Lost with the real sister

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POV Morgana

_Prometeram se conduzir com nobreza, honra e respeito. Sua promessa é sagrada. - Uther caminha por entre os cavaleiros ajoelhados e de cabeças baixas, em seu diário discurso de nobreza. - Não acharão ninguém que isso melhor do que meu filho, Arthur. - o rei caminha até o filho orgulhoso. - Sigam seu exemplo e provarão que merecem o seu título. - ele acaba por sentar-se em seu trono, enquanto todos nós continuamos em pé ao seu redor e os mais novos cavaleiros de Camelot se levantam e fazem uma reverência ao seu rei. Até que ouço, ao longe, o barulho da luta. O metal da espada em contato com corpos quentes, os gritos aterrorizados e os passos fortes em direção da porta fechada. Olho para Merlin, Arthur, Gwen, qualquer um em busca de respostas, mas todos eles parecem perdidos assim como eu.
A porta é encarada, batendo na parede em um estrondo. Dela, um homem atravessa o salão em passos largos, os convidados abrindo caminho para ele. Está vestido de armadura completa, a espada na bainha, a cota de malha e o capacete encobrindo sua verdadeira identidade. Os guardas empunham suas espadas e impedem que o homem consiga prosseguir seu caminho, Arthur na frente, cara a cara com o penetra, que parece não se importar com qualquer um de nós na sala, somente com o príncipe. Ele retira a parte de armadura que cobre uma de suas mãos e a deixa cair no chão, o comum sinal de um desafio. Arthur tenta olhar para seu rosto através do capacete, mas logo se abaixa e pega o objeto.
_Aceito seu desafio. - anuncia e a todos começam a sussurrar e murmurar entre si, amedrontados. - Pelo combate, faça a cortesia de revelar sua identidade. - o silêncio se instala, todos encarando o participante inesperado com expectativa. Ele dá de ombros e lentamente se abaixa para retirar o capacete. De dentro, uma cabeleira loira sai, os fios claros caindo por seus ombros como uma cascata. A garota balança a cabeça, como se para que todos vejam quem ela realmente é. Me sinto atraída até ela quase que imediatamente, seu rosto, sua atitude, parecem tão comuns e familiares, só não consigo saber de onde.
_Meu nome é Morgause. - anuncia sem o menor medo. Ela encara Arthur destemida e por um momento gostaria de possuir a mesma coragem. Sem dizer mais nada, ela deixa o salão, sumindo no fim do corredor.
_Arrumem um quarto para a Senhorita e Arthur, venha comigo. -Uther se levanta, não parece nada feliz e, com passos fortes, leva sua fúria para fora também.
Passo o resto do dia tentando me lembrar do lugar onde a conheci, ou se ao menos a conheço mesmo. Posso estar ficando louca, ou não, eu não sei, só tenho essa intuição que diz que a guerreira é mais do que parece ser. A observo treinar no pátio central pela janela do meu quarto. Está tarde e escuro, mas ela continua lá fora, dando golpes e movimentando a espada pelo ar.
_Quem é ela? Porque está desafiando Arthur?- Gwen aparece ao meu lado e a observa comigo.
_Parece que ninguém nunca ouviu falar dela. - comento. - Sinto que já a conheço. - Confio em Gwen o suficiente para compartilhar meus medos e temores.
_Sério? De onde a conheceria?
_Não sei. - volto a olhar para baixo e a vejo me observando, mas ela logo volta a fazer o que estava fazendo. Quem é essa garota?
A manhã nasce clara e azul, bonita para qualquer outra coisa que não seja uma batalha até a morte. A multidão rapidamente enche a arena, gritando por finalmente terem uma distração. Morgouse permanece imóvel no centro, as mesmas roupas de guerra do dia anterior, a espada cravada no chão, esperando por seu adversário. Arthur aparece poucos minutos depois e sei só de olhar para ele que passou a noite em claro. Imagino que não seja uma situação das mais confortáveis para ele.
_Ele vai ganhar. - Gwen aperta minhas mãos ao meu lado e me acalma.
_Não é por ele que temo. - respondo sem conseguir retirar meu olhar da garota.
_A luta é pela regra dos cavaleiros. - Uther se levanta de seu lugar marcado e a multidão e senta, em silêncio, para ouvir o discurso de seu rei. - Até a morte. - meu coração palpita e suo frio.
Arthur caminha até a oponente e posso imaginar exatamente o que ele sussurra em seu ouvido para que ninguém ouça. Algo sobre essa ser sua última oportunidade de desistir, que ele não quer fazer isso, mas ela obviamente não o leva em consideração e ele volta par seu lugar frustrado. É muita arrogância! Os dois se afastam e tomam suas posições, prontos para atacar.
_Eu não consigo ver isso. - resmungo e Gwen me abraça, como uma mãe, tapando o meu campo de visão. Ouço o barulho do tilintar dos metais, gritos estrondosos da multidão sedenta por sangue. Gwen dá pulinhos no assento e gritos estridentes de vez em quando me fazendo assustar e consequentemente olhar para a luta, e em todos esses momentos Arthur corre algum perigo. O tempo que passa é uma tortura, a luta é até a morte, mas nenhum dos dois deve morrer. Arthur é praticamente o meu irmão, eu o amo e não suportaria vê-lo morrer, mas sinto uma conexão com Morgouse que é quase impossível de explicar, ela não pode ir embora sem me explicar quem é e de onde a conheço. Ouço o último grito, seguido pelo silêncio, e lentamente abro os olhos, com medo dos corpos que verei. Vejo Arthur caído no chão, ainda vivo, a ponta da espada apontada em seu peito. Uther se levanta, assim como todos os outros, esperando pelo último golpe. Morgouse fica em pé, satisfeita, a espada em mãos. Ela se abaixa, sem mover a arma, e se aproxima do rosto de Arthur.
_Me prometa uma coisa e pouparei sua vida. - ela não se importa em falar baixo. - Encontre-me em três dias e aceite o desafio que farei. Tenho sua palavra de que aceitará, não importa o que aconteça?- Arthur assente e Morgouse retira a espada de seu peito, indo embora sem dizer mais nada, deixando Arthur caído no chão, humilhado e envergonhado. Uther urra em fúria e deixa a arena, assim como todos nós.
_Deveríamos falar com ele?- Gwen sussurra enquanto saímos da arquibancada. Ela aponta para Arthur ainda deitado na areia.
_Preciso encontrar Morgause. Fale com ele, faça ele voltar pro quarto.- ela assente e sigo a mulher até seu quarto.
Bato na porta de madeira e espero que ela abra. Silêncio. Giro a maçaneta e vejo que está aberta. Adentro no quarto, igual a todos os outros de hóspedes, e procuro por ela.
_Não quis interromper. - digo quando ela aparece por trás das cortinas, sua armadura em mãos. - Queria me apresentar. Sou a Lady Morgana.- ela me analisa de baixo a cima, como se eu fosso um experimento.
_Eu sei.
_Como está o braço? Fiquei sabendo que se machucou.
_Vai sarar rápido. - tento me contentar para não ser direta e perguntar sobre sua vida.
_Parece cansada. - comenta e noto a preocupação em seus olhos. Porque ela ficaria preocupada com uma pessoa que nem ao menos conhece?
_Não venho dormido bem. - confesso.
_Sei bem o quão problemático isso pode ser. - sorri empática e relaxo os ombros.
_Será que já nos conhecemos?- pergunto mudando de assunto.
_Estou feliz por nos conhecermos agora. - não me responde e fico mais confusa ainda.
_É uma linda pulseira. - noto o bracelete de ouro em seu pulso esquerdo.
_Foi um presente da minha mãe. Por favor, gostaria que ficasse com ele. - o retira do braço e me estende. - Vai te ajudar a dormir.
_Eu não poderia aceitar. - retruco. - Deve estar cansada. Vou te deixar descansar. - dou uma desculpa e saio correndo do quarto.

_Morgana. Morgana. Acorde, Morgana. - ouço a voz doce de Gwen e dois braços me sacudindo.
_O que aconteceu?- pergunto ainda sonolenta.
_São quase meio dia. - diz e noto a admiração em sua voz. Meio dia? Não é possível que eu tenha dormido tudo isso.
_Acho que não consigo me lembrar da última vez que dormi tão bem assim. - comento com um sorriso e vejo, na cabeceira da cama, o bracelete de Morgouse. O tomo em mãos e agradeço mentalmente.
_Uther a convocou na sala do trono. Disse que é urgente. - Me levanto rapidamente e deixo que Gwen ajude-me a me aprontar. Em alguns minutos desço correndo até o salão, dando de cara com a porta fechada e nenhum guarda do lado de fora. Colo os ouvidos na madeira, espiando a conversa.
_A pulseira tinha a marca de uma das grandes casas. - reconheço a voz de Gaius. - A de Golorth. - reconheço esse nome, algo relacionado ao meu pai. - Há outra pessoa além de Morgana que usaria tal pulseira. A meia-irmã dela.
_Fizeram-me acreditar que a criança havia morrido. - Uther diz finalmente e caio no chão, encostada na porta. Ela é minha irmã, minha família, meu sangue. A única que ainda existe. E Uther mandou matá-la quando ainda era um bebê. Sinto a raiva subir por minha cabeça, o ódio fluir. Preciso falar com ela.

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