12 - Alerta, parte 1

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***


Marte; F-Quatro, 46 de Inverno


Por um momento não houve um barulho sequer. Como se todos a minha volta tivessem parado, estáticos, para me olhar e como se falar as fizessem perder a atenção sobre mim.

Eu sorri mais e vi quando cada amigo meu parou do meu lado, me dando força e apoio, cada um de seu jeito.

HHH sorriu, mas percebi que seu sorriso estremecia, tenso.

— Você vai nos ouvir? — comecei, em alto e bom tom.

A mulher se ajustou, ficando em pé perfeitamente, e deu alguns passos a frente, mas, outra pessoa a intercedeu, puxando-a pelo cotovelo.

— Não há nada que possa ser feito. — alguém tomou a voz, mas eu não via o rosto, provavelmente estava atrás de várias outras pessoas, se escondendo.

— Eu tenho certeza que é possível ser feito algo. — falei — Há sempre uma possibilidade.

— Não há! — algumas pessoas rebateram.

— Talvez o poder esteja na mão das pessoas erradas. — Ariana sorriu, irônica.

— E vocês acreditam ser a solução? — outra pessoa falou.

— Nós temos certeza que nós somos. — eu afirmei.

— O que vocês acham que podem fazer? — ironizaram.

O riso de Ariana soou dilacerante pelo ambiente aberto, que mais se parecia com uma montanha, fria, levemente inclinada.

Seu riso era a resposta. O sinal de alerta do que precisávamos fazer.

Afinal, se Ariana War tinha rido, era claro que teríamos que iniciar uma guerra. Em proporções muito maiores. Ou melhor, uma guerra verdadeira.

Não estremeci; pelo contrário, eu fui a primeira a dar um passo a frente. Se antes tinham feito silêncio, agora foi o barulho generalizado.

Eu me senti em câmera lenta enquanto olhava ao redor. Todos se mexiam com pressa, eu sabia, mas eu enxergava com atenção, vendo cada pulo, grito, poder, cores.

Eu acreditava que nunca tinha visto tantas pessoas juntas e, com certeza, nunca tinha visto tantas pessoas em uma luta.

Era difícil dividir quem estava do lado tal, mas, se eu olhasse com mais um pouco de atenção, repararia nas roupas, na forma quase deselegante de se mexer dos moradores em diferença ao Supremo.

As pessoas do Supremo pareciam que não lutavam, mas desfilavam. Suas expressões eram sempre de nojo, tentando sempre se manter longe de nós.

Vi quando Ás, em um pulo, passou suas pernas em volta do pescoço de um dos homens do Supremo, como se girasse uma chave de fenda em volta de um prego achatado, não tendo dificuldade alguma para girar.

Consegui enxergar quando Ariana deu o primeiro soco e somente nele, fez uma mulher cair. Notei a habilidade que Luke tinha, se desviando de todos porque sabia o que eles fariam, assim como James.

E todos os outros tinham uma forma diferente de agir. Com cuidado, leveza, muita força, muita habilidade.

Mordi meu lábio inferior e prestei atenção no meu momento. Cerrei meus punhos e continuei parada, me concentrei no que eu queria que acontecesse, em como eu queria que as pessoas me obedecessem.

Imaginei, uma por uma, caindo, de joelhos.

Aconteceu. Não com todas as pessoas, mas, muitas cairam. No entanto, nem todas eram do Supremo.

Vi o olhar de horror de meus amigos, ouvi os gritos para me mandar parar, porém, eu não conseguia. Mantinha meu foco para imobilizar as pessoas do Supremo, e não as nossas, eu sabia que estava fazendo o certo, mas, diversas pessoas, de ambos os lados, caiam e eu não conseguia fazer nada sobre.

Abri minhas palmas e deixei de pensar sobre o que eu queria que as pessoas fizessem, deixando-as livres e assim aconteceu. Aos poucos, todos que estavam caidos conseguiram se mexer.

Eu enxerguei o olhar de ódio das pessoas sobre mim. Todas elas. Os Protetores eram o único grupo que ainda pareciam tentar me entender, simplesmente como o olhar, por estarem com seus cenhos franzidos, em dúvida, e não de raiva.

Os moradores de todos os outros países me encaravam trêmulos, o que me lembrava de touros, preste a partir para cima do toureiro. Nesse caso, eu era um toureiro não consensual.

Levantei minhas palmas e algumas pessoas recuaram; outras deram passos a frente.

— Não foi minha intenção! — gritei e em seguida, sem eu ter sequer pensado sobre nada além de me desculpar, quase todas as pessoas cairam de joelhos novamente.

— Eu não estou fazendo nada! — gritei, abaixando minhas mãos e procurando o suporte no olhar de meus amigos.

Eu estava tão desesperada para fazer aquilo parar que, quando olhei para meu grupo, não consegui identificar o que eles queriam dizer.

Será que acreditavam em mim? Será que, no fundo, desconfiavam?

Passei minhas mãos em minha calça, tentando me concentrar, mas eu estava trêmula demais.

Aquilo não estava certo. Aqui não era normal.

Ás me encarou tão fixamente que eu não consegui desviar meus olhos.

— Ás! — gritei, mas não soube como continuar, tinha perguntas demais para pouco tempo.

Ás assentiu e se aproximou de mim, em seu quarto ou quinto passo, parou. Eu abri minha boca, mas antes que tivesse tempo para formular qualquer frase que fosse, Ás também caiu de joelhos.

— Ás! — corri para ajudar, mas, o mesmo aconteceu com meus amigos.

Todos estavam de joelhos, gemendo de dor, menos eu. Mas, eu tinha consciência que a culpa não era minha. Só não sabia se as pessoas ao meu redor também acreditavam nisso.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora