05 - Salvador, parte 1

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P.S.: capítulos sem hífen bonitinho, tá com três traços, mas em breve atualizo. <3

De alguma forma, o Wattpad transformou este capítulo de volta para o rascunho. D: 

 

***


Marte; Z-Mil, Antes/Agora


Eu salvei Lia de ser molhada por uma enchente quando a puxei para um cubículo que agora estávamos.

Dentro desse cubículo, o primeiro espaço que consegui achar para me acolher até ouvir passos rápidos do lado de fora e ver que era Lia tentando fugir da correnteza, estávamos ouvindo a água passar, paradas.

Não falávamos por medo de que aquela frágil passagem da qual se abriu para entrarmos, desmoronasse de algum modo e a água fizesse a curva sobre nós.

Se eu respirasse, aquele seria o momento do qual minha respiração se tornaria tão irregular quanto alta. Coloquei uma mão sobre meu peito para ter certeza absoluta que ele não batia e aquele barulho que eu ouvia era apenas dos meus tímpanos sensíveis.

— Precisamos sair daqui. — Lia sussurrava ao ponto do som de sua voz pouco sair, me obrigando a ler seus lábios e já tateava pelo cubículo, tentando achar alguma abertura.

Ela deu alguns socos leves pelo pequeno espaço e eu pulei, tentando bater minhas mãos no teto e saber se acima de nós não havia uma passagem para algum lugar.

— O quê? — foi tudo que eu consegui dizer antes de o chão abaixo de meus pés se abrir.

Dei mais um pulo e minhas mãos tocaram o teto, mas não foi ele quem se mexeu e sim o chão abaixo de nós.

Na Terra, gritaríamos "Jerônimo", mas, eu sabia que, em Marte, ninguém conhecia essa expressão, no entanto, internamente, enquanto caí em algo que parecia um tobogã infinito, eu gritei internamente o tal Jerônimo.

Eu nem sequer sabia se "gritar internamente" era possível, se não fosse, eu estava inventando nossas expressões.

Enquanto caia e tentava me segurar nas bordas do tubo para diminuir a velocidade que descia, eu pensava sobre a tal expressão "Jerônimo" ou "Gerônimo!", que surgiu durante a Segunda Guerra quando um grupo de paraquedistas do exercito americano estavam se preparado para um salto arriscado em uma região com fortes baterias antiaéreas.

O porquê de eu saber isso e nunca ter aprendido química direito, ainda era um mistério.

--- Claire! --- percebi que o grito de Lia soava mais abaixo e quando eu desci, quase passando por ela, ela agarrou meu braço.

--- Você está bem? --- a pergunta me fez rir.

Eu estava sentindo minhas pernas no ar enquanto outra pessoa me segurava apenas pelo meu braço. Com isso, eu poderia dizer que não, eu não estava bem.

Levantei minha cabeça e olhei para Lia que sorria.

--- Eu sei. --- ela falou.

--- O quê?

--- Você não está bem.

--- Às vezes eu acho que você também lê minha mente. --- sorri, ironizando.

Lia revirou seus olhos e balançou sua cabeça, ainda com um sorriso em seus lábios.

--- Eu acho que eu vou te soltar...

Primeiro, eu achei que Lia estava brincando.

--- O quê? --- ri de nervoso.

Segundo, descobri que ela não estava.

Eu caí. Mas, sinceramente, já estava acostumada.

Eu não sabia se era por causa da loucura do tempo em Z-Mil ou o quê, mas, naquele momento, eu não sentia fome, nem cansaço. Ao menos, não muito.

Coloquei minhas mãos estendidas nas bordas do tubo, para diminuir a velocidade, mas minhas palmas raspavam ao ponto de arder.

Preferi me soltar e fosse o que fosse no fim daquele tobogã.

Não diria que eu nunca desci tão rápido em toda minha vida. Ainda em A-Zero, eu soltei do tipo deles de bungee jumping e não se comparava aquele tubo. O bungee jumping dos marcianos, sem cordas, era assustador. Ali, era aceitável.

Lia passou por mim não descida e eu mexi minhas pernas de maneira aleatória até me lembrar que, como eu não fazia ideia do que nos esperavam, eu precisava flexionar meus joelhos.

--- Flexione os joelhos! --- avisei a Lia.

Assim, nossa queda teria chances de não ser tão drástica.

--- Braços na frente do corpo. --- ela me avisou de volta e eu obedeci.

Fechei meus olhos, com receio de que se os deixassem abertos me assustaria.

Nem eu e nem Lia gritávamos, então o único som que ecoava era o do ar pela velocidade.

Abri meus olhos no momento mais inoportuno, porque, quando os abri, enxerguei o fim do tubo e, em sequência, gritei, quando cai. Mais uma vez.

Uma pessoa deveria ter um número máximo de quedas na vida. E, se isso existisse, eu já teria dobrado o meu "máximo".

Minha queda não foi linda, muito menos plena. Foi levemente desastrosa. Manter meus joelhos flexionados ajudou para eu não torcer nada, apenas caí de joelhos e já caída, me desequilibrei mais e coloquei minhas palmas no chão.

--- Eu acho que eu odeio branco. --- falei quando levantei minha cabeça e olhei ao redor da sala.

Como Lia tinha descido antes de mim, ela já estava na sala, ainda de joelhos em um canto.

--- Eu gosto. --- Lia piscou para mim e eu ri.

--- Não sei como você aguenta. --- balancei minha cabeça.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora