- Eu a odeio, não quis em nenhum momento que nascesse, a culpa foi de Alfonso que me obrigou a permitir que aquela pirralha nascesse. – falou com desdém e alguns jurados ouviam boquiabertos.
- O que te levou a viciá-la em hidrocona? – Willian incitou a próxima pergunta, não dando muito tempo a ela.
- Lucrécia me apresentou a droga há alguns anos, e quando soube o que ela causaria em um organismo infantil, tive certeza de que seria assim que eu acabaria com a vida de Júlia.
- Há quanto tempo conhece Lucrécia? – o advogado indagou curioso.
- Eu a conheci quando tinha sete anos, quando ainda vivia no orfanato. – falou lembrando do dia em que a conheceu - Ela foi lá pra ver outra criança, a filha bastarda do tio Enrique. – falou abrindo um sorriso sarcástico e olhou para Anahí.
Anahi arregalou os olhos. Porque ela estaria envolvida naquilo? Burnurinhos começaram na platéia.
- Ordem!! - o juiz pediu batedo o martelo.
- Protesto! Ela está fugindo do foco! - o advogado de Bárbara reclamou.
- Se tenho que falar a verdade, quero contar tudo desde o inicio. – Bárbara falou alto, fitou Lucrécia um pouco ao fundo e sorriu - Não vou pra cadeia sozinha, há mais pessoas envolvidas.
- Protesto negado! Continue senhorita Bárbara. – o juiz falou dando uma batida sobre a mesa com o martelo.
Bárbara sorriu triunfante.
- E como eu não tinha um bom relacionamento com a filha do tio Enrique, Lucrécia prometeu que me tiraria de lá se eu fizesse da vida daquela menina um inferno. E eu aceitei. – ela sorriu cínica, empinou o nariz e olhou para Anahí novamente - Com a ajuda de Beatriz infernizamos a vida da Anahi. – revelou - E a tia Lucrecia proibiu qie ela fosse adotada, queria que ela sofresse. Um tempo depois fomos adotadas por duas familias, eu pela irmã da tia Lucrecia, e a Beatriz por um casal de amigos da família de minha tia. – ela tomou um gole de agua, puxou o ar - E como era da familia foi assim que conheci o Alfonso. E me apaixonei por ele. – confessou, tragou saliva, fitou o moreno a sua frente - Alfonso me seduziu, me enganou. Dizia me amar, mas a unica coisa que ele queria era ter um filho - disse com magoa na voz - Eu sempre detestei crianças, e por amor a ele eu dei esse filho. Júlia nasceu prematura, tive depressão pós parto, eu não a queria. – Bárbara pausou, cerrou as mãos em punho - Eu tentei sufocar ela enquanto dormia, e Fátima impediu, depois daquilo Alfonso me expulsou de sua vida me obrigando a ficar longe dele e de Júlia. – ela respirou fundo, olhou para Enrique - Então o tio Enrique me mandou para cuidar do instituto. Em minha estadia lá, descobri que Enrique mantinha um relacionamento extra conjugal com uma das funcionárias. – contou e alguns sussurros puderam ser ouvidos - E desse relacionamento nasceu o Felipe.
- Já basta Bárbara! - Lucrécia gritou do meio da platéia - Chega de fazer mal aos outros.
- Como eu disse – Bárbara falou alto, ignorando Lucrécia - Felipe nasceu de outro relacionamento, e acho que nem o Júnior é filho tia Lúcrécia - ela riu debochada.
- Continue. – o juiz falou.
- Lucrécia descobriu, forjou uma gravidez e quando o menino nasceu ela matou a amante aos poucos, drogando-a com hidrocona.
Um "oh" saiu praticamente em coro e cochichos tomaram conta do tribunal.
- Silêncio! Ordem! – o juiz pediu batendo seu martelo.
- Lucrécia que me passou o contato para que eu usasse em Júlia. – Bárbara continuou - Ela sabia que faria Anahi sofrer, e eu tinha de me vingar de Alfonso. – Bárbara expirou vagarosamente, encarou Anahí - Cuidado com o seu bebê Anahi, Lucrécia está a solta. – ameaçou, gargalhou e Anahí abraçou a barriga instintivamente.
Alfonso virou-se para olhá-la e a viu estática.
- Ninguém fará mal ao nosso bebê. - ele sussurrou tentando acalmá-la.
- Não tenho mais perguntas senhor juiz. – Wilian sorriu vencedor, aquilo havia saído melhor do que encomenda.
Enrique estava pasmo, levou a mão ao coração. A dor era grande, mas ele teria que ser forte. Porque em sua vida havia tanta tristeza e decepção?
Algumas testemunhas foram ouvidas, inclusive Beatriz e outros funcionários do instituto. Optaram por não dar muitos detalhes de como a menor fora torturada, a fim de evitar mais dor na família. Bárbara foi condenada a 56 anos, 9 meses e 28 dias, sem direito a redução de pena, e Beatriz a 9 anos e 2 meses.
Alfonso respirou aliviado, foi até a loira e de mãos dadas caminharam em direção a saída.
- Anahí! – Enrique chamou e Anahi virou-se para encará-lo.
- Por hoje basta Enrique, Any precisa descansar. – Alfonso pediu, gesticulando com a mão.
- Filha, me perdoa, por favor. – Enrique implorou, ignorando o pedido de Alfonso.
Enrique abriu os braços aguardando um pequeno gesto dela, a loira olhou-o sem saber o que fazer. Algumas pessoas que passavam por ali, pararam para observavar, atentas.
- Me perdoa. - ele sussurrou e algumas lágrimas começaram a cair.
Anahi sentiu seu coração apertar. O pai era uma vítima das maldades de Lucrecia, e a protegeu, mesmo estando longe. Ela mesma ouvira algumas coisas mais cedo quando fora no escritório.
- Eu te odiei a minha vida toda porque me rejeitou. – a loira falou angustiada.
- Eu queria você, mas Lucrécia foi enfática quando disse que te machucaria se eu convivesse contigo.
Enrique seguia de braços abertos, Anahi comprimiu os lábios e lágrimas rolaram por sua face também. Encarou o pai ali a sua frente de braços abertos, implorando por seu perdão.
Precisou dar alguns passou e jogou-se nos braços do pai e chorou como uma criança. Enrique abraçou-a forte, beijava seus cabelos e chorava. Pedia diversas vezes perdão. Segurou-a no rosto entre as mãos, enchugou as lágrimas e lhe beijou a testa.
- Sei que não vou recuperar o tempo perdido, mas a partir de hoje quero ser o pai que nunca teve. Poderia permitir isso?
- Vamos com calma ok? – Anahí sussurrou.
Enrique assentiu satisfeito e lhe beijou a testa. Alfonso, que apenas observava atento, tocou nas costas dela, e Anahí entendeu que era a hora de irem embora. Girou o corpo e deu alguns passos, então parou.
- Sábado me espere em frente a igreja da Lapa as 20hrs. – ela falou sem olhar para trás, Enrique a olhou confuso, a loira virou-se e sorriu - Preciso de alguém pra entrar comigo na igreja.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Anjo Caiu do Céu
FanfictionEm busca de um emprego, ela acaba caindo de para quedas na casa de Alfonso Herrera. Anahí é contratada para cuidar das três filhas de um dos homens mais cobiçados da cidade. Mas há um problema: as filhas de Alfonso são terríveis e já expulsaram...