Lost with the oldest bizzare

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Pov Arthur
Já faz horas que o espero. Horas que estou trancado à sete chaves no quarto sem ter opções de sair. Horas de medo e preocupação, sem saber o que está acontecendo do lado de fora, sem saber de America está bem. Tudo aconteceu tão rápido que não consigo nem mesmo acreditar que isso realmente é verdade. A viagem de volta foi curta e em completo silêncio, não tive nem a chance de dizer nada a ela antes de me trancarem aqui. A porta se abre com força e meu pai marcha para dentro. Paro de me movimentar e ele caminha em minha direção, rindo como nunca o vi antes. Porque ele está rindo? Ele não deveria estar rindo! Mas isso é um bom sinal afinal ele não está bravo, está?
_Achei que ficaria furioso.- comento um pouco mais aliviado e ele tenta parar de gargalhar, colocando a mão na barriga para isso.
_Já fui jovem um dia, sei as tentações das serviçais.- assinto com a cabeça, entrando em seu jogo, mas enojado por dentro.
_Desculpe esconder de você, pensei que era melhor.- ele finalmente consegue parar de rir.
_Nenhum dano sério foi feito.- percebo agora o quão tenso estava até aquele momento.- Obviamente não posso permitir que continue.- ele continua e me assusto.- Não depois do que aconteceu da outra vez. Nunca mais poderá ver essa garota.
_Acabou de dizer que nenhum dano foi feito.- tento fazê-lo ver a razão.
_Você se divertiu, agora pode acabar.- seu tom é frio, uma completa mudança do minuto anterior.
_Qual o problema em ela ser uma empregada?- refaço a mesmo pergunta que fiz há três anos atrás.
_A sobrevivência de Camelot depende de fazer alianças pelo casamento.- ele explica, mesmo que eu não o ouça.
_Mas eu não posso me casar com alguém que não ame. Eu me importo com ela.
_Não posso permitir. Eu o proíbo!.- agora sim está a reação que eu esperava e que temo.
_Não pode proibir meus sentimentos mais do que eu.- elevo meu tom de voz, já impaciente com sua teimosia.- Eu a amo.- seu rosto se contorce quando digo as palavras que ele mais teme.
_Não me deixa escolha. Ela está banida da cidade.- ele ameaça ir embora, mas o puxo de volta, o que só o deixa mais raivoso.
_Ela não tem para onde ir! A vida dela é em Camelot.
_E se ameaçar voltar, será pena de morte. Você causou isso Arthur, essa é minha decisão final.- ele marcha para fora e soco a parede, quebrando provavelmente todos os ossos existentes ali e urro de dor.
_Ouvi o que aconteceu, sinto muito.- abro os olhos e enxugo as lágrimas para ver Morgana me observando.
_Foi minha culpa.- me jogo no chão e encosto na parede, sem qualquer motivação para me levantar.- Não consigo acreditar que talvez nunca mais a veja.- confesso e ela me abraça.
_Ela irá para exílio?- assinto de cabeça baixa.- Não tem mesmo outra escolha?
_Sempre há escolhas.- digo vago.
_O que fará?- não hesito em responder.
_Partirei com ela.
_Está deixando Camelot?- não esperava outra opção dela, mas não posso deixa-la, nem se pudesse, não acho que conseguiria.- Renunciaria seu direito ao trono?
_Um dia, voltaremos a Camelot juntos, e America terá seu lugar no trono ao meu lado.- falo com tamanha certeza e convicção que consigo convencer a mim mesmo. Ela engole em seco, sem saber o que falar ou fazer a seguir, então sorri e vai embora, me deixando com uma mão quebrada e um coração partido.
POV Merlin
_Vou levar a refeição da prisioneira.- digo para os guardas que dão de ombros e me deixam passar. Uther realmente deveria encontrar pessoas melhores para ficar com seus prisioneiros, mas não por enquanto, não até conseguir tirar America desse lugar, de novo.
_Trouxe comida.- um terceiro guarda abre a cela e vai embora, nos deixando sozinhos. America sorri, confiante e morde um pedaço do pão duro.- Você não parece muito preocupada.- comento assustado com sua atitude.
_Eu poderia sair daqui a hora que quisesse, você sabe, magia... mas se fizer isso confessaria que sou culpada.- a ouço atentamente.- Mas se eu não conseguir encontrar outro jeito de limpar meu nome é o que farei.- ela dá de ombros.- Além do mais, não é a primeira vez que fico aqui, eu até acho que essa cela deveria ter meu nome.- ela ousa sorrir, mas não consigo dizer nada.- O que estou fazendo aqui mesmo? O que me lembro é que eu seria banida, não presa.
_Morgana.- ela assente triste. De todos nós ela foi a que ficou pior com a recente traição.- Ela plantou alguma prova de feitiçaria no quarto de Arthur e o rei está convencido de que foi você.- ela revira os olhos como se fosse óbvio que ele pensaria assim.
_E Arthur?- sinto o medo em sua voz.
_Está nocauteado na enfermaria. Tentou de todos os jeitos vir aqui salva-la quando a viu sendo carregada. Ele não tinha chance contra todos aqueles guardas, mas mesmo assim tentou.- ela sorri, satisfeita, um sorriso triste de saudade.- Não se preocupe, eu tenho um plano para te tirar daqui.-minto e seu sorriso se ilumina.
_Tem um feitiço no livro que você me emprestou, está em uma das últimas páginas. Está em latim, mas acho que você consegue traduzir.- ela diz quando já me viro para ir embora.
_Então como sabe que vai ajudar?
_Eu vi as figuras.- ela sorri orgulhosa.- O que quero dizer é que me assustei na primeira vez que te vi e descobri que você só tinha dezoito anos.- me aproximo tentando entender o que ela quer dizer.- Nas histórias você é sempre retratado como um velho. Espero que ajude.- fico ali por mais um tempo esperando que ela diga mais alguma coisa, mas não. Vou embora sem saber o que fazer.
Gaius trabalha em silêncio. Já estamos aqui há horas, olhando um para a cara do outro sem saber como começar uma conversa. Falei para ele minhas suspeitas sobre Morgana e ele as ouviu sem me julgar e sei que por dentro ela sabe que é verdade, mesmo que tente dizer para si mesmo que a garota que ele cuidou quando menor está ali ainda.
_Se não podemos expor o verdadeiro feiticeiro- me levanto subitamente e ele deixa um líquido estranho molhar alguns de seus pergaminhos. Ele xinga baixo, mas me olha esperando que eu conclua meu pensamento.- Então devemos inventar um. E se um feiticeiro por pego plantando um item idêntico ao encontrado no quarto de Arthur? Uther não teria escolha senão libertá-la.- me animo e corro para meu quarto e pego o livro que emprestei para America, abrindo na extaa página do feitiço.
_Conhece um feiticeiro burro o bastante para fazer isso?- é o que ele pergunta.
_Eu.- respondo com um sorriso.- Se eu me disfarçar não importa se estou preso. Posso usar magia para escapar e então me transformo de volta e todos acharão que ele fugiu.
_Não importa o quanto se disfarce, temo que Arthur te reconheça.
_Não se eu tiver... oitenta anos.- ele me olha espantado enquanto leio as folhas e preparo ingredientes.
_Eles são imprevisíveis, Merlin. Se o feitiço falhar, você será exposto.- tento me concentrar na poção e me esquecer de sua negatividade.
Trabalho incessantemente pelas próximas horas e hesito na hora de tomar o líquido verde e escamoso. Tenho uma súbita vontade de vomitar, mas engulo do mesmo jeito com uma careta. Toco meu rosto, a pele flácida, as rugas profundas, a barba longa e observo meus dedos enrugados. Tento dar um passo e sinto a dor imediata. Porque velhos tem que sentir tanta dor? Cambaleio até a sala, coma a ajuda de uma bengala, e paro esperando que Gaius me note. Ele me encara, abismado, a boca aberta de choque, fica imóvel e tomo isso como um sinal de que estou bem escondido com essa quantidade de dores musculares e fios brancos.
_Você me conhece como ninguém, Gaius. Me reconhece?- faço a melhor voz rouca e grossa que consigo e ele se aproxima, sem conseguir descolar os olhos de mim. Ele se inclina mais para perto e olha atentamente.
_Há algo de você em seus olhos, mas deve ser porque o conheço.- ele dá de ombros e me olho no espelho.

Lost In TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora