Lost in reconection

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Pov América
Eu sabia o que tinha de fazer, tinha passado a noite na enfermaria planejando e de tempos em tempos desistia. Eu me sentia uma idiota, mas depois me lembrava de que não havia outro jeito. Eu já havia feito isso uma vez e o resultado não foi exatamente como o esperado, mesmo que relativamente positivo no final, mas dessa vez eu tinha certeza de que funcionaria, até porque eu não encontrava outro jeito de fazer a vida se alinhar novamente. Eu não culpava Arthur por não acreditar em mim, eu mesma não faria isso se estivesse em seu lugar, também não culparia Maxon se ele resolvesse me culpar por todo o estrago em sua vida, naquela hora da noite eu achava que havia causado tudo de ruim para as pessoas ao meu redor. Eu me sentia insegura, observava meu reflexo e via a garota de sete anos atrás que tinha acabado de viajar no tempo, e eu odeio me sentir assim. Eu cavalguei entre exércitos, os liderei para a vitória e lutei ao lado desses homens enquanto o sangue era derramado. Eu não deveria me sentir insegura.
_Pode ir se quiser. –sou retirada dos meus pensamentos pela voz de Gaius, que finalmente havia decidido que não havia nada de errado comigo.
Faz horas que ele criava poções, misturava líquidos desconhecidos e fazia meu nariz coçar pelo fedor, mas de nenhuma forma me permitia levantar sem ter certeza de que estava completamente melhor. A noite inteira foi assim. Eu tentava lhe convencer de que não estava grávida e ele teimava, mas no fim ele resolveu ceder e simplesmente me mandou esperar. Eu esperei por mais tempo do que queria e quando perguntei se podia receber visitas, ela negou, o que só me deixou mais emburrada. Mas agora eu estava livre e desejava continuar exatamente onde estava.
_Tem certeza? Não quero ter de voltar aqui depois. –ele sorri e me abraça.
_Sim, minha criança. Arthur pediu para avisar que está em reunião e se estiver se sentindo melhor pode comparecer, senão ele lhe deseja a melhor recuperação. –arqueio a sobrancelha.
_Arthur disse isso? –ele sorri com meu espanto.
_Talvez não com essas palavras. –sorrio agradecida e saio daquela torre para finalmente respirar ar puro.
Meu quarto estava vazio, sem criadas, o que é um alívio. Não me lembro de tê-las dispensado, mas alguém deve ter feito isso. A banheira estava cheia e demorei mais tempo do que eu planejava para ter coragem de entrar na água fria. Eu não sabia quando a reunião havia começado, portando não tinha ideia do quanto atrasada estava ou se ao menos ainda rolava, não tinha certeza sobre o assunto, mas conseguia suspeitar. Me arrependi quando vi que não conseguiria fechar o vestido, e não existia qualquer outro que fosse diferente.
Me xinguei mentalmente por ter me tornado tão dependente de alguém, então vi minha armadura jogada em um canto, sem ser usada há anos, e achei que já estava na hora de retira-la do armário. Além do mais eu não tinha outra opção. Não a coloquei por inteiro, afinal ninguém merece ter de suportar o peso de todo o metal, vesti a parte mais leve, pra completar fiz um penteado com tranças para suportar a coroa, além de uma maquiagem forte e sai. Ninguém notou minhas vestes incomuns até entrar no salão. Foi só abrir a porta que todas as cabeças se viraram na minha direção. Reconheci todas e soube que aquilo não era uma simples reunião, era um conselho de guerra. Que bom então que já vim preparada. Sorri confiante, levantei o queixo, e me dirigi para o trono ao lado do meu marido, que me observava durante todo o projeto. Maxon estava ali, ao seu lado esquerdo, parecendo extremamente deslocado. Arthur tinha a mão nos lábios, parecia prestes a rir.
_Onde acha que está indo, amor? –provoca para o riso de alguns. Eu não me importava de rirem de mim, estava de bom humor e a situação realmente era engraçada.
_Você dispensou minha criada e meus vestidos não se fecham sozinhos. –respondo no mesmo tom.
_Acho que essa era a intenção, Majest... –Gwaine se levanta, pronto para anunciar mais algumas de suas baboseiras, então com uma agilidade que nem eu mesma sabia que tinha, retirei a faca do cinto de Arthur e a atirei em direção do moreno. Ele não estava muito longe e minha mira é horrível, então aquela provavelmente não havia sido uma boa ideia. Mas ela cravou na madeira da cadeira onde ele estava sentado, e eu respirei aliviada.
_Não ouse pronunciar as palavras. –eu não sorria como antes, queria passar uma mensagem que todos pareceram entender rapidamente. Ele engoliu em seco, retirou a adaga de seu assento e permaneceu em silêncio.
_Morgana? –pergunto para quebrar o silêncio e me inclino sobre a mesa circular, onde no centro havia um gigante mapa do território, marcado com diversos pinos e representações de exércitos e fortificações.
_Nossos espiões voltaram pela manhã. Aparentemente o cristal que ela roubou não foi de grande ajuda. –a alegria brotava dentro de mim, conseguia sentir minhas pernas se movendo de excitamento. –É uma boa notícia. –o capitão da guarda, que havia se levantado para contar a notícia, volta a sentar-se.
_É mais do que uma boa notícia. –Arthur retruca e olha todos ao seu redor. –Alguém sabe por quê? –ninguém respondeu. Ele me olhou e sorriu, e eu sabia exatamente do que ele queria dizer.
_Nós estamos falando de Morgana. Ela está brava, cega pela raiva e sabemos o que ela faz quando está com raiva. –tento induzi-los a resposta e vejo alguns olhares de compreensão, poucos, mas alguns. –Ela ataca.
_Como um ataque pode ser uma coisa boa? –um velho careca se levanta. Eu nunca gostei dele, sempre foi contra minha participação, mas Arthur precisava de sua frota e de seus impostos, o que lhe dava uma vaga naquele lugar. –Não preciso lhes lembrar o que ela nos mandou fazer na última vez! Ela é louca! –sorrio, um sorriso cheio de escárnio.
_Realmente, eu sou louca. –admito. –Mas sou a louca que salvou o traseiro de vocês em Lundene. Se não fosse àquela cidade de pedra, nenhum de vocês estariam aqui para reclamar. –rosno. Ele ameaça dizer mais, mas seus companheiros o seguram antes. Inspiro fundo e continuo. –Morgana não pensa quando está com raiva, ela só pensará em seu objetivo primordial.
_Me matar. –Arthur completa. –O que significa que ela me seguirá para onde eu for, não vai pensar, não vai raciocinar, estará cega pelo ódio. Dou duas semanas até que ela chegue na cidadela. Mas ela ainda possui magia, ainda tem uma vantagem sobre nós.
_Então escolhemos o terreno, um lugar que poderá imobilizá-la, ou pelo menos a maior parte do seu exército. –eu olhava para o mapa, então não soube quem havia acabado de se pronunciar. Estava ocupada procurando falhas, qualquer coisa fora do comum, e quase gargalhei de tão óbvio que estava.
_Você realmente está enferrujado se não conseguiu ver isso. –me dirijo para Arthur e aponto no mapa o lugar que queria lhe mostrar. Camlam. Ele sorri, orgulhoso.
_Eu notei faz duas horas, estava esperando para ver se mais alguém iria ver. –os homens se levantam, inclinando-se sobre a mesa para ver o lugar onde meu dedo apontava. –Alguém conhece esse lugar?
_É perfeito, Majestade. Um pequeno trecho da antiga estrada romana, de um lado um precipício e escondida pelas montanhas. Se a encurralarmos, ela não terá para onde fugir. –assinto animada.
_Está sugerindo que dividamos nosso exército? É suicídio! –o mesmo velho levanta a voz. _Podemos contratar mercenários, ou melhor, pedir um exército emprestado. –sugiro.
_Pedir emprestado? Que rei nos emprestaria seu exército? Teríamos de lhe pagar uma fortuna e nem assim poderíamos ter certeza de que cumpriria com o acordo. –ele estava certo, admito mesmo que doa.
_O senhor não tem muitos amigos, não é mesmo? –ele olha para Arthur, como se para saber qual a relevância da pergunta. Arthur sorri e faz um gesto para que eu continue. – Amigos fazem tudo o que puderem para ajudar os outros sem pedir nada em troca, eles não pensam em dinheiro ou poder.
_É por isso que Mithian nos doará seu exercito, por que... –ele caminha até Merlin, que ouvia a conversa atentamente e já havia percebido que no fim tudo sobraria para ele. –Merlin aqui vai ate lá pedir ajuda. E uma garota sempre cede quando seu ex- noivo aparece implorando. –Arthur sorri, se divertindo da situação e empurra o criado até o centro do salão. – Aparentemente as coisas estavam pegando fogo por aqui enquanto estávamos fora. –eu ia perguntar mais sobre o assunto, estava curiosa, queria saber detalhes, queria saber como Arthur havia descoberto aquilo, mas Merlin não parecia querer dizer muita coisa, não queria nem pensar no assunto e achei que a tarefa que Arthur o incumbia parecia um castigo, mas ele sabia que dependíamos dos homens de Mithian.
_E como tem tanta certeza de que ela aparecerá? Não é uma rota comum.
_Leon, escolha duzentos homens e entre nas terras de Morgana, queime os arredores dos vilarejos, mas não as casas, as famílias precisam ter um lugar para voltar no fim. Mas preciso de fogo o suficiente para ninguém duvidar de que está tudo queimado. Levem todos que encontrarem e certifique-se que os homens não as machucarão. Leve minha armadura e mande que alguém a vista, faça aparições, deixe que ela saiba exatamente quem está fazendo aquilo. –Arthur explica.
_Homens não lutam quando suas famílias estão em perigo. E Morgana não é nada sem seus homens. Ela não vai ter opção além de segui-los. Siga para o lugar combinado, se esconda e quando eles perceberem, a armadilha já estará montada. –completo com um sorriso de canto. _Agora!- Leon se levanta rapidamente e some pelo portão. –Os outros estão dispensados. Juntem seus homens, quero vê-los em uma semana em Camlam. –eles fazem uma ligeira reverência e correm para fora. Me jogo na primeira cadeira que encontro e suspiro aliviada. As coisas estão dando certo, tudo vai ficar bem, não preciso me preocupar com Mordred, ele nem estava aqui, não sabe os planos, tudo vai ficar bem.
_O que ainda está fazendo aqui? –Arthur pergunta para Merlin. Ainda restavam quatro pessoas no salão, e ninguém se levantava. Merlin suspira e lança um olhar de ódio para o rei. –Sei que não quer ir, mas preciso que entenda que não temos outra opção. Sei que me odeia nesse momento e posso conviver com isso se souber que no final ela terá ajudado a finalmente acabar com a ameaça de Morgana. Sei que as coisas não acabaram bem entre vocês dois, mas eu juro que nunca mais peço nada para você. –o olho assustada por tamanha compreensão e palavras bonitas. As pessoas surpreendem afinal.
_Eu poderia ir com ele? –Maxon se pronuncia e todos nós o encaramos, confusos. –Não tem muita coisa para se fazer aqui. –dá de ombros, mas eu sabia que esse não era o motivo para querer fugir. Ele sabia que eu tentaria reatar meu relacionamento com Arthur e não gostaria de estar aqui para ver isso.
_Claro, vejo vocês em uma semana. –ele não se despede e vai embora sem olhar para trás, com Maxon o seguindo.
_E o que fazemos agora? –quebro o silêncio.
_Eu vou procurar sua criada e você vai se trocar. –ele se levanta.
_Porque você tem que ir atrás dela? –ele se vira na porta e sorri.
_Dar o ar da minha graça. –dá de ombros. –Preciso visitar minhas amigas. –bufo, sem ter a certeza se fala sério ou não. Eu sabia o que precisava fazer e independente se isso fosse verdade ou não, eu já tinha tomado minha decisão e só precisava colocá-la em prática.
_Além disso. Tem alguma coisa marcada? –ele olha ao redor para se certificar de que falo com ele. Balança a cabeça em negação. –Poderia me acompanhar? –ele hesita, mas segura minha mão enquanto o guio pelos corredores.
_Vai me contar aonde estamos indo? –essa foi a primeira palavra que trocamos no caminho.

Estava frio e eu me segurava para não tremer enquanto caminhávamos pela quase deserta rua da cidadela. A feira estava sendo desmanchada e as famílias entravam em suas casas, mas havia uma no fim que estava há anos sem ser usada. A poeira acumulava e parte das janelas estavam quebradas, as pedras pareciam a ponto de desabar, e ainda assim, quando entramos, ela parecia nova. Centenas de velas estavam espalhadas pelo cômodo, onde o único móvel que ainda restara era a cama de solteiro que eu costumava passar minhas noites. Mesmo com todas as chamas, ainda estava escuro, mas claro o suficiente para que eu conseguisse observar sua expressão de surpresa e incredulidade.
_Isso é novidade. –comenta ainda sem olhar para mim. O conduzo até o meio da sala, onde ele continua se virando para ver o lugar por completo. –Faz quatro anos que não entro aqui, mudou bastante. –assinto em silêncio, tomando coragem. –Existe algum motivo para a cama ou...?
_Não, não! –corro para explicar. –Foi uma coincidência. –ele assente sem acreditar, mas não retruca.
O silêncio era tenso, eu sabia que ele provavelmente se perguntava o motivo para tê-lo trago ali, também sabia que precisava começar logo ou ele iria embora, mas as palavras simplesmente não sabiam. Retiro o anel que guardava no cinto e o passo pelas mãos. Sorrio, observando o bom trabalho que o ferreiro havia feito. Reis utilizam seus brasões em anéis e o passam para seus filhos como legado. Arthur tem um com o dragão de Camelot, um que foi de seu pai e que em breve se tornaria de Davi.
_Eu tinha um discurso, mas já esqueci. –rio do meu nervosismo. –Eu queria lhe dar um novo, algo que representasse a nova família que criamos e a nova dinastia que fundamos, algo para simbolizar nosso novo começo. Porque é isso o que quero. –engulo em seco quando encontro seu rosto impassível. Eu não esperava que chorasse, mas também tinha a esperança de que demonstrasse alguma reação, qualquer uma. Tenho dificuldades em me ajoelhar pela armadura, mas quando enfim consigo, encontro seus olhos. –Eu te amo, Arthur, e cometi muitos erros no caminho até aqui. Talvez se não os tivesse cometido não teria descoberto o quão impossível é viver sem você ao meu lado. Não existem palavras para dizer o quão mal estou por tê-lo feito sofrer, nunca foi minha intenção e eu espero poder reparar por meus erros até o fim das nossas vidas, porque tudo o que desejo é recomeçar. Eu quero o nervosismo do nosso primeiro beijo e a péssima iluminação do nosso casamento, quero as brigas, as discussões, a ansiedade do próximo encontro e a êxtase por finalmente tê-lo para mim. Eu quero tudo de volta, os momentos bons e os ruins, eu só não tinha ideia do que fazer para provar o quanto eu te amo, o quanto quero estar ao seu lado, tudo parecia frívolo e sem graça, então isso me veio em mente. Então, Arthur Pendragon, quer se casar comigo? –ele não sorriu, não se moveu, e eu engoli em seco, finalmente entendendo como é estar do outro lado. É desesperador esperar por uma resposta. Meu joelho estava doendo, ele não pareceu perceber, pelo contrário, ajoelhou-se na minha frente.
_Então a iluminação na nossa festa de casamento estava ruim? –ele sorri e não tinha percebido até aquele momento o quão nervosa estava. Rio e assinto com a cabeça. –Então teremos que fazer outra. –engasguei. Não um dos meus melhores momentos, admito.
_Outra festa de casamento? Então isso quer dizer...
_É claro que é um sim. –me interrompe para meu alivio. –Eu adoraria me casar com você. De novo. –me joguei em seus braços e selei nossos lábios.
O momento pareceu tão certo que sufocou qualquer voz que gritasse dentro de mim pelo contrário. Eu o amo e esperei tanto para que as coisas finalmente dessem certo e agora, quando finalmente aconteceu, não parece real. Eu sabia que teria de encontrar uma nova armadura nos dias seguintes, porque eu poucos minutos eu já não tinha ideia de onde tinham ido parar ou em que estado estavam. Eu só sabia que o corpo quente de Arthur colado ao meu me levava a loucura. Recuei rapidamente em direção a cama e, ainda sem nos descolar, me deitou na cama.
_Como a primeira vez. –comenta quando nos separamos pela primeira vez. Sorrio, me lembrando da noite em que finalmente havia confessado meus sentimentos, e volto a beijá-lo.


  Acho que vcs ja podem começar soltar arco iris pela boca
E tambem vou postar outro cap hoje ( podem ficsr felizes)
E obvio que no proximo essa alegria deles tem que acabar
Ate a proxima  

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