Capitulo 21 - parte 05

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Alfonso tombou a cabeça para trás, fechou os olhos e inspirou profundamente. Quando aquela dor passaria? Porque homens recebem o rótulo de pessoas fortes que não choram?

De toda a miríade de experiências que os seres humanos podem ter, a maior delas é amar profundamente, totalmente e completamente, sem qualquer expectativa, e estar aberto para receber a maré desse amor que chega em troca. Porém amar dói, machuca, causa angústia e dor. E Alfonso nunca havia sentido tamanha dor. O sumiço de Anahí poderia ser comparado a uma faca cortando o seu coração. Algo teria que ser feito, mas o que?

- Eu espero, sinceramente, que tenha conseguido falar com ela. – Cecília disse adentrando a sala do filho.

O moreno bufou e rolou os olhos. O que a mãe estava fazendo ali?

- Eu tenho mais o que fazer do que ficar ligando vinte e quatro horas para o celular de Anahí. – Alfonso falou tentando desconversar, não querendo prolongar o assunto que rendia pequenas discussões com a mãe.

- Até quando vai seguir negando Alfonso? – ela questionou impaciente - Engole esse orgulho e vai atrás da mulher que você ama, admita seus erros, ajoelhe-se aos pés dela se for necessário.

- Anahí sumiu, foi tragada pela terra, não atende o celular. – explicou o moreno enquanto apertava as mãos, concentrando toda a sua angústia ali, ou pelo menos tentando.

Qualquer um poderia visivelmente perceber de forma clara o sofrimento dele. Nada necessitava ser dito, as olheiras profundas e o mau humor diário ditavam que algo havia de errado com Alfonso. E claro, todos na empresa sabiam que aquilo tinha nome e sobrenome.

- A culpa é sua, deveria ter acreditado nela, mas preferiu acreditar na bruxa xexelenta. – Cecília acusou-o apontando com o dedo indicador da mão direita para ele, Alfonso a repreendeu com o olhar – É assim que as meninas chamam a coisinha. – disse dando de ombros e o moreno soltou um riso – Notícias de Júlia?

- Falei com Beatriz há dois dias e me disse que Júlia tem que comportado muito bem, e até se oferecido para ajudar nas tarefas domésticas, acredita? – soltou um riso pelo nariz – Estou com saudades da minha pestinha.

- Então permita que ela venha para casa esse fim de semana – pediu manhoda e ele negou balançando a cabeça – Por favor filho, não seja cruel.

- O acordo foi para que Júlia fique por trinta dias sem vir para casa. – ele murmurou duramente - Não darei o braço a trocer permitindo que venha antes, desculpe. – Alfonso soltou o ar pela boca, levantou-se colocando as mãos no bolso da calça - Sabe muito bem que sua neta precisa ser podada antes que seja tarde.

- Júlia é uma criança com um grande potencial. – Cecília disse convencida - É muito parecida com você quando criança, tão traquina como.

- Eu nunca cheguei ao ponto de colocar algo na bolsa de uma pessoa para que ela seja acusada de roubo. – defendeu-se.

- Águas passadas filho! – ela riu e meneou a cabeça - Isso foi quando ela não queria Any por perto. - comentou e ele assentiu sorrindo - Lembre-se que esse fim de semana é meu aniversário, e me alegraria infinitamente se todas as minhas netas estivessem comigo.

Alfonso puxou o ar e o soltou vagarosamente. Retirou as mãos dos bolsos, parou em frente a ela, tocou em um de seus ombros, a encarando.

- Amanhã ligarei para o internato e darei permissão para que Júlia venha passar o domingo conosco.

- Prepare-se que o furacãozinho não vai gostar nada de saber que Anahí foi embora. - alertou-o e ele assentiu caminhando em direçao a sua mesa.

- Eu vou dar um jeito. – jogou-se na cadeira, tomou o telefone em mãos e discou três números – Desmarque meus compromissos hoje, tenho algo urgente para resolver. Pensando melhor, desmarque tudo até segunda feira. – desligou o telefone e olhou para a mãe - Vou revirar cada canto dessa cidade em busca do grande amor da minha vida.

- Vá e a traga de volta, quem sabe assim você volte a ter uma boa noite de sono. – ele estreitou os olhos – Fátima me alertou de que não tem dormido desde que Anahí foi embor, e dá pra ver na sua cara carrancuda isso.

O moreno negou com a cabeça, levantou-se e pegou o celular sobre a mesa, juntamente com a chave do carro.

- Cuide das meninas, voltarei para casa apenas quando tiver Anahí comigo.

- Senhor Herrera, ligação na linha 2. - o moreno grunhiu - É sobre Julia. - completou e a face do moreno enrijeceu.

O que a filha teria aprontado agora?

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora