Capitulo 23 - parte 08

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Após dois meses de espera, o dia do julgamento havia chegado. Alfonso estava nervoso, apenas foi até a empresa resolver algumas pendências. Anahí, que já estava no quinto mês de gestação, havia ficado de encontrar o moreno lá para assim poderem ir juntos ao tribunal.

A loira estranhou não encontrar Maite em sua mesa, foi a sala de Alfonso e não o encontrou. Ao sair escutou alguns gritos, deduziu ser uma discussão.

- Não vou me divorciar de você. – a mulher falou em um tom de voz firme.

- O que você quer? – o homem indagou e ela sentiu seu corpo enrijecer ao reconhecer a voz - Que eu passe tudo para o seu nome? Pois bem, fique com tudo o que é meu.

Ela aproximou-se um pouco, escondendo-se atrás de um vaso de flor. O pai discutindo com a mulher praticamente em público?

- Vai abrir mão de toda a fortuna? – a mulher indagou e riu alto.

- Vou, contanto que suma, desapareça. – Enrique praticamente gritou e bateu em algo, que Anahí deduziu ser a mesa de madeira - Quero você o mais longe possível de Anahí.

Um arrepio percorreu o corpo da loira ao ouvir seu nome. O que o pai havia lhe dito há meses atrás quando estava no shopping com Alfonso e as meninas seria mesmo verdade?

- Poxa, já havia até entrado em contato com a fornecedora daquela droga. – ela estalou a língua.

- Não ouse Lucrécia. – ele praticamente gritou - Chegue perto de minha filha ou de minha neta e eu mesmo acabo com sua vida. – ameaçou e a loira arregalou os olhos.

- Você é um imbecil, se tivesse esquecido essa bastarda...

- Ela é minha filha, jamais a esqueceria. Mesmo que Anahí me odeie para o resto da vida e me queira longe, eu a amo com todas as minhas forças.

Anahí cambaleou, soltou o ar pela boca, deu alguns passos e escorou-se na mesa de Maite e ouviu o barulho de algo sendo quebrado. Julgou que o melhor seria se aguardasse Alfonso no estacionamento da empresa. Ao chegar no local avistou um banco próximo a um jardim, digitou uma mensagem para o moreno avisando que o aguardava.

O moreno saia da sala do RH quando seu celular apitou. Sentia-se livre após o pedido de demissão. Não demorou muito e a viu entretida com o celular.

- Posso saber com quem esta falando?

Ela ergueu o olhar e sorriu apaixonada.

- Não estou falando com ninguém, estava vendo uns vestidos de noiva pra alguém gorda. – reclamou.

- Será a noiva mais linda, a mais amada. – beijou-lhe na testa – Você carrega o fruto do nosso amor.

- Esse fruto está me deixando obesa e feia. – resmungou batendo o pé.

- Você está linda meu anjo, maravilhosa. Agora chega de manha e vamos para o tribunal.

Aquele era o dia que a justiça seria feita. Não traria Júlia de volta, mas Bárbara seria condenada por tudo o mal que causou. Alfonso estendeu a mão para ela e caminharam até o carro. Cavalheiro, ele abriu a porta para ela, aguardou que entrasse em então a fechou. Deu a volta e sentou-se em seu lugar. Respirou fundo, fechou os olhos e encostou a cabeça no banco.

Enxugou a lágrima que caiu em seu rosto.

- Vai ficar tudo bem meu amor.

- Eu não sei como irei reagir ao vê-la.

- Terá que respirar fundo e ter muita calma, paciência. Lembre-se que justiça com as próprias mãos não é a melhor opção. Estaremos lá, logo atrás de você.

- Eu prometo me comportar. E a senhorita também viu?

- Ver aquela mulher depois de anos poderá me trazer muitas más lembranças, não sei como reagirei. Mas pelas nossas meninas, terei que ir contra meus instintos maternos e proteger esse ser abençoado que carrego em meu ventre.

- Eu estarei lá, segurando a sua mão para não cair em tentação.

- Seremos um só, lutando pelo desejo de arrancar cada pedacinho daquela vaca.

- Pobre das vacas! – Alfonso brincou. – Bárbara é completamente deshumana, sem coração. – ele socou o voltante.

- Gatinho foco! – Anahí disse estalando os dedos – Liga logo esse carro e vamos ao fórum ou chegaremos atrasados.

O casal chegou faltando poucos minutos para que a sessão fosse iniciada. Alfonso, juntamente com Anahí, foram trocar algumas palavras com o advogado Willian.

Quando voltaram, haviam mais pessoas na sala, e os jurados já encontravam-se em seus lugares. Em pé, receberam o juiz responsável pelo caso.

- Em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão de acordo com vossa consciência e os ditames da justiça. – o juiz falou e os jurados ergueram a mão direita respondendo em coro "assim o prometo". - O julgamento de hoje é de Bárbara Luana Hernandez Vechiatto, acusada de maus tratos a menor Júlia Herrera, como tortura física e psicológica, uso de drogas e privação de alimento. – explicou. – Que entre a acusada.

Bárbara entrou de cabeça erguida, fuzilando Alfonso com os olhos.

- Erga sua mão direita – o juiz falou – Jura dizer a verdade, nada mais do que a verdade?

- Assim o prometo.

- Com a palavra o advogado da acusação. – o juiz anunciou.

Willian clareou a garganta e aproximou-se da bancada ficando bem em frente a Bárbara.

- A ré torturou psicologicamente e fisicamente a menor que esteve sob seus cuidados por quinze dias. – ele clareou a garganta – A menina, que é sua filha biológica, - disse em ênfase - foi encontrada em um quarto escuro, com péssimas condições de higiene. Estava em posição fetal, com vários hematomas pelo corpo, magra, anêmica, e suas mãos estavam amarradas em arame farpado. – Willian meneou a cabeça, olhou para os jurados - Em seu depoimento Bárbara alegou que estava quitando uma divida com o pai da menor, Alfonso Herrera, pois o mesmo a rejeitou assim que a criança nasceu. Sem remorço algum, expressar sequer arrependimento, ela deu detalhes de como torturou a menor. – ele fez uma pausa, tomou um gole de agua, seus olhos marearam – Trata-se de algo assustador, pavoroso. Amarrar uma criança de sete anos em um arame e privá-la de alimento? – indagou enguendo o tom de voz – Não satisfeita com a dor física que estava provocando na criança e a deixando passar fome, Bárbara ainda a fez ficar viciada em uma droga que no organismo de uma criança é altamente perigosa! – exclamou gesticulando com as mãos, então encarou Bárbara - A senhorita e o senhor Herrera mantiveram um relacionamento durante um ano. Quais os motivos que levaram a cometer tal atrocidade contra a menor?

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora