Capítulo 20 - parte 09

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- Quanto tempo Anahí! – Rodrigo exclamou com um largo sorriso nos lábios.

- Anahí? - Enrique indagou surpreso.

- Quanto tempo Anahí! – a loira lhe lançou um olhar feral, soltou o ar pelo nariz, precisava se manter calma, paciente em frente a duas pessoas que muito a machucaram – Fique bem longe de mim seu crápula! – exclamou trincando os dentes, então olhou para Enrique, contou mentalmente até dez, puxou o ar e o soltou rapidamente – E o senhor cale a boca, não ouse pensar em falar aquela palavra que por tanto tempo renegou.

Boquiabertos os dois homens mantiveram-se calados, apenas a observando retirar-se da sala sendo seguida por Maite e Júlia.

Rodrigo olhou intrigado para o novo sócio. Como Enrique Puente a conhecia?

- Pela sua cara deve estar se perguntando como eu conheço essa mulher petulante e revoltada que acabou de sair. – comentou, Rodrigo assentiu – Anahí é minha filha. – disse sem delongas, a boca de Rodrigo se abriu em um O, maior do que já estava.

Enrique então recordou-se de que Anahí saira da sala sem ele trocar alguma palavra com ela. Tomou em mãos o celular e logo alguém do outro lado atendeu.

- Júnior, me ajude. – pediu em súplica - Anahí esta no prédio, não permita que ela saia.

- Como ela está aqui? – indagou confuso – Eu acabei de chegar, estou no estacionamento.

- Segure sua irmã, ela esta com Maite e Júlia. – Enrique falou rapidamente.

- Fique tranquilo papai, não deixarei que ela se vá novamente.

Júnior desligou o celular e avistou a loira com a secretária, a filha de Alfonso e logo atrás o motorista, que parecia as seguir. Caminhou naturalmente em direção a elas, abrindo um largo sorriso.

- Boa tarde belas damas! – fez uma reverência e Maite rolou os olhos - Sinto-me lisonjeado em cruzar o caminho com vocês.

- Pode tirar o seu cavalinho da chuva que essa loira já tem dono, que por sinal é muito ciumento. – a pequena Júlia alertou-o, empinando o nariz e cruzando os braços sobre o peito.

Maite soltou uma gargalhada que fez com que todos a olhassem, e ela não se deixou abater, seguiu rindo feito uma hiena.

- É um prazer finalmente conhecê-la Anahí. – Júnior estendeu a mão para a loira, que ficou apenas olhando para aquela mão ali a sua frente, então sem graça ele a levou para o bolso da calça social - Deve estar se perguntando como sei o seu nome - sorriu e a loira gesticulou com a cabeça para que prosseguisse - Enrique Puente Júnior, seu irmão.

- Meio irmão você quis dizer. – Maite intrometeu-se, parando de rir.

- Eu não tenho irmãos. - a loira lhe sorriu irônica, deu uma piscadela, esbarrou nele de propósito e seguiu em direção ao carro.

- Você é identica a vovó. - Júnior disse, Anahí parou deu de ombros e voltou a caminhar em direção ao carro. – Espere! – ele gritou vendo ela entrar no carro - Papai quer falar contigo.

Ela fechou os olhos, respirou fundo. Sua vontade era de gritar apenas palavrões para aquele homem, porém ele não tinha culpa de ser filho de quem era. Então respirou fundo mais uma vez e sorriu cinicamente a ele.

- Diga ao seu pai que talvez daqui a 23 anos eu resolva procurá-lo demonstrando meu arrependimento.

A porta bateu e Júnior grunhiu. Em seu pensamento apenas havia "Tão teimosa e cabeça dura quanto o papai".

- Não seja orgulhosa Anahí! – gritou a fim de que ela ouvisse.

Ao ouví-lo, Anahí esmurrou o volante e então abriu a janela pronta para soltar os cachorros, porém ao ver Júlia parada ali perto, conteve-se.

- Não se trata de orgulho querido. – sua voz soou o mais irônica possível - Seu pai me renegou por anos, me deixou naquele orfanato asqueroso e quer que eu o receba de braços abertos e o inclua na minha vida como se nada tivesse acontecido? – questionou, balançou a cabeça negativamente – Desculpe, mas eu sou orgulhosa e não perdoarei o seu pai.

Deu partida no carro e ao perceberem que poderiam ficar para trás, Maite e Júlia pularam para dentro do automóvel. Pedro as seguiu com a Land Rover prata de Alfonso, não poderia as perder de vista.

Enrique parou ao lado do filho, respirando ofegante.

- Porque não a segurou Junior?

- Eu tentei papai, mas minha irmãzinha é tão petulante quanto o pai. – disse sorridente - É como aquele velho ditado: a fruta não cai muito longe do pé.

- Eu vou até a casa de Alfonso, Anahí tera que me ouvir. – falou Enrique, caminhando em direção ao seu carro.

- Temos uma reunião dentro de 15 minutos papai. – Júnior o lembrou, seguindo-o.

- Nesse momento a minha filha é mais importante. – disse enquanto caminhava - Anos atrás, por vergonha eu a reneguei, fui obrigado porque sua mãe jurou fazer da vida dela um inferno caso eu a trouxesse pra morar comigo. – olhou para o filho, abriu a porta do carro - Agora eu vou correr atrás da minha filha, implorar seu perdão, nem que leve o resto de meus dias fazendo isso.

Júnior apenas meneou a cabeça e observou o carro do pai sumir ao dobrar a esquina. Pelas poucas palavras que trocou com a irmã, tinha mais do que certeza de que ela não facilitaria as coisas.

A caminho da casa de Alfonso, o alarme alertando que o carro estava quase sem combustível e o fez desviar o caminho para poder abastecer. Enquanto o frentista fazia o seu serviço, Enrique olhou para o nada a sua frente.

- Estou indo buscá-la e amanhã estarei de volta. – avisou a empregada - Por favor, se encarregue de organizar um quarto, não sou muito bom nessas coisas. Vocês mulheres são melhores nisso. Não se preocupe com gastos, quero que ela tenha do bom e do melhor. – disse e a mulher assentiu e foi então que ele avistou a mulher parada na porta da sala com os músculos da face rgidos.

- Você tem duas opções... – disse gesticulando com os dedos - Traz a bastarda pra essa casa e eu me encarrego de fazer a vida dela um inferno ou a deixa naquele orfanato como uma qualquer.

- Ela é minha filha Lucrécia, não a deixarei lá.

- É uma escolha sua Enrique, porém poupe suas lágrimas se algum dia a encontrar morta e ainda ter de arcar com terapia, porque não hesitarei em torturá-la psicologicamente antes de acabar com sua vida.

- Por favor Lucrécia, ela precisa de uma mãe, tem apenas seis anos.

- A mãe dela morreu, não criarei essa bastarda imunda. – esbravejou - Se a trouxer, ela terá o mesmo destino que a mãe, então terá que ir visitá-la no cemitério.

Para Enrique, a decisão forçada a abandonar Anahí no orfanato teria sido a melhor opção. E ela saberia de toda a sua verdade. Mas será que ela acreditaria?

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora