Capítulo 10 - parte 02

1K 72 4
                                    


Ergueu o rosto e a viu rindo descaradamente, sentada ao fim do corredor. Levou a mão ao nariz, ali lhe doía imensamente, era como se o tivesse quebrado.

Uma vontade de ir até aquela menina e a esganar lhe gritou, mas ela não poderia agir com violência. Respirou fundo, sem deixar de encarar a menina que de repente empalideceu e olhou para alguém assustada.

Braços fortes ajudaram Anahí a levantar-se, e ao sentir o perfume dele, suas pernas viraram gelatina.

- Está tudo bem Anahí? – pediu preocupado e ela assentiu.

Soltou-a e andou até Júlia, pegou a menina pelo braço e a arrastou até o quarto, empurrando-a para dentro.

- Está proibida de sair desse quarto Júlia. – ele gritou autoritário, a menina encolheu-se e Anahí ficou com dó – Estou cansado das suas malcriações, hoje mesmo cuidarei para que ainda essa semana esteja em um internato, ou talvez uma escola militar, quem sabe assim cria juízo e vergonha na cara.

Júlia baixou a cabeça e começou a chorar, Anahí aproximou-se e Alfonso barrou a passagem dela. Procurou pela chave da porta, trancou Julia e fitou Anahí.

- Não precisa manda-la ao colégio Alfonso.

- Júlia está precisando, ninguém consegue controla-la. Vamos cuidar disso. – falou apontando para a testa dela, onde crescia um galo.

Caminharam em silêncio até a cozinha, ele pegou algumas pedras de gelo, envolveu elas com um pano e entregou a ela. Sentou-se em uma banqueta de frente a Anahí, bem próximos.

- Desde que minha mãe saiu para uma viagem sem data de volta Júlia piorou. – ele quebrou o silêncio – Eu não sei mais o que fazer com minha filha, ela está impossível.

- Júlia precisa de limites, de um pai presente. – Anahí atreveu-se a dizer, ele fez uma careta assentindo - Falta a ela uma figura feminina a qual possa se espelhar. Onde está a mãe dela?

- Não é algo que me agrade falar sobre isso. – ele torceu a boca para a direita, depois para a esquerda - A mãe de Júlia nunca a quis, sempre a rejeitou e a culpou por deformar o corpo. Milena é frívola, mesquinha, pensa apenas no próprio umbigo. Apaixonei-me por ela e logo quis casar, formar uma família. Mas equivoquei-me, e depois com as gêmeas, achei que havia encontrado a mulher certa, mas brigamos muito, não demos certo. E no fim ela faleceu durante o parto e eu fiquei com as meninas, jamais abriria mão das minhas filhas. E agora estou em busca de uma mãe para elas. – ele sorriu, ergueu uma das mãos e tocou o rosto de Anahí.

Ela fechou os olhos para poder sentir melhor o seu toque, estava tão hipnotizada com a caricia que nem percebeu que ele aproximou-se mais. O calor da respiração dele a fez abrir os olhos, Alfonso estava praticamente com a boca colada a sua.

- Menina mulher, anjo divino dos lábios doces e sedutores. – ele sussurrou, roçou seu nariz ao dela.

Ambos fecharam os olhos, as bocas tocaram-se e eles apenas ficaram num roçar de lábios. Anahí abriu a boca para dar carta branca a Alfonso adentrar com sua língua, porém um ruído os fez afastar-se.

Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora