Lost in gossip

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_Eu estou oficialmente com ciúmes. –a voz fraca me acorda. Pulo desesperada e vejo Arthur tatear o cinto procurando sua espada, mas ela não estava lá. –Vocês nunca dormiram no meu quarto. –me viro em direção da porta para ver Davi sorrindo para nós. Sorrio de volta e ele pula na cama, acordando a irmã, que começa a resmungar, e Arthur, que havia dormido na mesma posição desconfortável que eu.
_Você era muito pequeno para lembrar. –bocejo e lhe dou um beijo na testa. Davi se acomoda debaixo das cobertas com a irmã enquanto eu tento permanecer acordada.
_O que acham de passarmos o dia juntos? –o loiro sugere e não entendo como pode estar bem humorado tão cedo. Passamos a noite inteira conversando, praticamente não dormimos, mas ali estava ele, sorrindo. –Me redimir pelo dia anterior.
_Seria ótimo se o senhor não estivesse atrasado para a celebração. –Davi dá de ombros. Eu o olho, confusa, sem saber de nada sobre ter marcado algum programa para o dia de hoje. Arthur parecia extremamente perturbado enquanto tentava descobrir sobre o que o filho falava.
_Celebração? O qu... –começa a perguntar, então provavelmente se lembra do que havia ocorrido e não fica nada satisfeito. –Droga! –se levanta rapidamente, tropeça diversas vezes no caminho sob os risos da minha família, enquanto procura a porta. –Não achem que vão escapar. Quero vê-los em uma hora no salão principal. –faço uma careta e meus filhos resmungam, mas todos nos levantamos rapidamente.
Minha Merlin versão feminina já me esperava. Provavelmente sabia da reunião marcada e, apesar de não contar com meu atraso, tinha deixado tudo preparado. A banheira já estava cheia e a única coisa que eu queria naquele momento era um banho. Eu não queria conversas, não queria ser sociável, queria me afogar em meu próprio mundo solitário e tentar resolver minha própria vida. Sefa, minha criada, percebeu minha falta de humor e entendeu que eu gostaria de ficar sozinha, não precisei dispensá-la para que sumisse.
O que eu particularmente agradeci. Agora, de volta a sanidade, eu não conseguia parar de pensar em Arthur, na noite anterior. Ele disse que me perdoa, que me aceita de volta, mas eu não posso cumprir com sua única condição. Maxon ainda faz parte da minha vida, invade meus sonhos e faz meu coração bater mais acelerado e, mesmo que Arthur tenha dito que posso ficar com ele, que tipo de futuro poderíamos ter juntos? O destino parecia estar conspirando contra mim, porque a porta se abriu e Maxon apareceu pelo vão. Meu vestido apertava mais do que eu poderia suportar, o espartilho me incomodava e meu cabelo parecia simplesmente não permanecer no lugar. Tudo me incomodava, mas foi quando sorriu envergonhado ao me ver que perdi a consciência de todos os pequenos detalhes.
_Não queria pedir ajuda, mas dispensei minha criada. Então... –me viro de costas e espero ansiosamente os segundos que demoraram para que seus dedos tocassem minhas costas nuas. Cada toque era um choque elétrico em minha pele que a muitos anos eu não sentia, puxei o cabelo da parte de trás e assim conseguia sentir sua respiração acelerada em minha nuca. Minhas pernas tremeram e fiz meu máximo para não deixá-lo perceber seu efeito sobre mim.
_Como foi sua noite? –pergunta assim que se afasta. Imagino que tenha terminado com os laços e me viro para ele.
_Péssima, mas ao mesmo tempo impressionantemente agradável. –dou de ombros. –ele não responde, continua me observando. Estava morrendo de vergonha do silêncio, então continuei falando. –Arthur eu voltamos a nos falar. –ele não pareceu muito animado, mas se esforçou para abrir um sorriso fraco. –Ele disse que podemos ficar juntos se quisermos, embora eu ainda tenha de cumprir meus deveres como rainha.
_Então ele praticamente disse que eu seria seu amante. –ele parecia prestes a gargalhar. Não sabia exatamente o que fazer nesse momento, sabia que ele não aceitaria, não sabia se eu gostaria que ele aceitasse.
_Não se preocupe, eu disse para ele que é uma ideia estúpida. Não tem como dar certo.
_Porque diz que não vai dar certo? –Pergunto rapidamente e fico sem resposta. –Eu aceito.
_Aceita o que? –não sigo seu raciocínio.
_Ser seu amante. Eu aceito. –ele caminha até mim, segura minha mão e me obriga a olhá-lo. –Não podemos fugir, você tem dois filhos para cuidar, não posso voltar para meu tempo, ninguém sabe como fazer isso. Eu te amo, America e se esse é o único jeito de ficar ao seu lado, então eu aceito.
_Não, Maxon, não. As coisas não funcionam assim. –tento me livrar dos seus braços, mas ele é mais forte do que eu. Estava me sentindo enjoada, talvez eu sentia frio por isso, talvez eu tremesse não por Maxon, mas por me sentir mal, talvez, só talvez.
_Olha, eu entendo, você não consegue voltar para ele porque eu estou aqui, e não consegue ficar comigo porque ele é seu marido. Você tem caos na cabeça, eu entendo, mas não... Você está bem? – ele levanta meu queixo com dificuldade. –Está pálida.
_Estou bem. –minto, mas não havia como fingir, não quando sentia todo o meu café da manhã subir pela minha garganta.
_Nojento. –Maxon faz uma careta e se afasta um pouco. –O que foi isso? Quer saber, não importa, te levo para Gaius e no meio tempo encontro alguém para limpar... isso. –completa.
_Não, não. –corro até o banheiro para escovar meus dentes. Diversas vezes. –Estou bem. De verdade. –acrescento quando ele não acredita em mim. –Estou atrasada, muito atrasada. –passo direto por ele em direção ao salão principal. Ele tenta me impedir, mas eu precisava ocupar minha mente, precisava de algo para me manter ocupada e nesse momento assistir Mordred ser condecorado seria uma perfeita distração.

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