08 - Após, parte 2

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***


Acreditei que teríamos trajes e mais desafios, mas, na verdade, Loren disse que poderíamos tomar banho e dormir o quanto quiséssemos.

Apesar de toda a agitação, eu não suava. Era frio demais para suar, mesmo que também não sentisse todo esse frio. A temperatura do meu corpo estava mais do que habituado ao frio. Provavelmente, um terráqueo teria uma hipotermia.

Eu sabia que a minha temperatura corporal oscilava entre os 33 e 34Cº, mas, eu não achava que minhas mãos eram tão frias.

Loren tinha nos mostrado banheiros e quartos individuais, mas eu James ficamos no mesmo.

— Acho que vamos voltar para aquela sala colorida. — comentei, olhando para o teto do quarto azul, deitada na cama ao lado de James.

— Será que vamos ter roupas novas? — era foi a primeira preocupação de James e eu gargalhei — Estou falando sério!

— Pare de ler minha mente! — o empurrei com meu ombro, ainda rindo.

— Preciso saber o que se passa nessa cabeça. — ele cutucou minha cabeça com sua mão e beijou minha testa em seguida.

— Pode me perguntar.

— Você nunca fala! — ele riu.

— Não mesmo. Porque é privado.

— Certo! — ele acenou e pegou minha mão, beijando os nós de meus dedos — Não sei o que você está pensando agora.

— Posso confiar nisso?

Ele me encarou e seus olhos azuis brilhavam.

— Pode.

Eu sorri e encarei nossas roupas jogadas no chão, sujas e rasgadas.

— É... — comecei — Estou pensando que também quero roupas novas.

James gargalhou e mordeu minha mão. A puxei e bati em seu ombro. Ele se virou, ficando de barriga para baixo e com seu rosto ainda mais próximo do meu.

— Oi. — ele sorriu.

— Oi. — respondi.

E ele me beijou.

Parecia que tinha passado uma eternidade sem senti-lo. E, como estávamos em Z-Mil, talvez tivesse.

Como era impossível definir qualquer medida de tempo em Z-Mil, sobre o sono não seria diferente. Com isso, eu não podia saber se dormir pouco ou muito, mas diria que foi o suficiente porque quando abri meus olhos, me sentia revigorada.

Minha mão tateou meu pescoço e encontrei o meu colar gravitacional em perfeito estado. Era estranho ainda o ter, mas, mesmo estando em Z-Mil, eu sentia que ele era essencial para mim. Como um lembrete da antiga Claire.

Sorri e vi James ainda dormindo. Lembrei-me da primeira vez que encarei aquele par de olhos absurdamente azuis.

Passei minha mão em seu cabelo e meus dedos deslizaram por ele. Seu cabelo crescia quase tão rápido quanto o de Merry. Desci minha mão para suas costas e senti a textura de sua pele e de suas tatuagens.

Ele se espreguiçou e se virou na cama, ficando de barriga para cima e me encarando com um olho só aberto.

— Bom dia? — riu.

— Boa tarde? — brinquei.

— Boa noite?

Ri. Não saber o horário era definitivamente agonizante.

James se deitou de lado e passou um braço por minha cintura.

— O que vamos fazer agora? — ele murmurou próximo a minha orelha.

— Nos levantar?

Ele soprou e meu corpo se arrepiou.

— Não quero ficar longe de você.

— Eu também não... — me virei de frente a ele e o fitei.

Acaricei seu rosto e as imagens de nosso primeiro encontro vinham em flash em minha mente. Seus olhos, seu jeito, sua atenção. Do desconforto a confiança. Do desconhecido ao amor.

— Vamos ficar bem. — ele beijou meu nariz, antes de beijar minha boca.

Eu não era exatamente uma pessoa otimista, mas, por ele, eu queria ser.


Confiei que ficaríamos bem, afinal, tínhamos chegado até ali.

Não tinha medo da morte. Não acreditava que Marte estava extremo a esse ponto, mas, tinha medo do após. No após tudo isso. Após toda aquela confusão.

Eu e James ainda ficaríamos juntos quando tudo fosse fácil? Ou será que a nossa relação se baseava na falta do outro e não na presença quanto acreditávamos? Será que ainda seria amiga de todas aquelas pessoas quando tudo passasse?

Cerrei meus olhos. Afinal, quem eu era após tudo aquilo? Eu ficaria feliz com um relacionamento sólido e sendo uma estudante? Seria apenas isso ou isso tudo?

O que me preenchia quando tudo soava tão vazio?

Finalmente abri meus olhos e encarei os azuis de James.

— Você estava lendo meus pensamentos?

Ele sorriu de canto.

— Não fui autorizado a isso... Lembra?

Também sorri e continuei com minha mão em seu rosto. Seu cabelo azul era um lindo contraste com sua pele.

— Eu te amo. — poderia não ser o que eu estava pensando naquele momento, mas era um de meus muitos pensamentos.

A IndomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora