02 - Porquês, parte 3

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Daqui a uma semana tentarei atualizar novamente, por agora estou terminando de escrever EPMM (Este é o Porquê da Minha Morte).

Confiram ela também <3

E aqui, não esqueçam de deixar seu voto e comentário! Até breve.

***


Gesticulei para o lado de Ariana e Merry, depois para nós, deixando claro que, o barulho delas, dilacerava nosso lado. Fechei ambas as mãos em punhos e bati no ar, como um "toque-toque" apontando para as ainda visíveis vibrações no chão, no espaço de Ash e Lia.

James abriu a boca questionando o que entendi ser "Claire?". Assenti.

Ele se levantou do chão com pressa e apontou para Ash e Lia, depois Misha, desesperado entre ajudar meu corpo caído e batendo na parede invisível para tentar passar para o lado de Ash e Lia. Merry e Ariana também estavam batendo angustiadas o espaço que as dividia dos dois caídos.

Eu não sei, pensei, não sei qual reação Ash e Lia me causaram ou qual eu causei a Ariana e Merry. Pode ser qualquer coisa.

James tentou me sacudir com uma mão enquanto a outra batia em sua boca e abria.

Estranhamente eu entendi o que ele quis dizer.

Precisávamos falar.

Coloquei minhas mãos mais uma vez em minhas orelhas e não vi ou senti mais sangue escorrer delas. Por enquanto não. Não enquanto Ariana e Merry não faziam barulho e estavam focadas em bater em outra parte da parede.

O corpo de Luke estava aparentemente forte, curando e...

Eu fechei os olhos. Seu corpo estava me expulsando. Ele estava bem, sendo assim, não precisava de mim ali.

Ou melhor, não precisava de mim naquele momento. Não havia mais nada para ser curado em Luke agora...


– Somos Protetores. Somos guardiões. Somos necessários. – alguém gritava e outras pessoas concordavam, também aos gritos – Seremos abnegados, porque precisamos. – mais gritos de concordância – Deixaremos nossas famílias, nossos amigos, será difícil no início, mas, em breve, Protetores, seremos úteis para uma guerra que está próxima.

Balancei minha cabeça, concordando com quem falava.

Mas, por que eu balancei minha cabeça concordando? Onde eu estou?

Olhei ao redor tentando enxergar algo no escuro de onde eu estava, mas era quase um breu completo. Porém, ainda assim, eu enxergava olhos negros ou cinzentos. Os olhos eram as únicas coisas realmente visíveis ali.

Eu estou em um galpão? E quem são essas pessoas?

Encarei alguém que estava ao meu lado, um garoto da cor cinza, talvez quase da minha altura.

– Quem você vai deixar? – perguntei ao garoto da cor cinza, mas não sabia o porquê de estar falando aquilo, era involuntário.

Ele olhou ao redor rapidamente, se questionando se eu realmente estava falando com ele. Quando seus olhos me encararam eu sorri e virei minha cabeça, encarando o fluxo de pessoas se dissipando daquele lugar que estávamos. Distraidamente comecei a tocar meus piercings em minhas orelhas e arrumei meu piercing no septo que tendia a sair do lugar.

– Ninguém. – o garoto ao meu lado me respondeu quando eu já achava que ele não diria mais nada – Eu não tenho ninguém para deixar. E você?

Parei de mexer em meu piercing no septo para apenas distrair meus dedos em minhas orelhas. Queria me focar em algo que não fosse meus pensamentos.

– Um meio-irmão e uma melhor amiga.

De canto de olho vi o garoto assentindo.

– Eu sinto muito. – e estendeu seu pulso para eu cumprimenta-lo – A propósito, eu sou o Ash.

Aceitei seu pulso, o cumprimentando de volta.

– Luke Cloud.


Abri meus olhos enquanto gritava. Eu podia sentir que eu era eu novamente, mas não sabia se eu estava onde deveria. Minha mente ainda estava confusa e doída devido a reviver uma lembrança de Luke.

Quando teria sido aquilo?

Ele abnegou a aproximação de sua melhor amiga Merry e de seu meio-irmão James para ser um Protetor. Ele mudou seu futuro para proteger alguém que ele ainda nem sabia quem seria.

Luke se arrependia de aceitar ser um Protetor? Será que ele imaginava como seria sua vida se não aceitasse ser o que se tornou?

Merry nunca tinha dito a quanto tempo Luke havia se afastado dela, na verdade, ela mal falava sobre. E eu sempre imaginei que a briga entre Luke e James vinha de berço. Talvez eu estivesse errada.

Engoli em seco. Aquele era o tipo de dor da qual eu não podia curar. Um coração partido.

– Claire! – Misha gritou me fazendo voltar a realidade e perceber que sim, eu estava onde deveria.

Não que nada estivesse certo ou fosse fácil de ser entendido, mas eu estava em minha não-casa.

Misha estava de joelhos, de lado, deixando-me ver seu rosto tanto quanto eu via Ash e Lia ainda caídos no chão. As mãos de Lia já tinham parado de se mexer. Ela estava tão estática quanto Ash.

O olhar que Golden me deu fora duro, mas não severo, provavelmente era o olhar mais sério que eu receberia dele.

Eu não me importava que eu estava tonta ou não, confusa ou não, eu apenas virei meu corpo do chão, rastejando até ele.

Não levantei meu olhos para ver o que acontecia com Ariana ou Merry, muito menos James ou Luke. Me foquei em Misha e, de joelhos em frente a ele, peguei em suas mãos, sussurrando:

– Me imunize. Se concentre apenas em mim.

– Mas...

– Não tente salvar a todos. – o cortei falando uma verdade da qual era necessária, mas doída – Você não vai conseguir.

Misha assentiu e segurou meus pulsos em suas mãos fechando seus olhos e concentrando-se apenas em me imunizar.

Eu sentia minha tontura naquele espaço da sala passando aos poucos, me sentia voltando a total realidade e domínio de meu corpo, com isso, comecei a sentir dores em partes das quais nem tinha consciência para que existiam.

Minha boca, minhas palmas e meus joelhos eram os que mais ardiam de dor, mas tentei me concentrar no que eu teria que fazer e não em dores que se passariam a se tornar pequenas diante do que viria.

Fechei meus olhos, fingindo que aquilo não acontecia em poucos segundos, mas sim em minutos. Fingindo que eu tinha tempo, porque eu precisava ter calma.

Meu colar gravitacional continuava em mim, seu pingente ainda entre meus seios, por dentro do pano da minha camisa, me lembrando que aquilo era real, que pessoas precisavam de mim.

Senti lágrimas involuntárias pinicarem meus olhos, porque eu tinha conhecimento que o que eu disse a Misha não era para ele, mas para mim mesma.

Eu não conseguiria salvar a todos. Mas eu tentaria.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora