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As pessoas do Supremo estavam correndo, vindo em nossa direção e meus amigos estavam bloqueando suas passagens enquanto eu e Mística eramos o foco, dentro de um semicírculo malfeito.
Eu não era uma pessoa rancorosa, mas, naquele momento, me senti agindo como uma, porque eu queria que Mística sentisse tudo que eu senti e não era somente as dores físicas.
Ás correu para o meu lado, me segurando pelo pulso e sussurrando:
— Essa é a primeira vez que vejo assim.
Franzi meu cenho, não entendendo sobre o que ela estava falando e, no segundo seguinte, foi como se o tempo tivesse congelado porque, em vez da visão de Ás me mostrar o presente em algum lugar do universo, Ás me mostrou o passado de Ariana, quando ela ainda estava se encontrando ser quem realmente era.
Senti uma dor no peito antes que me deixassem — no caso, deixassem Ariana — em um berço largo.
Soube que eu não era eu, mas via o momento pelos olhos dela quando estiquei minhas mãos e vi as minúsculas mãos de um bebê. Sua visão também era turva, consequentemente, a minha também era, no entanto, eu tinha a minha consciência intacta para entender tudo o que acontecia comigo — com ela.
Consegui enxergar Soul inclinado no berço sorrindo enquanto chacoalhavam um brinquedo. Soul nem parecia ser quem era. Seu sorriso era largo e sua aura parecia tão leve... Tão leve quanto suas feições.
Sabia que Ariana estava feliz, porque eu me sentia feliz. Mas, algo dentro de mim, doía, incomodava.
— Você será um homem muito forte, Ares.
Eu somente não engoli em seco porque eu não era eu. Percebi que não podia fazer nada além de observar e sentir. As mãozinhas que vi só se mexeram porque Ariana se mexia demais dentro daquele berço acolchoado.
Eu — ela — abri meus olhos e minha visão turva continuou assim, mas não tanto quanto estava. Soul sorriu mais, se era possível sorrir ainda mais e eu sabia que Ariana também sorria, eu sentia, mas continuava com a sensação de que algo estava fora do lugar.
Gostaria de dizer à Soul que Ariana, sua filha, era realmente uma mulher forte. No entanto, eu acreditava que ele sabia disso. Não naquele momento, mas viria a saber.
— Eu vou sair, — Soul continuou — mas não vou demorar. Nossa vizinha estará de olho em você.
Soul beijou minha testa.
— Eu te amo, pequeno guerreiro.
Senti o choro de Ariana e passei a chorar junto. O quarto tinha um tom de vermelho claro, em um misto também de rosa e, a visão dele, doeu. Ver Soul, também doeu.
Estava tudo errado. Eu sentia. Entendia.
Aquela seria a última vez que Ariana veria seu pai antes de ele viajar para a Terra.
Doeu.
Minha visão se tornou negra antes de voltar novamete a ser turva. Dessa vez, não dentro de um quarto, mas nos braços de uma mulher da cor rosa, na sala de uma casa que, estranhamente, eu reconhecia não ser a minha — não ser a de Ariana.
A casa era toda rosa, ao menos, sua sala era e havia uma outra criança cambaleando pela casa enquanto falava palavras aleatórias, balbuciando.
A pequena criança na sala tinha um blackpower rosa, como as unhas de seus dedos e seu vestido de princesa.
Eu sorri — Ariana sorriu. Merry sempre foi exatamente como era.
E a mulher que me carregava era a mãe dela, tão linda quanto a filha com seus brilhantes olhos rosas. Ela não era assustadora, tinha uma expressão bondosa e um sorriso imensamente acolhedor. Me sentia bem, Ariana se sentia bem.
Estávamos felizes, mas também estávamos tristes.
Novamente minha visão se apagou e voltou tão rápido quanto um flash instantâneo.
Dessa vez, eu via Mística e ela tocava em meu rosto, no rosto de Ariana. Rapidamente entendi que as cenas estavam sem ordem, que aquela tinha acontecido antes das demais, porém, não entendia o porquê da falta de ordem nas memórias de Ariana.
Mística cantarolava e deixava Ariana em pé sobre suas coxas.
— Você será uma pessoa incrível, bebê. — a forma como Mística falava fazia o peso em meu coração que não batia, se tornar mais leve, junto com todo meu corpo.
Ela me entendia. Ou melhor, ela entendia Ariana. Talvez Mística ainda não soubesse exatamente sobre o futuro, mas tinha alguma consciência dele.
Aquilo, que parecia ser pouca coisa, era, na verdade, muita. Fazia Ariana se sentir feliz, tranquila consigo mesma, tranquila com seu eu no futuro.
Não sabia definir se ela mesma se entendia, mas, ela estava feliz e isso naquele momento já era o suficiente.
Os olhos de Mística brilharam e a visão turva parecia mais nítida quando olhava para Mística.
— Eu sempre vou te amar. — ela sussurrou com seu tom de voz grave, ecoando pelo ambiente.
Tudo se apagou em seguida, deixando minha visão em um breu e me senti despedaçada.

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A Indomada
FantascienzaTerceiro Volume da Trilogia "A Estranha" Claire e seus amigos tem mais um problema: conseguir sair de Z-Mil. Eles juntos são fortes, porém, teriam coragem e força - tanto mental quanto física - suficiente para vencer a batalha contra seus progenit...