Lost trying to prove my fake force

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Arthur se manteve distante desde nosso pequeno incidente. Ele me cumprimentava, era educado, mas nada mais do que isso. Acho que ele não sabe muito bem como se expressar. Eu também não sei. Estou apaixonada por um homem que me deu o pé na bunda, que está há milhares de anos de distância, beijei um homem que eu antes odiava, mas que agora começo a olhar com outros olhos. Então entendo o motivo de não sabermos exatamente como conversar. Não amo Arthur, pelo contrário, acho praticamente impossível que um dia vá amá-lo. A menos que fique muitos anos perdida aqui, o que espero ansiosamente que não aconteça.
Estava caminhando pela cidadela, tentando conhecer as pessoas, porque apesar de estar nessa terra há mais de seis meses, parece que só possuo quatro amigos, e gostaria de expandir meu ciclo. Conheci George, o padeiro e ele me prometeu pães quentes todas as manhã. Agradeci Mary pelos vestidos e disse que sempre que precisasse de algo, pediria para ela. Estava gastando minha última moeda em verduras quando sinto sua presença.
_Deixa que pago. - Arthur entrega o ouro, que era muito mais do que o alimento realmente custava, e a dona o agradece repetidas vezes.
_Não preciso que pague para mim. Tenho meu dinheiro. - pego a comida e dou meia volta.
_Eu sei. - ele parece magoado. - Mas é falta de educação recusar um presente. - continuo andando e finjo que ele não está ali. Já estava quase chegando em casa quando noto que ele está ainda ali. Bufo.
_O que quer Alteza?- pergunto de mau humor e ele sorri animado.
_Quero que abra um sorriso. - forço um. - Pode ficar melhor. Mas enfim, uma luta. - o olho sem compreender. - Em Ealdor, você disse que me ensinaria aquele truque, bem, estou ansioso para aprender. Garanto que temos muitos remos disponíveis. - não consigo saber se ela realmente está falando sério.
_Então você quer perder?- semicerro os olhos e ele sorri divertido. Provavelmente não deveria ter falado isso, eu não consigo nem ao menos segurar uma espada sem deixá-la cair, mas nunca o deixarei ganhar.
_Eu não perco. - resmunga. - Mas sim, quero ver você tentar.
_Achei que pensasse que mulheres não lutam. - retruco e ele dá de ombros.
_Não achava. Mas agora sei que estou do lado de uma mulher cheia de ideias revolucionárias.
_E o que isso quer dizer?
_Isso quer dizer que se eu escutá-la vou levar meu reino à ruína, ou a glória. Realmente espero que seja a segunda.
_Então gostou das minhas atitudes fora do comum?- me impressiono. Talvez eu não seja tão insuportável quando eu imaginava.
_Algumas. - o olho esperando pelo resto da resposta. - Por exemplo, quando você cortou seus vestidos até a altura da coxa. Seria maravilhoso se todas as mulheres se vestissem assim. - instintivamente abro a boca, assustada e parcialmente ofendida. - Estou brincando. - diz ao notar minha reação. - Não, não estou. - continua envergonhado e rio de sua atitude.
_Não acho que isso vá acontecer, mas foi boa a tentativa. - ele dá de ombros, satisfeito consigo mesmo. - Amanhã?- ele assente.

_Você é louca. Completamente louca. - Merlin continua dizendo. - Ele é Arthur Pendragon! Já o viu lutar? Como ele mesmo diz "eu fui treinado para matar desde o meu nascimento." Você vai morrer em trinta segundos!
_Sua confiança é mim é extraordinária. - esbanjo sarcasmo.
_Olhe, America, eu te adoro, mas você não faz bem o tipo atlética.
_Por isso estou aqui. Tenho uma proposta. - escondo o sorriso e o olho séria.
_Tudo bem. Estou ouvindo.
_Você vai roubar pra mim.
_Para provar que Arthur não é nada?- assinto. - Estou dentro! Magia?- assinto.
Explico tudo o que pensei e ele ouve atentamente, me ajudando em alguns aspectos e me corrigindo quando achava que algo estava fora de cogitação. No fim da noite já tínhamos um repertório inteiro para mostrar como sou falsamente forte. Mas é claro que nada planejado aconteceu.
Eu realmente não consigo entender esses dois. Eles são tão opostos, mas ao mesmo tempo tão idênticos. Passam o dia inteiro xingando um ao outro e simplesmente não conseguem admitir que são melhores amigos. Se bem que eu entendo, não estou fazendo a mesma coisa?
Acordei na manhã renovada, com uma sensação estranha em meu peito. Arthur não poderia ser pego batendo em uma garota, mas também não poderia ser visto perdendo para uma. Ele tem uma reputação a manter, e de qualquer jeito se dará mal. Pego uma das espadas que Tom fabricou antes de morrer e a levo para a arena. Arthur já estava lá, discutindo com Morgana, é claro, mas tirando os dois, o lugar estava vazio. Não sei se isso me deixou feliz ou não.
_Por favor, Gwen, me diga que vai desistir dessa loucura. - Morgana se joga em cima de mim.
_Me desculpe, mas não vou. - Arthur me olha desafiador e tenho cada vez mais certeza que tenho que fazer isso.
_Acabe com isso agora, Arthur Pendragon! Ou eu juro que vou... Eu juro...
_O que Morgs?- Arthur sorri galante.
_Não me chame assim. - ela inspira. - Se não posso te ajudar a sair, acho melhor te ajudar. - ela me puxa para um lado afastado e começa a botar em mim uma armadura que impressionantemente parece tamanho baby look, se isso existir. - Você tem certeza, não é?- assinto, minha confiança abalada. - Então boa sorte, vai precisar. Vou estar ali do lado...- sai sem dizer mais uma palavra.
Me encaminho para o centro da arena, onde Arthur me espera, espada e escudo em mãos. O metal pesa em minha mão e o medo em meu corpo. Merlin disse que acabaria as tarefas de Gaius rápido e viria me ajudar, mas a luta já estava para começar e nenhum sinal dele. Ergo a cabeça para procurá-lo mais longe, e nesse meio tempo sinto o escudo se retrair, quase caindo dos meus braços.
_Preste atenção Gwen! - Morgana grita ao longe e me viro para frente a tempo de ver a espada de Arthur a centímetros de distância. Não tenho ideia de como fiz isso, mas levantei o escudo, o mais rápido que consegui, na frente do meu rosto e recebi o golpe. Caio no chão arfando de dor e sinto que isso não é nem metade do que ele consegue fazer. Tomo coragem e me levanto cambaleando. Não tive nem tempo de respirar direito antes das próximas virem. Parecia um jogo de gato e rato, onde eu era o rato e só sabia fugir. Corria pelo local, me desviando de lâminas e tentando inutilmente pensar no que fazer. Mas não aguentei isso para sempre, comecei a mancar e já não aguentava mais respirar. Uma de cada lado, em sequência. Perdi a conta de quantas, só me escondi atrás do escudo e recuava um passo a cada golpe. Foi quanto percebi que faltavam dois passos para eu chegar na parede, e quando chegasse, não teria como eu me esconder.
Merlin ainda não chegou e realmente começo a cogitar a possibilidade de morte. Arthur nunca te mataria! Uma voz grita na minha cabeça. Mas o medo é maior do que a razão. Olho ao redor, já encostada na parede e faço a única coisa que poderia fazer no momento. Me jogo no chão e finjo uma contusão. Provavelmente não a saída mais honrosa, mas definitivamente a mais sensata. Ele para de se movimentar e me olha preocupado. Aproveito sua distração e desfiro meu primeiro golpe, que mais parecia uma criança tentando inutilmente empunhá-la, e que ele facilmente reprime. Arfando de cansaço e dor, consigo me levantar e me afastar um pouco, me dando alguns segundos para respirar e pensar no que fazer. Foi no último segundo que tive para apreciar o oxigênio, que vi Merlin atrás da pilastra. Não soube dizer se o que via era real ou uma simples ilusão pela falta de ar, mas ao me notar o observando, ele acena.
_Graças a Deus. - sussurro e pulo para o lado, me esquivando da ponta afiada, mas mesmo assim ela corta a bainha da minha roupa e minha carne também provavelmente. Paro por um momento para observar o ferimento. Não parecia muita coisa em comparação em todos os que vi nos cuidados de Gaius, mas ainda assim estava feio. A espada vinha de cima. Arthur é muito maior e eu ainda estava ajoelhada, então a espada provavelmente fincaria em alguma parte do meu corpo que é essencial para minha humilde vida. Mas ela nunca chegou. Pelo contrário. Escorregou da mão e Arthur e caiu para trás, fincando na areia, não no meu coração. Arthur nunca faria isso, é claro, mas o impacto de falar isso é mais legal. Ele olha ao redor, confuso e envergonhado então se vira de costas para mim e tenta retirar a espada, mas é como se tivesse alguma segunda força a segurando no chão. Fico parada, olhando e agradecendo a deus e a Merlin por isso.
_Não fique olhando Gwenevere! Ataque!- a voz de Morgana me acorda de meu transe e seguro a espada desengonçadamente, bem quando Arthur consegue retirar a sua. Desfiro meu segundo golpe, que para, sem graça, em seu escudo. Ele se assusta e faço, talvez, o mais inédito dos golpes. Eu não conseguiria nunca ganhar de Arthur em seu jogo, nem mesmo com a ajuda de Merlin, agora vejo isso, então precisarei usar de outros métodos. Pulo nele, literalmente. Ele larga a espada, com medo de que me machuque, o que eu esperava que ele fizesse. Meu peso e o choque o fazem cair no chão, eu em cima. Talvez não uma cena comum para se ver, e agora noto que não somos mais os únicos no lugar, que agora possui uma multidão eletrizada. Seus olhos me encaram, esperando para ver o que farei a seguir. Ele tem a força para me retirar dali, mas não faz nada. Me levanto e pego a espada caída no chão, enquanto ele permanece deitado.
_ Se rende?- aponto a ponta afiada para seu pescoço e ele sorri.
_Sim, senhorita. - Sorrio orgulhosa de mim mesma e a multidão vibra. Jogo a espada longe e ele se levanta.
_Vamos, temos que te levar para Gaius.- ele rasga um pedaço de sua blusa e pressiona meu ferimento, que continua a sangrar. Agora que a adrenalina finalmente se foi, consigo sentir a dor. Ele me pega no colo e corre até a enfermaria.
_Você foi bem. Parabéns. - ele diz depois que Gaius já me fez sofrer com ervas e outras coisas. Como sinto saudade dos antibióticos!
_E você me deixou ganhar. - não sorrio. - Obrigada. Sei como vão te importunar por isso. - ele dá de ombros. - Porque fez isso?
_Queria provar um ponto. - responde vago.
_E qual seria?- ele hesita.
_Queria mostrar para você que não me importo com minha imagem como você acredita. Que não sou o homem que você acreditava que eu fosse. Que sou melhor. Queria começar a mostrar que posso ser digno, que valho à pena.

Lost In TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora