Lost with the perfect melody

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Dois dias no palácio conseguiram ser mais agradáveis do que os muitos meses que estive aqui antes. Sem Clarkson em meu pé e sem dezenas de mulheres brigando e discutindo entre si, até que esse lugar não se parece tanto com uma jaula. Estava feliz de ter todas as minhas mordomias de volta, de finalmente conseguir me sentir gente, com camas confortáveis e banheiras de espuma. Eu realmente estou ficando mal acostumada. Passava a grande maior parte do meu dia me preocupando com meus filhos, me perguntando a merda que Merlin deve ter feito para colocá-los em perigo e tentando compreender como ele pode estar em dois lugares ao meu tempo. Sempre que ameaço começar com esse assunto, ele desviava e arranjava um motivo qualquer para fugir.
_Você pode explodir todo o reino, mas se eu voltar e meus filhos tiverem um único arranhão...- ele ousa sorrir da minha ameaça, talvez não tão séria assim.
_Não se preocupe, eles estão bem. - o olho desconfiada. - Nem me pergunte, só acredite. - foi o que disse antes de desaparecer novamente e me deixar sozinha com todas as minhas inseguranças e preocupações.
Inspiro fundo e recomeço meu caminho. Eu não tinha ideia de para onde ia. Não possuía destino ou qualquer rota preferencial. Eu só queria fugir das minhas criadas. Não é que eu não goste delas, eu gosto, mas elas simplesmente não conseguem parar de me irritar. Não sei se é bobagem e pura saudade das minhas antigas, ou elas realmente são extremamente irritantes. Não me disseram o que houve com as três, ou o motivo de elas não terem nem ao menos escapulido para me encontrar, só disseram que estavam indisponíveis e receberia novas. Não fiquei muito satisfeita, mas como convidada tive que aceitar.
_Aspen!- reconheço seu andar no fim do corredor e ele se vira alarmado, uma arma em mãos apontada para mim. Dou um passo para trás por puro reflexo e ele parece relaxar.
_Nunca mais faça isso. - ignoro seu comentário e o abraço rápido.
_Você por acaso não saberia onde Lucy está? Ou Anne e Mary?- arrisco.
_Anne e Mary eu não sei, mas Lucy está na cozin...- não o deixo nem ao menos terminar sua sentença antes de lhe dar as costas e correr para o lado de onde vim.
Grito um obrigada por trás dos ombros, mas acho que já estou mais longe do que o ouvido consegue captar. Retiro o salto, algo que definitivamente não senti falta, e corro descalça pelo tapete do corredor. Consigo ouvir a voz de Silvia em minha mente dizendo que damas não correm ou qualquer outra coisa do tipo, mas nesse momento não me importo. As pessoas se assustam quando me vêem descer as escadas. Tenho dificuldades de encontrar qualquer pessoa especificamente devido a quantidade de barulho e funcionários amontoados, mas vejo que todos param o que fazem para me olhar.
_Me desculpem, não queria interromper, mas...- começo completamente constrangida pela quantidade de olhares, mas para ao ouvir meu nome.
_Senhorita America?- procuro pela voz fina na multidão. - Senhorita America!- uma pequena loira de braços curtos atravessa entre trabalhadores e fogões, um sorriso nos lábios e a felicidade no rosto. Me jogo em seus braços e deixo o sapato cair no chão. - Aspen me disse que havia desaparecido!- ela me abraça novamente para ter certeza de que estou realmente ali.
_Estou de volta!- ela me conduz por um labirinto de corredores até um pequeno quarto. Não passa de um pequeno quadrado beje com um beliche e dois pequenos armários, nada muito grande, mas parece ser suficiente para ela. - O que aconteceu com você? Cadê Anne e Mary? Eu me fui por duas semanas e vocês já pararam de trabalhar? Que preguiça é essa?- ela sorri fraca e paro de sorrir e fazer graça.
_Fomos convidadas a ser criadas da princesa. Ficamos sabendo que ela sempre admirou nossos trabalhos e que gostaria muito que trabalhássemos para ela. Mas não pudemos. Recusamos e Anne e Mary deixaram o palácio. - batalho internamente entre chorar por tamanha lealdade e abrir a boca de susto por tamanha surpresa.
_E você? Porque não foi com elas?
_Eu não poderia deixar Aspen aqui sozinho, ele se mataria tentando salvar um estranho. - sorrio ao notar sua felicidade ao falar do namorado.
_Vou falar com Maxon, pedir que volte para mim. Não preciso de outras, vocês são as melhores. - ela sorri satisfeita e me abraça novamente.
Não foi difícil dizer adeus, afinal agora sei que a verei em poucas horas, mas consegui sentir meu coração mais leve e meus ombros mais relaxados. Um problema a menos, agora só faltam muitos outros. Continuava a andar sem rumo, não tinha muitas coisas pra fazer, não sabia onde Arthur estava e eu ainda evitava Maxon o máximo que podia.
Provavelmente não o melhor a se fazer, mas simplesmente não aguento isso agora, brigas e discussões, só quero enrolar o quanto puder. Não o ouvi me chamando na primeira vez. Nem na segunda. Ou na terceira. Só soube que estava ali quando senti seus braços me segurando por trás e sua respiração em meu pescoço. Me viro assustado ao sentir seu toque, mas relaxo ao encontrar seus olhos.
_O que houve? Você parece distraída. - ele começa a brincar com as mechas do meu cabelo enquanto espera por uma resposta aceitável.
_Só tenho muita coisa na cabeça. – confesso cansada. Ele beija o topo da minha cabeça e segura minha mão quando começa andar, me guiando.
_Tem algo aqui que acho que vai gostar. Encontrei enquanto te procurava essa tarde. - ele abre uma porta desconhecida para mim e me faz permanecer parada no meio da sala, no completo escuro, antes de ligar a luz. Quando o quarto se ilumina, eu me ilumino junto. Rodo em um único centro para ver todo o lugar ao meu redor, o piano posicionado majestosamente em frente a parede oposta, o violino e outros muitos instrumentos que eu nem sabia que existiam. Arthur me observa da porta, encostado de lado na parede, com os braços cruzados e um sorriso maravilhado no rosto.
_É lindo vê-la assim. Sinto muito não termos isso em Camelot e sei o quanto sentiu saudades. Eles não são meus, mas imagino que possa aproveitar. - ele se senta em um sofá adjacente e me posiciono no banco em frente ao piano.
A melodia sai naturalmente. Meus dedos dedilham como se sete anos nunca houvessem passado. A música é natural e fecho os olhos para que possa senti-la por completo. A primeira canção se vai, e a segunda, já tinha perdido a completa noção do tempo enquanto escutava o lindo som. Só não esqueci de meu marido porque após um tempo ele me abraça por trás e começa a beijar meu pescoço.
_Serio?- pergunto com uma risada, mas ainda sem tirar os dedos do piano.
_O que posso fazer se minha mulher é irresistível?- ele sussurra em meu ouvido, me fazendo estremecer.
Não havia nem me virado por completo antes que ele selasse nossos lábios, como muitas vezes antes. Ele me eleva e passo minhas pernas por sua cintura enquanto ele me carrega para o sofá, ou pelo menos imagino que seja. Não descolamos nossos lábios nem por um segundo e quando sinto as coisas começarem a esquentar, ouço os passos do lado de fora. Abro os olhos assustada e me sento no sofá, fazendo com que Arthur beije o couro. Ele me olha confuso e peço que fique em silêncio para que possa escutar.
_Alguém está vindo. - pulo no chão rapidamente e começo a ajeitar o vestido.

Pov Arthur

_Não pode estar vindo alguém, ninguém sabe que estamos...-não termino, simplesmente me levanto alarmado quando ouço o som das batidas na porta.- Aqui.- completo sem convicção e ela corre de volta para o piano. Olho para baixo e coro completamente, me sento rapidamente no mesmo lugar de antes e jogo uma almofada no colo. America se segura para não rir, mas noto a preocupação em seu olhar. A porta bate novamente e uma figura miúda aparece pela fresta.
_America? Está aqui?- suspiro aliviada e relaxo os ombros. Sorrio, o máximo que consigo no momento, e ela entra timidamente. - Estou interrompendo?- ela olha sugestiva assim que me vê no sofá.
_De modo algum, não se preocupe, Majestade, ouvi a música e a encontrei tocando faz alguns minutos. Por favor, sente-se. - gesticulo o lugar ao meu lado e ela se senta. America sorri, provavelmente impressionada com minha capacidade de me manter calmo nos momento mais inoportunos e fingir que nada aconteceu. Ela sempre diz que assusta quando isso acontece.
_Acho que nunca a ouvi cantar. - a Rainha comenta com um sorriso e ela retribui, embora ainda desconcertada.
_Uma pena, é realmente lindo. - continuamos conversando enquanto America toca no fundo. De vez em quando ela me olhava e sorria, provavelmente rindo de algo que disse, e eu sempre sorria de volta, sem me preocupar que qualquer pessoa visse.
_Sua família poderia vir visitá-lo. - ela sugere. - Adoraria conhecê-los. - olho para America em busca de ajuda. - E a sua também, querida, tenho certeza de que sente saudades. - ela para de tocar na hora e nos encara.
_Adoraria, Majestade, mas infelizmente não acho que seja possível. Meu pai está muito doente e precisa de alguém que cuide dele. - ela sorri fraco, claramente decepcionada, mas assente. Acho que encontrei minha desculpa oficial. - Tenho certeza de que em breve, eles adorarão conhecê-la.
_E você, querida? Gostaria de conversar com eles?- America assente quase que imediatamente e America deixa a sala atrás da rainha, não sem antes me lançar um último sorriso. Me esparramo no sofá e gargalho da situação. Ela pode até tentar, mas não consegue resistir por muito tempo. Essa é a batalha que sempre ganho, a única importante, independente de onde for.
_Porque está rindo?- olho para a porta e vejo o príncipe me encarando como se eu fosse louco, o que provavelmente sou. -O que faz aqui? O andar é fechado.
_Sua mãe e eu ouvíamos America tocar. Não se preocupe, já estava de saída. - me levanto e passo por ele, fechando a porta atrás de mim.
_E porque era engraçado?- ele continua a conversa. Paro de caminhar e me viro para ele.
_Isso você terá de perguntar pra ela. - respondo vago e me distancio. Acho que nossa primeira conversa foi até que boa.

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