— Podem começar. — ele desceu os degraus devagar, como se o mundo fosse obrigado a esperar por ele.
— Aqui? — Ás franziu seu cenho — Não vamos para uma sala sinistra e pouco iluminada para um interrogatório sério?
— Ás! — James reclamou e Ás simplesmente riu.
— Ás tem razão. — o homem falou e apontou para os seguranças, em seguida, para nós — Me sigam.
Nós o seguimos enquanto os seguranças estavam em nossa espreita.
Eu fui pelo lance de escadas que o homem subia enquanto James e Ás continuavam no outro, mais distante.
Com eles, tinha dois seguranças para cada. Para mim, três.
Subimos um lance atrás do outro e no quarto andar, o homem apontou para uma porta e a abriu.
Era um escritório comum. Talvez eu estivesse me acostumando demais com as loucuras de Z-Mil ao ponto de acreditar que em todo lugar seria como eles eram.
— Sentem-se, por favor. — o homem apontou para algumas cadeiras em frente a uma mesa de vidro e nós três nos sentamos enquanto os seguranças continuaram de pé, ao redor de todo o escritório.
O senhor se sentou em uma poltrona, do outro lado da mesa, e eu olhei ao redor.
Tudo estava tão comum, ao menos ali dentro, que era difícil acreditar em tudo que Loren e Soul haviam dito.
Era possível que o nosso planeta estivesse em um colapso enquanto, dentro de um prédio, tudo estivesse tão perfeito e imutável?
Os móveis estavam limpos, os pisos estavam em perfeita condição e até mesmo o teto parecia limpo.
Mas, quando olhei para a gigantesca janela, que mais parecia uma parede, atrás do homem, ainda enxerguei a neblina, no entanto, menos do que anteriormente. Por estarmos em cima conseguiamos ver mais de F-Quatro e não era bonito.
Virei minha cabeça para trás e atrás de alguns seguranças era possível ver outra janela que tomava todo o espaço de uma parede.
Me levantei da cadeira e os seguranças se aproximaram, mas o homem falou:
— A deixem!
Passei por eles sem resistência e encarei a paisagem de fora.
Franzi meu cenho, tentando ter certeza que o que eu via era real.
— O quê? — pensei em voz alta e corri para o lado oposto, encarando a outra visão.
James e Ás se levantaram em seguida e fizeram o mesmo que eu, indo de um lado para o outro.
Ás estava com seus olhos arregalos e até mesmo James estava surpreso.
— É sempre assim? — Ás queria saber.
— Nunca foi assim. — James respondeu e continuei olhando de um lado para o outro.
Atrás do homem havia casas desmoronadas, prédios inacabados e até mesmo rodas-gigantes despencadas. A neblina deixava a visão do lugar ainda mais assustadora, em um cenário perfeito para um filme de terror. Do outro lado, todos os prédios são enormes, terminados, brilhantes. As casas são de dois andares, havia belos carros deixando a paisagem ainda mais harmoniosa. Nem sequer neblina havia daquele outro lado.
Parei no meio da sala percebendo que, o prédio que estávamos provavelmente também estava no meio de ambos os cenários. Meu lado direito estava para o cenário de um filme romântico, ou um ação antes da destruição. O meu lado esquerdo, por sua vez, estava direcionado para um cenário de um filme apocaliptico — ou talvez para um pós-Transformens.
— Como vocês puderam deixar nesse nível? — meu tom de voz se alterou enquanto caminhei até a mesa e bati minhas palmas nela.
Os seguranças se aproximaram, mas o homem levantou uma mão, os mandando parar.
— Não deixamos chegar em nível algum, senhorita... Aconteceu.
— Aconteceu? — minhas mãos fizeram a mesa estremecer — Vocês priorizaram pessoas X, com profissões Y de lugares Z e agora está me dizendo que " somente aconteceu"?
Ele se levantou e caminhou devagar até mim.
— Há em todo a gálaxia pessoas com privilegios, garota. Não é diferente em Marte.
— Não parecia ser. — digo.
— Exatamente: não parecia, mas era. É.
— Estamos aqui para mudar isso. — James parou do meu lado e o homem riu.
— O que vocês estão pensando em fazer?
James caminhou para o meio da sala e apontou para o lado direito, o que parecia um cenário de filme romântico.
— Aposto que você mora desse lado. — o homem assentiu — Mas há pessoas que precisam de uma gerência nova daquele. — e apontou para o pós-apocaliptico.
— Não podemos mudar o mundo, rapaz. — o homem começou — Eu estou olhando por todos. Todos nós do Supremo estamos olhando por todos.
— Podem estar olhando, — Ás riu — mas não estão fazendo nada.
— Não estamos fazendo nada?! — ele grita e se aproxima de Ás — Olhe tudo que criamos. Tudo que construimos!
— Para quem e por quem? — Ás rebate — Não vejo nada além de divisão, óbvia, clara.
***
Em breve, mais.
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A Indomada
Ciencia FicciónTerceiro Volume da Trilogia "A Estranha" Claire e seus amigos tem mais um problema: conseguir sair de Z-Mil. Eles juntos são fortes, porém, teriam coragem e força - tanto mental quanto física - suficiente para vencer a batalha contra seus progenit...