Onde estaria Anahí naquele momento que ele precisava tanto de seus conselhos e palavras de conforto?
Apalpou no bolso da calça e não encontrou o celular, com certeza havia o deixado no carro.
- Droga! – murmurou, olhou para o céu e soltou o ar pela boca.
E se ela ligasse? Teria que ir em busca do aparelho urgentemente. Girou um pouco a cabeça e viu que o irmão vinha logo atrás dele, irritou-se ainda mais. E aquela vontade de voltar ao carro e buscar o celular evaporou. Caminhou por mais ou menos cem metros e então ouviu uma explosão. Virou-se rapidamente, assustado, e apenas viu fogo, muito fogo.
Há meses atrás se torturaria pela perda do carro, mas atualmente, mais precisamente naquele momento, bens materiais não lhe significavam nada.
"Que se dane o carro!", pensou e voltou a andar em direção ao hospital, com Alex a tiracolo.
Em uma estação rodoviária há alguns quilômetros dali, Anahí teve um mal pressentimento, e uma falta de ar repentina. Que angústia era aquela que sentia havia dias?
Retirou o celular da bolsa, buscou pelo número de Alfonso e olhou-o angustiada, balançou a cabeça e guardou o aparelho novamente.
- Vida nova Anahí, nada de Alfonso ogro Herrera. – disse para si mesma, afagou Molly, ergueu-a na altura de seus olhos - Somos eu, você e uma nova vida.
O local estava lotado e não havia lugar para que pudesse sentar. Escorou-se em uma pilastra e fitou a televisão onde passava algum filme. Cumprimentou com um aceno de cabeça uma senhora que estava parada ao seu lado esquerdo, também escorada no pilar. Em questão de segundos o filme foi tirado do ar e aquela musiquinha aterrorizante do plantão apareceu na tela.
- Uma mulher de 27 anos foi presa por maus tratos a uma criança de sete anos. – falou a jornalista - A menina foi encontrada em um porão. Em instantes voltamos com mais informações. – completou e Anahí sentiu um embrulho no estômago.
- Que crueldade não é mesmo? - a senhora ao seu lado disse tentando puxar assunto - O que se passa na cabeça dessa louca?
Anahí soltou o ar vagarosamente pela boca. Porque aquele mau pressentimento estava mais forte do que nos dias anteriores?
- Você está bem? - perguntou a senhora, preocupando-se.
Anahí assentiu vagarosamente e deu um meio sorriso.
- Estou bem sim, é como se algo ruim estivesse acontecendo.
- E está, não viu no noticiário a mulher que acabou de ser presa? – indagou a senhora, gesticulando com as mãos.
- Essa notícia me trouxe um aperto no coração. - disse afagando com uma das mãos sobre o peito.
- Quando somos mães é assim. - falou balançando a cabeça negativamente - Pobre criança, que os pais tenham forças para a batalha contra a vida que terão que enfrentar.
Algo estava errado, ela tinha certeza. Seu coração lhe alertava de perigo. Seria Alfonso?
- Voltamos diretamente em frente ao hospital onde a menina de sete anos foi hospitalizada. - a voz da repórter chamou atenção das duas que fixaram o olhar na tela da TV - Segundo informações policiais, o estado de saúde da criança é grave. É com você Marcos Fontes!
- Boa tarde Renata! - o repórter Marcos apareceu em frente ao hospital - O pai da menina, Alfonso Herrera, chegou a pouco e não quis dar entrevista. A voz do reporter se tornou inaudível para Anahí. Seu chão lhe faltou e ela cambaleou, e se não fosse o rápido reflexo da senhora ao seu lado teria caído ao solo.
- Júlia... – Anahi sussurrou tremendo.
- Sente-se filha, logo se setirá melhor.
- Eu não posso, preciso ir ver a Júlia. – disse rapidamente, as lágrimas já escorriam por sua face, afastou-se da mulher e saiu andando apressada.
- Menina está o maior pé d'agua lá fora! - a mulher gritou tentando parar Anahí, porém ela nem ouviu.
Nada a deteria. Rapidamente chegou ao estacionamento e não havia nenhum táxi por ali.
- Que droga! - reclamou batendo o pé no chão - Nunca estão diaponíveis quando a gente precisa.
Sem outra alternativa, abrigou Molly contra seu peito, e saiu correndo pela calçada abaixo de chuva. Precisava chegar ao hospital o mais rápido possível e aquela chuva não a impediria.
A caminhada seria longa e cansativa. Por mais que a chuva parecia aumentar e as gotas doiam sobre sua pele, não parava. Naquele momento Júlia era mais importante do que qualquer coisa, mesmo que teria que ficar cara a cara com Alfonso.
Meia hora depois estava em frente ao hospital, pode ver muitas emissoras de tv e alguns seguranças na porta. Puxou o ar, olhou para Molly que tremia em seu colo e foi ate lá.
- Não pode entrar com esse cachorro senhora.
- Eu vou entrar sim, a minha filha esta aí e esse cachorro é dela. - deu um passo a frente e barraram a sua passagem - Faz o seguinte querido, toma conta da Molly enquanto eu vou ver a minha filha. - disse entregando o cão a um dos homens. - Aproveita e liga pra algum pet shop e paga um banho pra ela - Piscou e atirou um beijo e saiu.
O segurança ficou imóvel por alguns segundos e só voltou a si quando colegas gargalharam.
Anahí trombou em pessoas que caminhavam pelos corredores, aquilo parecia estar mais lotado do que o dia em que esteve ali por causa do pó de mico que Júlia colocou em sua cama.
Andou por quase cinco minutos até quase trombar com ele. O corpo não respondeu, e ambos ficaram parados, estáticos, olhando fixamente um ao outro, olhos nos olhos.
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Um Anjo Caiu do Céu
FanfictionEm busca de um emprego, ela acaba caindo de para quedas na casa de Alfonso Herrera. Anahí é contratada para cuidar das três filhas de um dos homens mais cobiçados da cidade. Mas há um problema: as filhas de Alfonso são terríveis e já expulsaram...