09 - Catástrofe, parte 1

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***


Marte; F-Quatro, 45 de Inverno


James gritou para mim. Estava no primeiro andar daquele prédio do Supremo e, estranhamente, todas as portas se abriam facilmente. Não estava acostumada com facilidade e muito menos com inúmeras salas vazias.

Não era como em Z-Mil, as salas não tinham cores diversas e nem passagens secretas. Era apenas uma sala vazia atrás de outra sala vazia.

Em uma das últimas salas, me deparei com uma intensa iluminação e muitas prateleiras organizadas numericamente e pelo alfabeto.

Entrei na sala e fechei a porta atrás de mim. Encarei os inúmeros papéis bem-organizados e peguei quase que uma pasta deles.

Era de uma pessoa com um nome tão comprido para os padrões de Marte que eu não parei para analisá-lo.

Dentro da pasta, toda a vida da pessoa estava... Definida? Ou seria melhor dizer detalhada?

Porque, sim, toda a vida da pessoa de nome comprido estava naquela pasta não muito grande se levasse em conta que era sobre uma vida e não um dia.

Descrever um dia já seria complexo, toda uma vida era ainda pior.

Ouvi um barulho do lado de fora e agarrei aquela pasta, mas antes de fugir da sala procurei na mesma o meu próprio nome.

Ali dentro eu tinha consciência que Marte era um planeta grande em questão populacional, porque, as pastas pareciam não acabar mais. Chegar até a letra C parecia uma eternidade, sendo assim, fui à procura do nome mais fácil: Abezan. Ash. Ou Ariana.

Eu não sabia se Ás teria uma daquelas pastas em seu nome por viver em Z-Mil, sendo assim, não me surpreendeu não achar a sua pasta.

E nem a de Ash.

Talvez ele tenha sido registrado em Z-Mil.

Ariana War foi a única do registro de A-Zero que eu encontrei.

Continuei agarrada a pasta da pessoa aleatória e peguei também a de Ariana, a segurando como se minha vida dependesse disso.

Antes que eu abrisse a porta, ela foi aberta por um homem negro da cor lilás.

Ele não me era estranho, principalmente por aparentar velho, mesmo aos parametros de Marte.

Não parecia velho como se estivesse no fim de sua vida, apenas com uma aparência de alguém que passou dos cinquenta — ou sessenta anos.

— Eu não conheço você? — ele falou e antes eu pudesse reagir, ele levantou sua mão no ar.

Eu sabia que os poderes de uma pessoa de lilás poderiam ser confusos e mexer com nossas mentes. Sendo assim, antes que aquela mão abaixasse, eu cerrei meus punhos, esmagando os papéis que eu segurava em sequência.

O homem foi arremessado para trás e eu passei pela porta quase como se eu fosse um personagem de um filme de ação.

E eu era a protagonista.

Naquele momento, enquanto caminhava, senti vontade de usar saltos altos e a cada passo fazê-lo bater forte no chão.

No entanto, eu usava coturnos e mesmo eles batiam forte o suficiente para seu barulho retumbar.

Um passo. Um estalo.

Dois passos. Outro estalo.

Amassei os papéis e os guardei dentro da jaqueta, em um compartimento largo na mesma. Eu sempre via paletós com bolsos grandes por dentro, mas nunca uma jaqueta.

O homem se levanta antes que eu chegue no topo da escada e corre em direção a um botão entre duas portas.

Não preciso raciocinar muito para saber que aquele botão, quando acionado, chamará seguranças.

Em Marte, até onde eu sabia, nunca houve seguranças. Não era necessário ninguém assegurar quando todos já faziam tudo certo.

Provavelmente nem sequer havia aquele botão há algum tempo.

Afinal, para que um botão do alarme se não precisava de um? Ao menos não antes de eu "cair" em Z-Mil.

O botão foi acionado e eu desci as escadas sem olhar para trás. Ouvia que ele estava atrás de mim, mas não era tão rápido quanto.

Pensei inúmeras vezes na mesma coisa.

"Correndo. Pessoas atrás de mim. Fugir."

Ás talvez estivesse me vendo e James me ouvindo. Apenas eu não saberia o que eles estavam passando. Não poderia subir os outros lances de degraus e procurá-los, porque eles poderiam já ter fugido.

Eu não os culparia. Eu estava fazendo exatamente isso.

No térreo, três homens estavam parados na entrada, impedindo minha saída.

Não tinha parado para pensar que se James poderia ler meus pensamentos e Ás ver o presente, outras pessoas dentro daquele prédio também tinham seus próprios poderes.

Engoli em seco, mas não sentia medo. Estava preparada.

— Nós estamos para conversar. — a voz de James me chamou atenção e virei minha cabeça para vê-lo descer os degraus acompanhado de Ás, pouco atrás e alguns outros seguranças.

— Conversar com quem? — o homem da cor lilás estava no topo de uma outra escadaria que eu nem sequer tinha prestado atenção na sua existência.

— O Supremo. — eu falei, cruzando meus braços.

— Podem começar. — ele desceu os degraus devagar, como se o mundo fosse obrigado a esperar por ele.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora