Lost in duels

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Pov Maxon
As coisas não estavam acontecendo do jeito que eu imaginava. Achei que a esse momento ela já teria relembrado seu amor por mim e já estaríamos caminhando juntos no pôr do sol, mas aparentemente não. Estava tentando decidir se continuar lendo essas páginas realmente teriam algum sentido útil para mim ou se estava me deprimindo a toa, não consegui. Eu queria parar, não queria ler as palavras e entender o que aconteceu, mas eu simplesmente continuei. Em menos de cinco horas já tinha terminado.
_Eu quero lutar. –digo com firmeza e ela, que estava de costas para mim, se vira confusa. Tomo sua mistura de susto como um motivo para continuar. –Com ele. Quero lutar com ele. –ela continua sem entender. A criada com qual conversa some rapidamente, nos deixando sozinhos. –Arthur. Quero duelar com ele. –eu esperava muitas reações dela, mas definitivamente não esperava que ela fosse gargalhar na minha cara. A encarei, sem entender a graça, até que ela parou depois de alguns minutos.
_Você está falando sério? –permaneço imóvel, sem abrir espaço para que faça piada da minha cara novamente. –Você nem sabe manusear uma espada! –tento não me sentir ofendido.
_Existem muitas coisas que você não sabe sobre mim. –ela se assusta com meu tom de voz e me sinto culpado imediatamente por ser grosso.
_Você pode ser um expert em esgrima, mas Arthur...
_Ele parece um deus com a espada. –faço uma péssima imitação da sua voz. –Li seu diário. Você diz isso na página quinze. E na vinte e três. Duas vezes. E em dezenas de outras páginas.
_Então você sabe muito bem que vai quebrar todos os ossos do seu corpo. –não me deixo intimidar, apesar da consciência escondida no fundo da minha mente insistir pra sair correndo até minha mãe.
_Eu não estou pedindo a sua autorização. O conheço o suficiente para saber que ele vai aceitar. Só queria avisar antes. –ameaço me retirar, mas sinto sua mão ao redor do meu braço e me viro para vê-la, poucos centímetros de mim. Eu conseguia sentir sua respiração e seu ódio.
_Ele está ferido. –sua voz é lenta e calma, como se estivesse falando com uma criança. O que só me irrita mais. –Uma espada atravessou seu corpo e espera que ele vá lutar com você só porque você acha que tem algo a provar?
_É muito mais do que isso. –retruco.
_Por favor... Não faça isso. –seu desespero para vê-lo bem só me incentiva mais a continuar. –Ele vai te machucar. Não quero ver nenhum de vocês ferido. –por um momento realmente achei que ela falava a verdade e não só usava meu amor por ela como uma vantagem.
_Você tem que parar de viver no medo. Ele é um adulto, pode fazer suas decisões por si só. –me desprendo de sua mão e me afasto o mais rápido possível para que ela não me impeça novamente.

Pov Merlin

Eu não queria ouvir a conversa, mas ouvi do mesmo jeito. Ninguém parecia saber que eu fazia isso e enquanto ficasse nas sombras continuaria. E dessa vez estava interessante. Escutar as brigas dos dois é meu passatempo favorito. A porta estava fechada, mas não é como se fizesse muita diferença para mim. Suas vozes ainda não estavam exaltadas, o que me faz perder algumas perguntas e respostas, mas consegui entender o básico e, admito, estava torcendo pela primeira vez para Arthur. America está certo, ele está debilitado, mas a curiosidade em ver essa luta fala muito mais alto do que a razão. Além do mais, podemos curá-los se forem machucados.
_Você vai acabar com ele! –ela grita exasperada. –Não tem sentido em fazer isso. Não precisa ficar chamando atenção.
_Isso não é sobre chamar a atenção. –consigo imaginar ele tentando se controlar para não ficar bravo na frente dela. Dois lados de si batalhando. –Eu me sinto um completo inútil nesse lugar. Só como, assisto televisão e durmo. Que tipo de rei faz isso? –ele tem um ponto, pondero. –Preciso fazer alguma coisa! Não consigo ficar parado tendo ouvir reuniões idiotas. Preciso gastar energia. Pelo menos estarei treinando para no futuro não me ferir novamente. –America gagueja, incapaz de dizer alguma coisa.
_Do que adianta treinar com ele? Não vai durar nem um minuto! Isso não é treino. –ela finalmente parece recupera a voz.
_Você precisa aprender a aproveitar a vida. –consigo imaginá-lo segurado suas bochechas. É o que ele sempre faz quando quer que ela cale a boca. Funciona. –Sei que tudo o que aconteceu conosco a endureceu. Você não é mais aquela garota de dezessete anos que apareceu em Camelot, consigo ver isso. Mas se não se acalmar... Não quero perde-la pro estresse. –Não consegui ouvir o resto da conversa, somente sussurros seguidos de passos, que cada vez mais se tornavam mais alto. Me afasto rapidamente da porta para fingir que havia acabado de chegar. Ameaço bater na madeira quando ela se abre.
_Você vem? –Arthur me pergunta. Nego com a cabeça e espero que ele se afaste para me virar para America.
_Você está bem?- ela bufa.
_Temos um duelo para ver. –me puxa pelo o braço e permanecemos em silêncio por todo o caminho até os jardins, onde, na extensão da grama, os dois escolhiam suas armas.
Não tinham muitas opções. Arthur reclamava porque haviam escondido Excallibur e mesmo sob ameaças ninguém a devolveu. America roía as unhas, nervosa, e nos sentamos em um banco perto dos dois. Estava me segurando para não rir da expressão hilária de Maxon. Tadinho, está amedrontado, mas agradeço por me proporcionar um show, o que há muito tempo não tinha.
Ele durou mais do que eu tinha apostado comigo mesmo. Arthur, como sempre, usou a vantagem de possuir um corpo ligeiramente maior e uma força razoavelmente maior também para atacá-lo antes mesmo que tivesse aprendido como manejar o ferro em sua mão. Ele conseguiu defender com dificuldade, uma expressão estranha em seu rosto. Maxon não era rápido o bastante para Arthur nem mesmo em seu pior físico. America continuava com os dedos na boca e eu não conseguia esconder meu divertimento.
O príncipe illeano gira a espada desenfreadamente, sem parecer te um objetivo concreto além de decepar o oponente. Arthur se assusta e recua, acho que não está acostumado com um inimigo louco que simplesmente joga a parte fina da espada para qualquer lado na esperança de acertar alguém. Consigo ver as engrenagens em seu cérebro, pequeno a propósito, trabalhando enquanto se desvia e o acertando com seus punhos uma vez ou outra, em uma estratégia rápida e simples que faça Maxon largar a espada para que possa derrotá-lo. Vejo seu sorriso se alargar quando Maxon o ataca. Ele se defende com a espada, deixando que ela chegue perto de si. Sua mão livre segura o punho de Maxon, provavelmente com mais força do que se era esperado, e lhe chuta a barriga. Maxon arqueia de dor, solta a espada e cai no chão a alguns centímetros de onde estava.
_Ai meu Deus. –America sussurra ao meu lado ao vê-lo caído. Maxon, no chão, rasteja para longe, o rosto sujo de grama e sangue. Arthur avança, pronto para seu golpe final, quando a ponta fina em suas costas o faz arquear assustado e deixa que Maxon se levante. Franzo a sobrancelha ao ver os cabelos ruivos com o vestido rasgado segurando a espada que antes pertenceu ao ex-namorado. Me viro rapidamente para o lado crente de que encontraria America roendo as unhas, mas não vejo nada. Agora sim a festa vai começar.

Pov Arthur
_Pronta para perder novamente? –sorrio malandro, esquecendo completamente do idiota fugindo de mim. Ela sorri, sarcástica, uma aura de poder emanando de si. Sua confiança e determinação, tão diferente de uma hora atrás, me fazem esquecer onde estamos e me vejo de volta a Camelot, onde um príncipe tolo tentava impressionar uma garota ao deixá-la vencer. Sorrio com a lembrança e levanto a espada em sua direção.
_Só se for em seus sonhos. E pelo o que me lembre, foi você quem perdeu. –retruca. Começamos a andar em círculos, sem desviar o olhar, nos encarando como presa e predador, e nesse momento realmente não sei dizer quem é quem.
_Você pode ter certeza de que está em meus sonhos. Só não desse jeito. E eu não perdi, foi uma retirada calculada para conseguir um prêmio muito maior. –sorrio malicioso, aproveitando sua distração e desferindo o primeiro golpe. Ela defende com razoável facilidade e se esquiva, em uma dança frenética. Vejo de relance Maxon ao lado de Merlin, tentando estancar o ferimento mas sem desviar os olhos de nós.
_Você está fora de forma, Pendragon. –zomba quando me dá uma rasteira, o que me faz cair no chão. Rolo para a direita a fim de evitar seu golpe, o que acaba por deixar sua espada fincada na grama, o suficiente para me dar tempo de levantar e me recompor.
_É isso que acontece quando uma espada atravessa seu estômago! –preciso recuperar o fôlego para dizer qualquer coisa.
Sinto minha barriga arder, levanto a camisa para ver o filete de sangue escorrendo do ferimento mal cicatrizado. Dou de ombros e a ataco. Ela consegue retirar a espada a tempo de defender meu golpe, mas ainda não suficientemente bem. Desfiro repetidos golpes, pela direita e pela esquerda, até que ela não consegue acompanhar e a espada voa para longe de si. Olho para ela, pensativo, então a ideia me vêm em mente. Desfiro três golpes em sua direção, não fortes o suficiente para atravessar sua carne, mas o bastante para rasgar seu vestido. Ela me olha, confusa, sem entender o que fiz, então seu vestido cai no chão. Ela me olha, completamente furiosa, e eu gargalho.
_Agora sim. –ela é tomada pela fúria, pegando a espada no chão e se voltando contra mim.
_Qual foi a primeira lição que te ensinei? –grito enquanto tento desesperadamente me defender de seus golpes impulsivos.
_Cale a boca, Arthur!
_Nunca. –aparo seu último golpe, segurando seu braço para impedi-la de me machucar. –ataque alguém quando se está movida pela raiva. –sussurro o resto da frase em seu ouvido. Sinto sua respiração ofegante em meu ouvido e derrubo no chão, dessa vez sem deixá-la se levantar. Foi só quando me abaixei para ajudá-la a se levantar que notei que tínhamos companhia. Mas nem tive muito tempo para ver quem eram antes de tomar uma joelhada naquele lugar. Urro de dor, gritando como uma criança e me contorcendo sem me importar com quem vê.
_Agora eu tenho certeza de que não vou precisar arrumar chá pra vocês. –ouço a gargalhada estridente de Merlin. –E ele foi castrado, Senhoras e Senhores. –tento reagir, mas estou debilitado demais para me levantar.
_Já falei pra parar com essa ideia de chá. –minha voz sai muito mais fina do que pretendia, arrancando algumas risadas. –Droga! –Vejo dois corpos correndo em minha direção, na tentativa de me ajudar. Os dispenso, ainda caído.
_Não se preocupem, estou bem. Golpe baixo, apesar de merecido. –digo sofrido e ela sorri constrangida enquanto sibila diversos me desculpe e se aproxima de mim. Não havia percebido até o momento o quanto estávamos sendo observados. Fui tomado instantaneamente pela raiva, me pondo na frente de America e impedindo qualquer um que a veja seminua. Eu adoraria continuar admirando minha esposa que está com roupas minúsculas vermelha, até porque eu provavelmente estava babando nesse momento, mas retiro minha camisa e a entrego. Ela faz uma careta, hesitante em aceita-la.
_Está toda suada. É nojento. –faço outra careta.
_Prefere a camisa ou que todos te olhem no caminho até seu quarto? –ela não precisa pensar muito parar passar o tecido por sua cabeça, não deixo de ficar aliviado com isso.
_Você o deixou ganhar? -Merlin corta o silêncio indignado. –Vamos, America! Sei que pode fazer melhor.
_Eu não...- ela ameaça retrucar, mas passo meu braço por sua cintura, a puxando para perto de mim.
_Deixe ele falar. É o Merlin, ele só quer atenção. –ela bufa. –E, a propósito, ótima joelhada. Fiquei orgulhoso.

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