Lost where Arthur is a puritain

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Arthur finalmente chegou em Camelot depois de se encontrar com Morgouse. Nunca havia o visto tão sombrio e assim que passou por mim, abrindo com força a porta da sala do trono e mandando todos os presentes, sabia que havia acabado de ver seu pior lado. Ele bate as portas assim que a sala fica vazia e penso na possibilidade de ele matar o próprio pai, não duvido que depois da traição e da raiva a que foi posto, não tenha tentando. Fico assustada ao assistir a cena, mas Merlin rapidamente me atualiza e ficamos nós dois, olhando imóveis para a porta, esperando para saber o que acontece ali dentro e temendo para o pior. Consigo ouvir os gritos de ódio, mas não os compreendo. Até que pouco tempo depois a porta se abre e consigo ver Uther caído no chão, ainda vivo, e Arthur pisando fundo e sumindo no fim do corredor.

_Acha que deveríamos falar com ele?-pergunto baixinho para Merlin, que nega.

_Deixe ele pensar um pouco antes. Foi um grande choque para todos nós, ele ainda está muito abalado. - assinto.

_Porque você tem que ser tão teimoso?- grito com Merlin e ele abaixa a cabeça, triste.

_Eu não sei o que você está falando. - desconversa.

_Você estava lá, ouviu o que o dragão bizarro disse.

_Ele não é bizarro, só está velho. - me interrompe e respiro fundo.

_Não importa. Você ouviu o que ele disse. "A jovem feiticeira perdida". Porque não pode simplesmente admitir que também possuo magia? Porque não pode aceitar que somos iguais a você?

_Somos?- recapitula e assinto. - Você diz Morgana?- consinto.

_Porque seria melhor que isso nunca tivesse acontecido. - vejo a pena em seus olhos e desabo na cama. - Não foi o que quis dizer. É isso o que você quer? O constante medo de ser pego? O perigo da morte? Nunca estar a salvo? Prefere a loucura e o perigo à normalidade?

_Se eu soubesse como controlar essa coisa dentro de mim, eu conseguiria salvar minha própria pele, como você muitas vezes fez antes. Como Morgana poderia fazer.

_Eu já te disse, não posso ajudá-la. - me desespero.

_Porque, Merlin, por quê?- imploro.

_Porque o dragão bizarro disse que ela não deveria saber a própria força!- ele perde a paciência.

_Tarde demais. Ela já está ciente de tudo, e com medo. Buscou ajuda dos druidas de tão desesperada que está e sem saber que seu melhor amigo pode ajudá-la, mas não faz nada. Que grande amigo você é. - provoco e sinto as chamas em seus olhos.

_Sabe que sofro por isso, mas não posso ajudá-la. Confio em Kilgarrah. - o dragão.

_Só espero que não tenhamos que sofrer as consequências de seu egoísmo depois. Quando quiser me ajudar, estarei te esperando, ou terei que aprender sozinha com todos os riscos. Você que escolhe. - deixo ele sozinho, batendo em sua cara a porta da minha própria cara.

Se me dissessem antes que eu poderia controlar coisas só com simples palavras, fazer objetos flutuarem, amaldiçoar pessoas e até mesmo salva-las, eu seria a primeira criança admirada na fila a querer a receita para isso, mas depois de tudo o que vi, depois de tantas mortes pela fogueira que fugi para não ter que assistir, não desejaria esse fardo a ninguém, nem mesmo ao meu pior inimigo. Pode parecer idiota, mas ao ouvir o animal com asas pronuncia suas palavras e, mesmo que sendo implícitas, me senti alguém importante, como se eu finalmente tivesse um objetivo, uma finalidade no mundo. Eu poderia salvar pessoas, jovens inocentes que não merecem sofrer, poderia acabar com a miséria e tornar esse lugar, e talvez até mesmo Illéa, um lugar melhor. Eu recebi um dom, porque não usá-lo?
Ando pela cidadela sem qualquer rumo aparente. Só preciso de algo para relaxar e nunca imaginei sonhar tanto com os banhos de banheira do palácio em Angeles. Aceitaria até mesmo um chuveiro, qualquer coisa que não fosse os baldes de água e as tigelas. Encho um dos baldes de madeira com a água gelada do poço e caminho de volta para casa. Merlin não está mais ali, o que parcialmente agradeço, não quero discutir novamente. Ando de volta por entre barracas e pessoas desesperadas, tentando inutilmente impedir que a água jorre para fora dos jarros, mas quando consigo abrir a porta e adentrar na sala, o que antes estava cheio, agora está vazio. Tenho que caminhar quilômetros para conseguir um mísero litro de água e no caminho pessoas trombam e batem, me fazendo desperdiçar água e tempo, e ninguém ousa abrir a boca e me ajudar em algum momento. Jogo os dois baldes pelo ar. Eles batem na parede em um som estridente e caem no chão.

Lost In TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora