância, um sonho antigo a qual nunca poderei retornar. Lutar por um amor com mais trinta e quatro garotas não seria necessariamente minha definição de habitual, mas no momento é o que mais me parece natural. Os meses em que passei no palácio tinham preocupações tão ínfimas que por um momento me ousei chamar de fútil por acreditar que aquilo era o estresse.
E restava Camelot, minha casa por anos, mas que agora parecia como o último lugar que queria estar no momento. Não pelas pessoas, mas pela situação atual. Conviver em Illea nessas últimas semanas me fizeram perceber o quanto havia sentido falta da calmaria, dos dias onde não era rainha, que não tinha um exército para comandar, não estava em campanha e longe dos meus filhos por meses, que não tinha de me preocupar com a fome de milhões, com o estresse e com a preocupação. Estávamos nos preparando para ir embora, não tinha muita coisa para arrumar a final de contas, a não ser minha própria cabeça. Tentava entrar em paz comigo mesma, mas parecia impossível no momento.
Achamos que seria melhor ir depois de ter avisado o rei em vez de simplesmente desaparecer na floresta. Me arrependi profundamente dessa escolha no minuto em que todos nós nos reunimos em seu escritório, mais pessoas do que eu estava planejando. Quando pedi para o guarda avisar o rei que tinha um assunto urgente para discutir e disse que precisava da presença de todos, eu não imaginava que todos se referia a todos mesmo. Arthur me observava, todos me observavam esperando pelo o que eu diria. Tinha a esperança de que Arthur fosse tomar a dianteira dessa vez devido ao amor profundo e falso que Clarkson tem por ele, mas aparentemente eu estava sozinha nessa. Inspirei fundo e prossegui.
_Imagino que todos estão se perguntando por que eu estou aqui, no palácio quero dizer. É de conhecimento de todos que sua Majestade me odeia. –sorrio irônica em sua direção. –e de que não existe nenhum motivo aparente para eu estar aqui.
_Aonde quer chegar, Senhorita America? –me pergunta rude, de braços cruzados e sentado em sua cadeira do outro lado da mesa onde eu me inclinava.
_Acho que seria de proveito para todos se voltássemos para casa. –alterno meu olhar entre cada um dos presentes naquela sala.
Maxon não me olhava, encarava o chão desde que havia chego ali, contra sua vontade enquanto Amberly parecia à beira de lágrimas. O marido, que eu supunha fosse fazer uma festa com a minha saída, estava com a carranca impassível habitual, o me surpreendeu. Nicoletta e suas primas pareciam completamente fora do contexto, não as culpava, se fosse elas também não conseguiria entender nada do que está acontecendo e Celeste me olhava como se eu fosse um enigma a ser desvendado. Ela não sabe o que está havendo, mas sabe que escondo alguma coisa, consegue ver em minha feição abalada que não estou nada bem, mesmo que eu não possa explicar para ela exatamente o que é. Então tinha Merlin, que parecia completamente alheio a tudo aquilo, e imagino só estava ali para ter certeza de estar no momento certo no lugar certo para quando o circo pegar fogo.
_Voltássemos para casa? Quem levará contigo, Senhorita America? –ele se levanta da cadeira, caminhando em minha direção com o queixo levantado em superioridade e a expressão fria.
_Já passou da hora de eu retornar, Majestade. –Arthur instintivamente se põe entre nós dois de um modo protetor. Mesmo que tenha se mantido distante no último dia, mesmo que noite passada novamente tenha encontrado uma desculpa para não dormir comigo, ainda assim tentou me salvar. –Minha esposa está em seu último mês de gravidez, não seria um bom marido ou um bom pai se ficasse longe. –Orabella e Noemi suspiram, como sempre fazem toda vez que Arthur diz qualquer coisa que seja.
_Vocês não sairão daqui. –ele diz simplesmente. Tenho dificuldades em compreender o que ele acabou de dizer, sem acreditar que isso realmente seja verdade.
_Perdão? –estava realmente desentendida. Tinha a esperança de que fosse cair em si e mudar de ideia de perguntasse de novo, mas já devia saber que Clarkson nunca muda de ideia sobre nada.
_Tenho planos para os dois, um trabalho por assim dizer. –encaro Arthur, sua expressão de perplexidade se transformando em raiva.
_Você não pode me manter aqui! –rosno já perdendo a paciência. Arthur coloca sua mão na minha frente, me impedindo de me mover um centímetro sequer em direção do rei. Maxon levanta a cabeça imediatamente, subitamente interessado pelo o que estávamos fazendo, enquanto os outros permanecem em silêncio, sentindo a tensão que acabara de se estabelecer no cômodo.
_Eu sou o seu rei! –Arthur era dezenas de centímetros maior do que ele, mas isso não o impediu de tentar nos intimidar. –E se eu digo que você fica, então fica. Você é só um cinco miserável que teve sorte de chegar onde chegou. –ele cospe suas palavras sobre mim, sem ter a consciência de que parte da família real italiana estava ali observando, e isso me deu forças para não atacá-lo e arranhar todo seu rosto. Não tinha ideia do que tinha acontecido naquele momento, mas quando recuperei a consciência, Arthur segurava o pescoço de Clarkson, fúria no olhar dos dois, e o pressionava na parede. O rei tentava mascarar sua dor, mas era evidente que estava perdendo o fôlego. Ouvi alguns gritinhos abafados, mas não me virei para saber de quem eram. Já conseguia imaginar. A respiração de Arthur estava ofegante, ele encarava sua presa, e sabia que estava batalhando consigo mesmo sobre o que fazer agora.
_Arthur... –toco seu ombro, que relaxa imediatamente. –Você não quer fazer isso. –sussurro para ele, que aperta ainda mais a pele do rei e logo o solta. Ele cai no chão, as duas mãos na pele vermelha e irritada, tentando recuperar o fôlego.
_Seu...filho da... –ele nunca conseguiu terminar sua frase, depois de tossir pela terceira vez os guardas entraram, alarmados com o som da confusão, e as coisas começaram a esquentar. Olharam para seu rei caído no chão, para Arthur em pé raivoso ao lado do corpo e seus punhos cerrados permitiram que todos eles entendessem o que havia acabado de acontecer.
O lugar era pequeno, e mesmo que estivesse cheio, não impediu que os três homens armados partissem para cima do loiro. As garotas correm para os cantos da sala na tentativa de fugir da confusão, eu estava paralisada sem entender como as coisas haviam chegado a esse ponto e Maxon ajudava o pai a se levantar, que continuava xingando Arthur de tidas as maneiras possíveis, mesmo que sua voz saísse fina e estranha.
Tentei encontrar uma brecha para entrar na luta, sentia a obrigação de ajudá-lo já que foi por minha causa que estava nessa bagunça em primeiro plano, mas Arthur não precisava de ajuda. Em poucos segundos já havia retirado as armas das mãos dos três e tentava imobilizá-los, mas sempre que estava prestes a fazer isso, o anterior se levantava e atacava novamente. Ele já havia derrotado piores, já vi, mas está machucado e enferrujado, se os homens tivessem percebido que a cada movimento que fazia levava a mão ao peito, teriam ganhado. Mas não sabiam o que estavam fazendo, caíam e levantavam de maneira desorganizada e aleatória, sem qualquer plano ou estratégia aparente.
Estavam exaustos, cansados de apanhar, enquanto Arthur não parecia ter nem começado. Estava acostumado a lutar horas com armadura e cota de malha, o que o deixavam com duas vezes seu peso normal, mas agora, com nada mais do que um terno, parecia nem suar. As pessoas o olhavam abismadas, com as bocas abertas e a clara expressão de medo. Então quando o último dos guardas caiu e não aguentou se levantar novamente, Arthur jogou a franja para o lado, sorriu sarcástico, retirou a gravata e encarou o rei, que ainda era amparado pelo filho, ambos chocados demais para dizer qualquer coisa.
_Posso fazer isso o dia todo. –retira o blazer quando ouve o som dos passos de novos guardas aparecendo pela porta. –Ou você pode mandá-los embora e resolvemos isso pacificamente. Sua escolha. –Clarkson rosna, irritado, e com um único sinal de cabeça dispensa os soldados que se aproximavam.
_Encontrou um guarda-costas rebelde para te proteger? –ele se vira para mim, mas só depois entendo que ele está falando de Arthur.
_Rebelde? –Arthur pergunta inocente. Ele realmente não sabia sobre essa história.
_O que eu faço e com quem faço não é da sua conta. –retruco irritada, mas sem me deixar, descontrolar.
_Você se superestima, Senhorita Singer. –ele parece melhorar só para conseguir me ofender novamente. –Você não passa de uma pobre vagabunda. –cospe as palavras. Não teve nem tempo de observar minha reação e mesmo se tivesse, não se satisfaria ao achar que me veria abalada. O punho de Arthur foi do encontro de seu nariz, o fazendo cambalear pra trás e se segurar na parede para ficar em pé. Ele leva a mão ao nariz, que sangra, e me espanto agora verdadeiramente.
_Não se atreva a dizer mais nada sobre ela. –Arthur o ameaça, dando paços lentos em sua direção e sem encontrar qualquer tipo de resistência. –Eu sou um rei e ela é minha rainha! Então pensaria duas vezes antes de dizer qualquer coisa, porque não tem ideia das coisas das quais sou capaz.
_Está em meu reino, garoto, não tem a frota do papai para me intimidar. –Clarkson finalmente consegue se levantar, mas seu tom não soa tão ameaçador quando imaginava devido ao sangue que escorre do seu rosto.
_Não preciso de um exército. –sorri calmamente. –Mas preciso da minha espada e vou lutar para chegar até ela.
_Qual espada? –Maxon entra no perímetro da tensão, abrindo seus dois braços para impedir que os outros de colidam. –Nós não pegamos sua espada, não é mesmo? –olha diretamente para o pai, que dá de ombros.
_Na verdade... –Merlin se anuncia pela primeira vez. Já tinha quase esquecido que ele estava ali. O olho, raivosa, na esperança de que entenda e fique quieto, mas todas as atenções já estavam voltadas para ele. –Não são eles que pegaram a espada. America a escondeu. –o olho mais do que furiosa.
_Agora você coloca a culpa em mim? -esbravejo. –Você estava lá também! –ele dá de ombros e volta para seu lugar no canto da sala. Arthur me encara esperando uma resposta, assim como todos. –Guardei em nosso quarto quando ainda estava inconsciente. Tinha certeza que esse momento ia chegar e seria melhor para todos se ela não estivesse em suas mãos.
_Em nosso quarto? Onde... –ele não termina a própria fala, compreende aonde a deixei. – Acho que te ensinei bem demais. –dá as costas para mim, como se tivesse se esquecido completamente da discussão anterior. Todos pareciam extremamente confusos, as sobrancelhas arqueadas e diversas rugas de preocupação. Queria muito explicar, mas não tinha tempo.
_De onde é a final de contas? –Nicoletta despeja a pergunta que todos queriam fazer, e logo se encolhe novamente quando todos a observam.
_Eu nunca menti quando disse que vinha da Inglaterra. É assim que chama atualmente, não é? – assinto para uma maior confusão. –Só menti o ano. Eu não tenho nem ideia de que ano é esse. –Alguns sons estranhos saíram da boca de Clarkson, e provavelmente de todos os outros que ainda não conheciam a verdade, mas nenhum deles conseguiu formular uma resposta.
_Sua máquina estúpida funcionou. A Idade Média é... Interessante. –fico receosa em dizer horrível.
_É verdade. –Maxon diz receoso, os olhares agora focados nele. – Aparentemente seu pequeno projeto foi um sucesso.
_Esse é um bom momento para dizer que a máquina ainda funciona e ela na verdade nunca implodiu? –Merlin sorri, irônico, mas rapidamente se afasta quando Clarkson ameaça socá-lo, sendo segurado pelo filho antes.
_O que quero dizer é que posso não ter um exército aqui, mas posso facilmente encontrar seu descendente e matá-lo. O mundo me agradecerá por você nunca ter nascido. –mente. Não existe nenhuma possibilidade de isso acontecer, mas Clarkson não parece saber. –Eu já mudei todo o futuro vindo até aqui, mais um estrago não vai ser grande coisa. –os dois se encaram sem piscar por mais tempo do que eu conseguiria suportar.
_Me desculpem interromper a richa, mas pelo o que me lembro, a Inglaterra nunca teve um rei chamado Arthur, se esse for realmente seu nome. –Arthur não acaba com o contato para olhar pra Celeste, mas eu a olho surpresa que ela saiba alguma coisa a mais do que sapatos. –Quando se quer conquistar um rei, você precisa estudá-los! –dá de ombros.
_Eu não sei nada sobre essa Inglaterra ou de onde veio, mas sei que os saxões estão invadindo e a menos que eu volte para casa, eles queimarão meu trono e todos que amo morrerão. –segura o rei pelo terno, o que só a faz soltar mais fumaça pelo nariz.
_Você está mentindo. –cospe em Arthur, que fecha os olhos, e respira fundo diversas vezes, se controlando para não fazer nada precipitado. –Não pode ser quem diz ser, é impossível. Ele nem ao menos existiu!
_É isso o que falam de mim atualmente? –ele se vira para mim. –Que Arthur Pendragon não existe? –ele gargalha, rindo de puro prazer, e acaba por contagiar todos nós, deixando o clima no cômodo melhor. Pelo menos até que abrisse a boca novamente. –Ele não só existe, como vai chutar seu traseiro se ousar entrar em meu caminho novamente. –Solta o paletó de Clarkson, que aterrissa com dificuldade no chão. –Nós vamos embora assim que sairmos dessa sala, e você não vai nos impedir. –lança um último olhar de ódio para o homem e o dá as costas, saindo pela porta sem olhar para trás.
_Isso foi melhor do que eu imaginava.



gostaria de explicar o atraso, a verdade é que essa fic é postada primeiro no Spirit e depois quando temos tempo postamos aqui, só que estávamos fazendo  maratonas pq os caps já estavam prontos, acabaram infelizmente os caps prontos, por isso as postagens aqui podem demorar ( já pedirei desculpas adiantado por isso), mas quem quiser pode acompanhar no spirit, ficaremos felizes com sua presença lá 

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