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Estávamos todos espalhados na sala branca, sentados de maneiras diferentes. Luke quase deitava enquanto usava seus cotovelos como apoio; Lia estava com suas pernas retas; Ás, cruzadas; eu com uma dobrada por cima de uma reta, já Merry com uma por cima da outra, mas ambas retas.
— Você tem um ponto, Abezan. — ri, bricando e Ás acenou com um leve sorriso de canto — Ás...
— Sim?
— Quem te contou sobre nós? Como você sabia os nossos nomes?
— Um pouco por James e Merry; outra parte por alguns Caçadores; outra por Loren e Soul.
— Soul? — a voz de Lia subiu uma nota — Você tem contato com ele?
Ás deu de ombros.
— Um pouco.
— Ele não é seu pai, é? — perguntei, rindo, mas uma parte de mim temia que realmente fosse.
— Não. — Ás franziu seu cenho — Quer dizer... Não que eu sabia.
Eu gargalhei. Não duvidava nada que Soul fosse pai de Ás também, mas, outra parte mais racional, entendia que não — e esperava que não. Minha cota de parentes recentemente descobertos já estava esgotada.
Os outros também riram e Lia perguntou:
— Você tem parentes, Ás?
Ás passou uma mão em seu cabelo e quando tentou pegar uma mecha entre os dedos e enrolá-la, ela se soltou de tão fino que seu cabelo era.
— Alguém eu devo ter.
Notei Lia abrindo a boca enquanto já enrugava a testa, acreditando, possivelmente, que Ás estava sendo rude, mas, antes que ela falasse, Merry começou:
— Ás nunca conheceu nenhum de seus parentes.
— Nem um sequer? — Luke, delicado como sempre, falou.
Ás riu.
— Nem um. Às vezes eu acho que eu nasci de um Unicórnio.
Luke balançou sua cabeça, mas segurava um sorriso. Eu já ria, Lia franzia seus lábios e Merry sorria largamente.
— Talvez você seja parente de Misha ou Ash. — Merry gargalhou.
— Eu, parente de cinza? — Ás apontou para si — Que disparate.
— Você conhece Ash? — Luke se mexeu, colocando seus joelhos flexionados.
— Não. — Ás respondeu — Mas conheço todos os idiomas do universo. — repetiu e piscou.
— Você é nerd. — Luke colocou uma mão no ombro de Ás.
— Sou inteligente mesmo. — Ás deu dois toques na mão de Luke — Agradeço.
— E Misha? — Merry cutucou Ás.
— O quê?
— Ele é amarelo. Você pode ser parente de amarelo.
— Prefiro acreditar que eu não tenho ninguém e nasci de um arco-íris em chamas.
— Não era de um Unicórnio? — eu enruguei minha testa.
— Um Unicórnio que peida arco-íris em chamas.
— Você saiu da bunda de um Unicórnio? — Lia levantou um lábio, fazendo uma careta.
— Não tenho certeza enquanto essa parte da história. — Ás falou tão formal que eu novamente gargalhei.
Meus amigos também riram e nosso riso se esvaiu em um piscar de olhos quando, do lugar onde Ás apareceu, Soul surgiu.
Luke foi o primeiro a se levantar e sua expressão assustava até a mim. Nunca o vi olhar daquele jeito para Soul que, por outro lado, sorria. Eu me levantei em sequência, junto com Merry e Lia, apenas Ás continuou no chão e fechou seus olhos, voltando para sua posição de meditação, deixando claro, ao menos para mim, que não fazia parte do Clube dos Odiadorres de Soul ou, talvez, Ás simplesmente não brigava.
A empatia não poderia escolher um lado para lutar a favor?
— Vocês não me darão um "olá"? — Soul continuava sorridente, como se nós fossemos insignificantes demais para sua magnitude — Foi isso que seus pais te ensinaram? — e riu, de sua própria piada de mal gosto.
Em uma realidade paralela, aquele momento poderia ser uma confraternização em família, onde o patriarca sempre teria as piores piadas e os mais jovens, por educação, seriam obrigados a rir.
Felizmente, nós não éramos obrigados a nada.
Infelizmente, aquela não era uma confraternização em família.
— O que você quer de nós? — Luke foi o primeiro a falar e sua voz, apesar de soar baixa, era ríspida.
Eu poderia rir, imaginando que Luke estava aprendendo a domar sua raiva com Ash, mas, não tive muito tempo para minha falação interna quando Soul gargalhou.
— Eu já tenho tudo que quero de vocês. — ele disse, olhando para cada um de nós — Bem aqui. — quase em sincronia nós avançamos um passo, mas Soul levantou seu dedo indicador e o balançou de um lado para o outro, fazendo não; e eu, não saberia dizer o que aconteceu, mas, simplesmente, obedeci, assim como todos os outros — Se vocês acharam que em algum momento estiveram na nossa frente, vocês estavam enganados. Nós dominamos vocês.
Percebi que, assim como o meu poder e o de Ash, o de Soul era tão complexo quanto. Mas, todos tinham sua fraqueza, qual seria a dele?
Olhei para Ás que continuava no chão, de olhos fechados. Aos poucos, levitava. Franzi meu cenho ao perceber que além de levitar, Ás mudava suas expressões faciais; agora, todo seu rosto se contorcia de dor.
— Você precisa nos dar algumas explicações... Pai. — Lia falou, não notando Ás e tentando melhorar aquela situação.
O que eu tinha de desastre, Lia tinha de cuidado. Obviamente, seu poder ajudava, mas, eu acreditava que mesmo sem ele, ela conseguiria mudar aquela situação de desconfortável para sutil com sua observação e atenção do ambiente.
— A depender. — Soul abriu seus braços, esperando que nós perguntássemos.
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A Indomada
Science FictionTerceiro Volume da Trilogia "A Estranha" Claire e seus amigos tem mais um problema: conseguir sair de Z-Mil. Eles juntos são fortes, porém, teriam coragem e força - tanto mental quanto física - suficiente para vencer a batalha contra seus progenit...