Capitulo 22 - parte 04

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O moreno olhou temeroso para ela, olhou para a porta do quarto, novamente para a loira e fez uma careta.

- Se eu disser que estou com medo soaria estranho?

- Um homem desse tamanho com medo de uma menina que mal chega a um metro de altura? – Anahí brincou e gargalhou alto esquecendo-se que estava em um hospital, contagiando o moreno e os demais ali – Tudo vai dar certo. – sussurrou, deu uma piscadela, beijou-lhe na bochecha e gesticulou com a cabeça para que entrasse.

Alfonso respirou fundo e vagarosamente foi até a porta, adentrando o quarto em seguida.

- Que mistério é esse? – Cecília perguntou curiosa – É impressão minha ou Júlia mal acordou e já está aprontando?

- E seria a Júlia se não fizesse isso? – indagou Anahí rindo – Vamos até a lanchonete que a conversa entre os dois será longa.

Estendeu as mãos e as gêmeas correram a seu encontro, segurando-as, uma de cada lado.

- Você vem com a gente vovó? – Eduarda pediu sorridente.

- Claro, acha que deixarei vocês comerem sozinhas aqueles doces maravilhosos que servem na lanchonete?

De mãos dadas com as meninas, Anahí seguiu até a lanchonete, com Cecília logo atrás delas.

Do lado de dentro do quarto, Alfonso apenas olhava para a filha, emocionado, sem saber o que fazer, como reagir.

- Vai ficar aí parado só me olhando ou vir aqui e me dar um abraço?

Ele sorriu e em dois passos estava parado ao lado da cama.

- Antes de tudo quero que me perdoe, eu cometi um erro terrível quando te mandei pro instituto. – disse rapidamente.

- Papai esquece isso, já passou. – a pequena disse abrindo um sorriso, ele então sentou sobre a cama onde antes estava Anahí - Você fez o que achou ser o certo pra mim. Com todo aquele histórico de disciplina do instituto você julgou ser a solução para os seus problemas, ou seja, eu.

- Você não é um problema em minha vida princesa. – ele falou segurando uma das mãos da filha.

- Eu te dei muita dor de cabeça, causei confusões.

- Vamos esquecer isso ok? Já passou. – falou repetindo as palavras da filha, a menina sorriu assentindo - A única coisa que importa nesse momento é que você está bem.

Curvou o corpo e beijou a testa da filha, que contornou os pequenos bracinhos no pescoço do pai e lhe deu um beijo estalado na bochecha. Ter o pai carinhoso era algo raro de acontecer, porém não impossível. E Júlia tinha a mais absoluta certeza de que daquele momento em diante tudo seria diferente na vida da família Herrera.

Alfonso soltou-se do abraço e observou cada detalhe da sua pequena. As marcas das agressões e maus tratos provocados por Bárbara ainda estavam visíveis pelo corpo da menina. O moreno sentiu-se péssimo e ao perceber os olhos do pai lacrimejando, Júlia olhou bem no fundo dos olhos do pai. Para consertar tudo e juntar o pai e Anahí, teria que ser bem direta.

- De zero a dez, qual o tamanho do seu amor pela Any? – Júlia questionou curiosa, apesar de julgar saber o quanto o pai amava a querida babá.

- Onze. – ele sorriu apaixonado - Mil, milhões. – disse abrindo os braços e seu rosto se iluminou - Eu amo aquela mulher filha e me corroe o coração saber que ela vai embora.

O semblante ilumidado de Alfonso se apagou, ele baixou o olhar e tragou saliva. Júlia levou uma de suas mãos até o queixo do pai e o fez olhar para ela.

- Se você se comportar direitinho tenho certeza de que ela vai ficar.

- Ela te disse algo?

- Muitas coisas, e no momento certo você saberá de todas elas. – assegurou e ele estreitou os olhos - E posso garantir que te deixará imensamente feliz.

- E o que acha que devo fazer pra ela me perdoar?

- Ser o papai que ela ama, que está ai dentro escondido. – falou tocando com o dedo indicador da mão esquerda no peito do pai, sobre o coração.

- Eu prometo que agora será diferente. – ele disse e segurou a mão da filha novamente entrelaçando os dedos e ficou olhando para ali - Sei que antes prometi isso e nada mudou, mas eu não sou perfeito e erro muito filha, estou aprendendo com você e suas irmãs. – a olhou rapidamente, Júlia lhe sorriu e ele voltou a olhar para as mãos - Eu amo as minhas meninas de uma imensidão sem explicação. Jamais me perdoarei por ter colocado a sua vida em risco, se eu tivesse perdido você não sei o que eu faria. – confessou e ergueu o olhar para encará-la e Júlia tinha os olhos estalados e estava imóvel – Júlia você está bem? – perguntou preocupando-se.

Como não obteve resposta imediata chacoalhou-a e logo o aparelho começou a apitar de uma forma ensurdecedora. 

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora