Lost in mourning

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Pov Merlin

_Arthur! Arthur, vamos! Acorde! - grito repetidas vezes, as lágrimas embaçando minha vista completamente. - Não...- sussurro e ouço os passos chegando em meu encontro.- Por favor, me deixe ir no lugar dele. Por favor...- me rastejo até os pés de Anhora e imploro.
_Esse foi o teste de Arthur, não o seu.
_Você o matou!- a tristeza dá lugar a outra coisa, a raiva. -Meu destino é protegê-lo!
_Ele não está morto, garoto tolo. Ele só tomou uma poção para dormir. Irá acordar em alguns minutos.
Eu poderia ter pensado em muitas coisas elaboradas para dizer, mas essa foi a única coisa que conseguiu sair da minha boca.
_O quê?- o ancião suspira, cansado.
_O unicórnio tem sangue puro, se você mata um, tem que reparar o erro provando que também é puro de coração. Arthur estava disposto a sacrificar a vida pela sua.
_Ahã...- balanço a cabeça em concordância, minha boca ainda aberta em um perfeito "O".- Acho que é justo.- dou de ombros e me sento no banco novamente esperando que o bobo acorde de seu sono. Olho ao redor esperando encontrar Anhora e agradecer por, você sabe, não ter matado Arthur, mas já não o encontro.
Tento encontrar coisas para me entreter nesse meio tempo e finjo que todo o drama e todo o lance "eu morreria por você, meu grande amigo" nunca aconteceu. Logo Arthur tosse no chão e ruge de dor.
_O que aconteceu?-resmunga com a mão na cabeça enquanto tenta se levantar.
_Antes ou depois que você morreu?- pergunto inocente.
_Sabe, Merlin, se eu realmente tivesse morrido, eu juro que eu voltava para te matar também. - ele se recompõe e começa sua caminhada de volta para o labirinto.
_Sério? Nem na morte você conseguiria ficar sem mim?- o provoco e ele me empurra.
_Retiro o que disse. Vou fazer o máximo que eu posso para te deixar o mais longe possível de mim. - sorrio grato pelo não elogio.

Pov America

O sol está em seu ápice, mas mesmo assim não sinto calor. Pensava que mesmo depois de milênios desde o começo da raça humana, as pessoas teriam mudado. Eu acreditava que, com todo o desenvolvimento de tecnologias, medicina, que nossas ações mudariam com o tempo, as atitudes e o modo de viver consequentemente, mas desde que cheguei em Camelot, as coisas não conseguem parecer diferentes do modo como vivia em Carolina. A mesma corrida desesperada por um meio de sobreviver, a mesma arrogância, o mesmo jeito de pendurar as roupas sujas no varal, que é exatamente o que eu estou fazendo isso nesse momento.
_Tenho uma surpresa para você. - Tom, o homem que me acolheu e o qual me considera como filha, aparece entre as toalhas com uma caixinha nas mãos.
Sorrio intrigada e a pego. Abro os panos e vejo o botão em forma de flor, feito de ferro.
_Obrigado. É adorável.
_Caso você precise de um reserva. - é sua desculpa. - Você sabe... para isso.- ele estende o vestido na minha frente.
_É lindo!- o tomo em minhas mãos e admiro o trabalho. Claro que não chega nem menos aos pés dos vestidos que minhas criadas costumavam criar para mim em Angeles, mas é muito mais bonito dos que acostumei a usar por aqui e muito mais do que ele poderia pagar.
_Você é uma moça linda, Gwen. Merece coisas lindas.
_Mas deve ter sido muito caro!- exclamo e tento devolver o presente, mas ele segura minhas mãos e me faz olhar em seus olhos fraternos, e acabado me dando por vencida.
_Está tudo bem. Confie em mim. - o abraço forte.
_Você não precisava. - lindo a solitária lágrima.
_ Eu sei, mas nunca tive uma filha para dar nada e Elyan está sozinho em algum lugar aí fora, e eu nem ao menos sei se ele está vivo ou não. Você é tão boa para mim, que não acreditava poder encontrar um anjo nessa época da minha vida. Você trouxe luz para uma alma velha e solitária, então no que eu puder lhe agradar, eu farei sem ao menos piscar. - ele seca minhas outras lágrimas e me dá outro abraço.
_Obrigada. Pai. - completo e ele sorri.
_Acho que posso me acostumar com isso.

Lost In TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora