Um Anjo Caiu do Céu

Capítulo 19 - parte 07

"Nunca dúvide de Anahí Portilla Alfonso", pensou e riu sozinho.

Aquela mulher seria a responsável por sua loucura. Até poderia esquecer do castigo da filha e correr atrás dela a impedindo de ficar perto do irmão, porém teria que dar-lhe um castigo, pois sua brincadeirinha poderia causar algo mais sério. Puxou o ar pela boca e o soltou vagarosamente, mentalmente falou a si mesmo para manter a calma e adentrou o quarto das crianças. O olhar das três meninas pairou sobre o pai assim que a porta se abriu, audaciosa Júlia caminhou até próximo a ele e cruzou os braços sobre o peito. 

De quem a filha tinha puxado todo esse gênio marrento? 

Se desconhecesse a procedência, sua mãe biológica, poderia dizer que Júlia era filha de Anahí, pois é tão petulante como a loira.

- Está de castigo, terá de ficar neste quarto o restante do fim de semana e não irá participar dos passeios. – avisou de forma severa, tentando demonstrar seriedade, mas ele mesmo queria era rir da situação em que as duas mulheres se encontravam.

- Tudo culpa da bruxa nova xexelenta. – murmurou irritada, quase unaudível.

- Por mais que não goste delas, não é certo o que fez. – Alfonso bronqueou, clareou a garganta - Cláudia está grávida, tome cuidado da próxima vez. – ele soltou um riso baixo – Não é assim que vai expulsá-las daqui. - disse em um sussurro fazendo com que a menina sorrisse.

- Estava tudo maravilhoso até as bruxas chegarem. – Eduarda reclamou batendo o pé no chão, Fernanda concordou assentindo e fazendo um bico enorme.

- Nada mudará com a presença delas aqui. – O moreno afirmou, respirou fundo, deu alguns passos, olhou para as filhas - Eu disse a vocês que muitas coisas seriam diferentes e não menti. – ele sentou-se na cama, fez um sinal para que Júlia se aproximasse – Precisamos conversar sobre algo, ou melhor, sobre alguém que...

- Você e a Any estão juntos e vão se casar? - Júlia interrompeu o pai, toda empolgada com um sorriso de orelha a orelha. 

O sorriso bobo de Alfonso o entregou, porém logo disfarçou, pigarreou e olhou para as meninas.

- Como eu disse, será diferente. - repetiu, soltou o ar pela boca - Estou aqui nesse momento para conversar com vocês sobre a mulher que eu amo e quero me casar, portanto...

- Isso quer dizer que a Any será a nossa mamãe? – Júlia novamente o interrompeu, Alfonso começou a rir feito bobo, assentiu.

- E gostaria da aprovação e ajuda de vocês para que isso se torne possível.

- Alfonso Hererra amando, isso é irado! – comentou rindo - Anahí Portilla destruindo corações. – assoviou - Isso sim que é irado!

- E então, irão me ajudar? – Alfonso indagou entusiasmado, as meninas assentiram felizes – Sem travessuras Júlia!

- Prometo riscar as minhocas da lista. – a pequena brincou rindo – Faz muito tempo que não apronto com a Any. – levou a mão ao queixo, fez um biquinho - Antes eu fazia isso porque gostava muito dela e via que você ia estragar tudo. – olhou brava para o pai, que fez uma carinha triste - Pela primeira vez eu gostei de uma babá, eu tive uma amiga, alguém que gostasse de mim de verdade. E por mais que eu aprontava, ela ficava e me defendia. – pausou, estreitou os olhos – É como uma leoa defendendo seus filhotes, é isso o que dizem não é mesmo? – perguntou olhando para o pai que afirmou balançando a cabeça - Não faça nada errado agora papai, não deixe a Any ir embora, nunca.

- Eu prometo que farei o possível e o impossível para que tudo dê certo. – coçou a barba por fazer – Pela primeira vez amo alguém de uma forma a qual eu desconhecia e...

- Enquanto você está aqui se declarando o tio Alex pode estar por aí jogando charme pra cima da Any. – Júlia falou rapidamente, em tom de brincadeira.

Alfonso deu um pulo da cama e saiu do quarto na velocidade da luz. As crianças começaram a rir descontrolavelmente. Ver o pai daquela forma era raro e um tanto engraçado. 

E não é que Júlia tinha razão? Alfonso travou ao ver o irmão quase sentado no colo da loira.

- Gostaria de sair para requebrar o esqueleto Anahí?

Como? Ele estava a convidando para sair com ele assim descaradamente? Seu sangue entrou em ebulição, a raiva tomou conta de si.

- Ela não vai sair contigo. – sua voz soou mais alto do que o desejado, anunciando a sua presença. 

Anahí engoliu em seco. A veia do pescoço do moreno estava nitidamente saltada e ela bem sabia que ele estava se corroendo de ciúmes. O que um Alfonso ciumento seria capaz de fazer?

- A pergunta foi direcionada a babá e não ao babão ciumento. – Alex o confrontou com o olhar, segurou a mão da loira e a beijou - E aí, vamos Any?

Não havia nenhum compromisso formalizado com Alfonso, nada a impedia de sair e conhecer um pouco mais Alex. E além disso, Alfonso havia pisado na bola com ela permitindo que Claudia e Carlota permanecessem ali.

- Eu vou, preciso mesmo espairecer hoje. – respondeu sorrindo, olhou rapidamente para Alfonso que respirava ofegante, deu uma piscadela e virou-se para Cecília - Tudo bem se eu for Cecília?

- Problema algum filha, pode deixar que eu e Alfonso cuidamos das meninas. - a senhora falou sorridente, olhando de Alfonso para Anahí.

- Cláudia e eu também vamos acompanhar vocês. – o moreno avisou, sorrindo vitorioso.

- Consegui tirar aquele troço asqueroso com muito custo. – Claudia resmungou juntando-se a eles na sala.

- Vamos sair em casais, eu e esta bela dama – Alex anunciou dando um beijo na bochecha da loira - e você e Alfonso.

- Isso é ótimo. – Cláudia sorriu batendo as mãos - E onde vamos?

- Beber algo forte para acalmar os ânimos. – Alfonso tratou de responder, com os olhos fixos em Anahí e Alex.