Lost where Morgana is lost

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Pov Morgana

Não sei onde estou. A névoa ao redor me impede de ver qualquer coisa, flutuando livremente como nuvens, elas se afastam e diminuem a medida que caminho em sua direção, se dispersando para os outros lados. Não há para onde ir. Não vejo o chão e não sei onde estou, só ouço sua voz doce sussurrando meu nome repetidas vezes. Tento segui-la, mas é como se o som viesse das paredes, de todos os lados, da minha própria cabeça. Estou de pijamas, descabelada e pálida, como um fantasma assustado.
_Quem está aí?- grito e ouço o eco da minha voz. - Morgause? Onde você está?- berro. Ofego com medo e vejo a névoa na minha frente se dissolver lentamente, uma figura se formando turva atrás. Tateio o chão e pego um galho, o seguro firme e aponto para a sombra.
_Não é necessário disso, vim para alertá-la. - ela caminha em minha direção, o rosto impassível. Deixo o galho cair no chão e a abraço.
_Isso é real? Estamos em um sonho?
_Os dois. - ela responde com um sorriso. - Não posso entrar em Camelot, não depois do que fiz, Uther está atrás de mim. Me encontre na saída leste, perto das muralhas à meia-noite e poderemos conversar.- seu rosto começa desintegrar na minha frente, como folhas sendo levadas pelo vento.
_Acorde, Morgana. Acorde. - ouço seu sussurro em minha cabeça.
_Não vá!- tento abraçá-la novamente, mas meus braços passam direto pela fumaça. Ela não está mais aqui. Fecho os olhos com força, então acordo em um sobressalto. Troco de roupa, jogo uma capa sobre o rosto e me escondo entre a escuridão, me esgueirando por entre sombras e correndo furtivamente por corredores para despistar guardas. A capa balança com o vento enquanto corro na ponte leste até as muralhas. Desço a escadaria das torres e me vejo do lado de fora do castelo.
_Morgause, Morgause!- chamo por ela, que sai detrás das árvores e me abraça animada.
_Fale mais baixo ou nos ouvirão. Aproveitei a troca da guarda, mas não temos muito tempo. - nos separamos. - Por tantos anos espero conhecê-la. Passei décadas te observando de longe e agora você finalmente sabe a verdade. Nossa mãe teria orgulho de você. Olha como cresceu!
_Você não veio só para me dizer isso, foi?- ela assente hesitante.
_Não. - confessa. - Você é poderosa, Morgana, pode vir a se tornar uma Alta Sacerdotisa, mas para isso precisa de treino. Não pode continuar vivendo com Uther e em constante medo. Temo por você. - ela segura minhas mãos e noto a preocupação comigo. - Eu posso te ajudar. A entender quem você verdadeiramente é, a sua origem, o seu destino. Mas preciso que venha comigo.
_Agora?- começo a suar frio. Amo Camelot, Arthur, Gwen e Merlin, como poderia deixá-los? Mas a proposta de Morgause parece irrecusável, afinal, toda órfã sonha em saber de onde veio.
_Eu vou adorar. - ela sorri abertamente e corremos por entre a mata, sumindo na escuridão.

Pov America
_Morgana?- bato na porta, mas ninguém responde. Não ouço seus costumes gritos de dor por causa dos pesadelos, ou o simples movimento dos passos dentro do quarto, nada. Giro a maçaneta e entro, a luz do sol iluminando o local através das janelas de vidro. Olho imediatamente a cama, ameaçada e desarrumada, mas sem ninguém. Olho o banheiro, o closet, mas ela já não estava ali.
_Morgana?- berro em uma última tentativa. - Droga. - murmuro e deixo o quarto aberto, saindo correndo a procura de Arthur.
Bato na porta do príncipe várias vezes, mas ele também não me atende. Ele não pode ter sumido também, pode? É coincidência e estranheza demais para um dia só. Abro a porta subitamente, preocupada, e gargalho ao vê-lo dormindo em posição fetal, os lábios em forma de um biquinho, como uma criança.
_Droga Merlin! Já disse que não é para me acordar!- resmunga enquanto se levanta, provavelmente para brigar com a pessoa que o acordou, no caso eu, mas ele para ao ver que não sou seu servo.
_Ahh é você. - ele comenta, já em pé, a expressão mau humorada dá lugar ao sorriso alegre.
_E você está só de cueca.- comento e ele olha para baixo, notando a verdade e se cobrindo com uma almofada, sua expressão hilária.
_Acho que empatamos.- concordo com a cabeça e me viro de costas para que ele troque de roupa.
_Como está o Davi?
_Está bem. Não chora mais toda vez que o seguro. Acho que se acostumou comigo. - sorrio ao lembrar de seu rostinho.- Gaius está tomando conta dele para mim hoje.
_Não que não tenha gostado da visita, eu adorei, mas o que exatamente está fazendo aqui mesmo?- ele me abraça por trás e beija minha bochecha, me fazendo ficar cara a cara com seus olhos brilhantes. Por um momento esqueço completamente o que fazia ali.
_É Morgana. Ela sumiu. - ele me olha confusa.
_O que quer dizer com sumiu?
_Ela não está no quarto, a cama está desarrumada e vim ver se você a havia visto. Mas pelo jeito não. - respondo apreensiva.
_Não se preocupe. - ele me abraça. - Tenho certeza de que ela foi fazer qualquer que for essas coisas que mulheres fazem a essa hora da manhã.
_Não tranquilizou muito. - retruco e ele sorri, me puxando para um beijo.
_Senhor, me desculpe, mas estou aqui agora!- Merlin chega abrindo a porta rapidamente, desesperado e com pressa. - Você já está pronto. E muito bem acompanhado pelo visto. – provoca
_E você está atrasado. E interrompendo!- Arthur responde sem desgrudar seus olhos de mim.
_Então... Você dormiu aqui de novo, Gwen?- me lança um olhar malicioso e sinto Arthur cerrar os punhos.
_Quem acha que eu sou, Merlin?- Arthur parece ofendido. - Nem responda. - rio.
_Você por acaso viu Morgana por algum lugar enquanto vinha até aqui?- ele nega.
_Realmente acha que alguma coisa aconteceu?- Arthur me olha preocupado e assinto. - Então precisamos correr. - ele segura uma das minhas mãos e corremos procurando por Uther.
_Você fica aqui. Já volto. - ele me dá um rápido beijo e abre os portões da sala do trono, que batem em um estrondo. Todas as cabeças do conselho se viram para ele, que caminha até o pai e sussurra algo em seu ouvido.
_O que?- berra furioso e se levanta da cadeira rapidamente. - De onde você tirou essa idiotice?
_Morgana não é vista desde a noite anterior. Sua criada encontrou sua cama desarrumada, mas nenhum sinal dela e ninguém a viu saindo da cidadela durante a madrugada ou a manhã.
_Chamem a garota. - ordena e dou o mínimo dos passos para dentro da sala. Faço uma reverência ao entrar e repito minha história para todos que possam ouvir.
_Sabia que aquela mulher nos traria problemas. -resmunga. -Reúna uma patrulha e procura nos arredores da propriedade. É seu dever encontrá-la. Se não a achar, encontre um culpado. Qualquer um. - Arthur faz uma reverência e sai, sem antes me lançar um olhar significativo. -E você. - sinto minhas pernas bambearem, mas não o deixo saber. - Pode ir embora.- me dispensa como se eu fosse uma inutilidade em sua vida.
Saio da sala batendo os pés, furiosa com tamanha prepotência. Olho para o chão, com a certeza de que descontarei minha fúria na primeira pessoa que eu ver na minha frente. Até que sinto uma força em meu braço e me vejo ser puxada para dentro de uma porta. Sinto um corpo colado ao meu, mas não consigo ver, a luz é praticamente inexistente.
_Respire fundo. Sei que ele te deixa louca, mas não perca o controle. - Arthur sussurra no meu ouvido e estremeço.
_Não tem tropas para preparar?- soo mais hostil do que esperava.
_Sim, mas achei que meu tempo seria melhor aproveitado com você.- não consigo vê-lo, mas sei que sorriu.
_Só volte cedo, tudo bem?- ele me abraça, seus braços fortes envolvendo minha cintura.
_Sabe que ele só me deixará voltar se eu a encontrar. - sinto sua respiração pesada quando encosto minha cabeça em seu peito. - Tome cuidado por aqui. Com sua queridinha protegida sumida- sinto a amargura e a inveja em sua voz- ele vai descontar toda a sua raiva no primeiro que encontrar. Queria ficar aqui. - suspira. - Aproveitar que você não terá que trabalhar e passar um tempo com você e com Davi. Tinha tantas coisas planejadas.
_Temos muito tempo para fazer tudo depois. Só a traga de volta para casa. - me inclino em sua direção, preciso ficar na ponta dos pés para encostar em seus lábios, mas ele logo passa suas mãos pela minha cintura e me ergue no ar, em uma despedida digna.
Arthur não volta por um mês. 30 dias que eu e todo o resto do reino ficamos sem notícias sobre o futuro herdeiro, mas quando ele voltou, muitos preferiram que ele tivesse continuado no lugar onde estava antes. Em quatro semanas Arthur e seus companheiros passaram de reino em reino, vilarejo em vilarejo, mas não conseguiram encontrar Morgana em nenhum lugar. Uther se amargurou e enfureceu-se completamente, como a criança mimada que é. Culpou diversos inocentes, magos e garotas que o único crime que cometeram foram estar no lugar errado na hora errada.
_Você tem que pará-lo, Merlin!
_Eu? O que acha que posso fazer, America? Ele é o rei, e o rei decretou que sua protegida foi sequestrada por druidas e feiticeiros que desejam derrubá-lo do poder!- se exalta. - A única coisa que posso fazer é esperar que a poeira baixe e me manter fora de vista até lá. E se eu fosse você, faria o mesmo. E quando eu digo ficar fora de vista, eu quero dizer de Arthur. Sei gostam um do outro, mas a menos que você seja a uma das rainhas dos Cinco Reinos, você está em perigo estando com ele.

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