Lost and stuck

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Pov América
Minha manhã começou no chão. Acordei alarmada, em um pulo de susto que me fez cair e bater a cabeça. Demorei poucos segundos para estranhar o ambiente ao meu redor. Podia estar a poucos dias em meu novo quarto, mas sabia que aquele não era ele. As paredes eram escuras, o piso era de mármore e, mesmo que o sol entrasse pelas janelas abertas, ainda parecia extremamente escuro. Levei a mão à cabeça dolorida pela queda e resmunguei alguma coisa inaudível. Me levantei com dificuldade e voltei para cama. Não sabia que horas eram, se era cedo ou não, o dever provavelmente me chamava, mas não me importei, voltei para debaixo das cobertas e me virei do lado contrário da luz na tentativa de voltar a dormir, mas só encontrei os olhos abertos de Maxon me observando.
_Não queria te acordar. –me esquivo do seu olhar quando as memórias da noite anterior me vêm em mente. Minha briga com Arthur, minha atitude desesperada e carente de não querer ficar sozinha. Eu estava com raiva e isso não acontecerá novamente, mas me lembro claramente do olhar de Maxon algumas horas atrás quando teve de me suportar chorando por outro homem. Ele podia estar feliz por Arthur estar fora da jogada, mas me ver desse jeito o mata.
_Não se preocupe, já está na hora de levantar de qualquer jeito. –suspira olhando pro teto de pedra, nenhum dos dois confortáveis na situação.
_Me desculpe por aparecer ontem, eu não sabia o que fazer, então me lembrei se você e... –perco o dom da palavra pelo constrangimento. Ele permanece em silêncio. –Enfim, me desculpe. –cuspo as palavras o mais rápido possível e me levanto, catando minhas roupas para voltar ao meu quarto antes que minha criada note meu sumiço, o que parece muito improvável. Ele permanece deitado de barriga para cima, o olhar penetrado no alto só se moveu quando a porta se abriu.
_Elyan? –deixo minhas coisas caírem no chão, sem conseguir controlar meu corpo.
_Eu a achei! –grita para o lado de fora e fecha a porta atrás de si bem a tempo de me segurar enquanto me jogo em seu pescoço para abraçá-lo.
_Ai meu Deus! –não consigo controlar minha felicidade. –Por onde andou? O que está fazendo aqui? Quando chegou? –o metralho com perguntas, ele só sorri e espera gentilmente que eu acabe de falar.
_Cheguei tem alguns meses. –dá de ombros como se não fosse nada demais.
_Mas... Como não o vi antes? –tinha me esquecido completamente de Maxon atrás de mim, mesmo que Elyan o lançasse olhares de confusão e raiva.
_Merlin me mandou para o reino de Mithian, disse que algo estava para acontecer e não poderia ir pessoalmente. Não imaginei que você fosse esse algo! –ele me abraça novamente. –Estou tão feliz de vê-la! –meu sorriso some, porque seu pai, o homem maravilhoso que havia me acolhido em meus piores dias estava morto e a culpa foi inteiramente minha.
_Tom... a culpa foi minha. Eu... –as lágrimas involuntariamente começaram a correr.
_Sei que fez tudo o que pode para salva-lo. –abro um mínimo sorriso quando o vejo fazendo o mesmo para mim. –A não ser que Arthur tenha encolhido drasticamente desde que o vi anos atrás, não acho que esse seja seu marido. –suas palavras não passam de um sussurro, mas toda a surpresa, a descrença e a desaprovação ficam muito visíveis. Abri a boca para responder, encabulada com a aproximação de Maxon, e a porta se abre novamente, dessa vez mais subitamente e com um barulho ensurdecedor.
_Cadê ela? –Nunca havia vido ira no rosto de Merlin, nem mesmo uma pequena fagulha de raiva. Em todas as vezes que o Arthur o mandou limpar estábulos e o fez ser um saco de pancadas, nem assim ele se irritou. Dei alguns passos para trás quando encontrei seus olhos furiosos, sem entender o que poderia ter causado tamanha comoção, mas assustada. Merlin possui o maior coração que já encontrei, para algo tê-lo irritado deve ser grave. Seus olhares se alternam entre mim e Maxon e, se possível, pareceu mais perigoso quando o viu ao meu lado. –Você dormiu aqui? –ele tenta se conter, mas vejo que está nervoso pela quantidade de vezes que abre a fecha a mão. Não respondo. –Vou repetir, America, você...
_Sim. –sinto raiva por ter falado comigo desse jeito, como se fosse uma criança, quando na realidade sou sua soberana. Ele pode ter sido rei por um tempo, mas não possui poder algum sobre mim. – Algum problema? –ele sorri, o mesmo sorriso sarcástico de sempre.
_Sim, America, muitos problemas. –fecha a porta atrás de si e eu particularmente agradeço por isso. –Enquanto estava aproveitando seu tempo com ele. –ele faz uma cara de nojo quando olha para Maxon, que se segura para não se descontrolar. –sua filha estava sendo sequestrada por saxões! Então eu te pergunto, algum problema, Majestade? –ele faz uma reverência zombada e ameaça ir embora antes de Elyan o segurasse pelo braço.
_E você? Como se sente destruindo uma família? Será que não percebe que não é bem-vindo aqui? –ele pergunta a Maxon, os dois se encaram e nesse momento Merlin pareceu muito maior do que sempre foi. Vou me lembrar de sua expressão de determinação para sempre, porque era a mesma feição que via em mim sete anos atrás e por algum motivo eu a havia perdido.
_Só conte a ela o que aconteceu. –Elyan se coloca no meio dos dois. Ele é grande o suficiente para amedrontar os dois lados e forte o suficiente para parar os dois caso ainda assim queiram brigar.
_Faz alguma diferença? Ela se foi, não? –consigo ouvir sua respiração ofegante, dou alguns passos calculados em sua direção e ele não se afasta.
_Porque só me chamou agora?
_Porque o idiota do seu marido ordenou precisamente que você não soubesse.
_Você estava com ele? Onde ele está? Foi capturado também? –seguro os ombros do meu amigo e o balanço em busca de resposta, mas ele sorri com minha pergunta idiota.
_ É Arthur de quem estamos falando, onde acha que está?
_Seguiu os homens, é claro. –bufo de cansaço. –E porque você não está com ele o tirando de encrenca? –o acuso, socando seu braço.
_Porque não achei que levar Davi para onde for que ele foi seria uma ideia idiota. –caminhava pelo quarto tentando pensar, minha cabeça doía e eu estava exausta, mas precisava fazer alguma coisa.
_Mande preparem meu cavalo. –ordeno enquanto continuo caminhando e só me viro alguns instantes depois quando não notei nenhuma notificação. –Porque não estão se movendo?
_Desculpa, mas temos uma ordem explicita de te manter no castelo a qualquer custo. E planejo segui-la.

Lost In TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora