02 - Porquês, parte 1

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Mesmo esquema de postagens de sempre, capítulos divididos, mas, nesse começo, em três em três dias. E tá doidãaaao, como sempre ahahha

Fiz uma página no facebook, basta pesquisar meu nome "Jasmin Palumbo" lá ou acessar o link externo para curti-la. Amanhã começarei a publicar quotes de meus livros <3  

***


Marte; Z-Mil, Agora


E o Agora era Agora e no Agora estávamos enlouquecendo.

Talvez, ainda, não estivéssemos tão alucinados, mas, com certeza, estávamos o mais perto disso.

Ariana continuava gritando e tentávamos falar para ela parar, porque mesmo que ela não ouvisse sua voz, nós ouvíamos e ela estava quebrando. A voz dela estava diminuindo gradativamente e, seu tom rouco, estava se tornando fino, quase audivelmente quebrável.

Era ruim de ouvir, mas seria ainda pior quando ela tentasse falar e não conseguisse.

Merry tentava acalmá-la, mas, ela não parava no lugar. Enquanto Merry tentava tocar em seu ombro para confortá-la, Ariana fugia de seu toque e começava a andar em círculos pela sala, ainda aos gritos e pontapés.

Luke estava batendo suas mãos de maneira brusca na parede invisível que o dividia das meninas e mesmo que ninguém ouvisse o que ele tentava falar para elas, eu quase podia ouvir suas palavras em minha mente:

Senhorita Pink... Faça. Ela. Parar!

Ou talvez ele estivesse sendo mais grosseiro e direito:

Cala a boca, War!

Não importava o que ele tentava dizer, parecia que nada tinha efeito em Ariana.

James estava me encarando e seu olhar azul brilhava. Seu cabelo estava crescendo depressa e eu gostaria de voltar no tempo para olhá-lo como antes eu fazia. Não que agora eu não o olhasse e o admirasse, mas antes, quando tudo parecia tão calmo e tranquilo quando eu era apenas uma Estranha confusa, eu tinha tempo para simplesmente olhá-lo, sem medo de que a qualquer segundo algo pudesse acontecer.

Porém, uma parte de mim, não gostaria de voltar no tempo. Uma parte de mim gostaria de viver exatamente tudo que eu estava vivendo, porque, mesmo com todos os problemas eu estava com todos os meus amigos e estava mais forte do que um dia eu sequer imaginaria que estaria.

Tentei sorrir para James, mas eu não sabia se meus lábios estavam realmente se mexendo como eu imaginava.

Ele, do nada, sorriu e balançou sua cabeça com seu sorriso ainda impecável em seu rosto. Às vezes eu esquecia que ele lia meus pensamentos. Mesmo que eu não estivesse realmente sorrindo eu pensava sobre isso e assim ele sabia o que eu queria.

Ariana esbravejou palavras aleatórias e sua voz já estava a ponto de sumir de tão quebrada em meio aos seus gritos.

– Ish¹, você não pode ajudá-la? – Ash questionou com seu olhar claro procurando algum ponto para focalizar e aparentando perdido.

Misha, que continuava de joelhos, virou a cabeça para me olhar. Fora rápido, mas minha intuição parecia muito mais apurada que o normal, porque entendi, sem ele precisar falar, que não, ele não podia ajudá-la. Talvez porque ele não pudesse.

Talvez. Talvez. Talvez.

Eu estava, definitivamente, muito mais intuitiva do que em qualquer momento de toda minha vida. Era quase como se eu pudesse supor tudo baseado em frações de segundos. Eu somente não sabia se isso era mesmo uma coisa boa.

Tentei balançar minha cabeça, queria me mexer e tentar derrubar o que quer fosse que nos separávamos, mas, eu não conseguia. Era como se minha mente estivesse a todo vapor, mas meu corpo estático.

Ash-Ish, não soa como um espirro mal sucedido? – Lia falou forçando um sorriso.

Mesmo que Ash não estivesse momentaneamente cego, ele virou sua cabeça na direção da voz dela, deixando seu rosto ainda mais próximo dela do que já estavam. Ela também não o via, mas eu podia apostar que sentia a força que ele emanava. E não era feliz ou engraçada.

Ash estava com raiva, mas, como sempre, fingia calma e paciência.

E Lia estava tentando falar algo para diminuir a tensão do momento, porque sabia que o humor de Misha era fácil de ser atingido, tanto que, ele riu.

Mas por que eu sei de tudo isso?, pensei levantando meu olhar a um James com o cenho franzido.

Nós sabíamos que Lia era Nascida originalmente da cor verde e fora moldada a cor preta e sabíamos que seu poder era, de certa forma, a manipulação. A própria havia concordado com esse adjetivo para qualificar o que ela fazia. No entanto, mesmo sabendo disso, eu não conseguia entender o porquê de sentir o que eles sentiam.

O que está acontecendo comigo?, gritei mentalmente e James fora o próximo a bater na parede invisível, porém, enquanto Luke batia constantemente em uma que o dividia de Ariana e Merry, James batia na que dividia ele de Ash e Lia.

Você quer vim até mim?, pensei sabendo que ele estava em minha mente e o vi arregalar os olhos e assenti um tanto quanto eufórico, desesperado demais.

– Você não consegue usar seu poder, não é? – Ash sussurrou e sua voz soou distante. Não entendia se ele falava com Misha ou comigo.

Eu estava me concentrando, tentando focalizar meu poder em algum ponto especifico e derrubar aquilo que nos dividia, contudo, eu não conseguia. Eu poderia tentar curar Ariana, mas eu já estava fraca demais para também sentir sua dor.

Eu precisava fazer algo. Eu precisava me focar em algo.

Quem precisava mais de mim? Como eu poderia escolher?

"Ciclo."

Eu já não me assustava quando, sem razão, Ash falava em minha mente e repetia.

"Ciclo."

"Ciclo."

Voluntariamente, eu suspirei. Se ele estava em minha mente, algo estava errado comigo. Queria perguntar a Ash como ele sempre parecia saber de tudo antes de qualquer um. Talvez seu poder fosse muito mais intuitivo do que eu imaginava.

Tudo parecia acontecer em câmera lenta. Ash falava, mas sua voz soava devagar, Misha continuava de costas para mim, Lia também na mesma posição de sempre enquanto Merry corria atrás de uma Ariana que não parava e Luke batia na parede invisível de um lado e James do outro.

Mas, mesmo que eu estivesse vendo tudo devagar, os pequenos barulhos incomodavam minha audição, agora, hipersensível.

Os passos de Ariana pelo seu espaço da sala batiam de maneira rítmica, mas era enjoativo, um baque insistente e a cada segundo doía ainda mais minha audição.

Por que minha audição doí tanto?

E Ariana, ainda por cima, gritava. Ela não parava de gritar e, naquele momento, eu ouvia seus gritos como uma lâmina cortando meu ouvido, por dentro.

Eu gritei e comecei a bater na parede que me separava de Ariana.

Eu a mandava parar. Mandava ela calar a boca. Mandava Merry a segurar e até mesmo bater nela se fosse preciso, mas ninguém me ouvia.

Minha voz não saia.

Por quê?

***

¹ – Sufixo de "yellowish", que, por sua vez, significa amarelado. Mas como nunca disse qual língua eles falam – mesmo deixando um pé no inglês – Ash está apenas falando um apelido de Misha.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora