Capítulo 15 - parte 02

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Anahi virou-se furiosa e encarou o grupo de cinco meninas a sua esquerda. Júlia percebendo que o circo pegaria fogo puxou a mão de Anahí para irem logo embora.

- Ela precisa de babá – uma das meninas loiras com rabo de calavo, falou em tom de sarcasmo e mais risos ecoaram, Júlia apertou a mão de Anahí e trincou os dentes.

Já estava expulsa, se fosse partir para a briga não faria diferença e poderia descontar toda a sua raiva naquelas meninas nojentas.

- Ela é sua babá, não a sua mãe! – outra menina, desta vez uma morena de maria-chiquinhas, zombou fazendo Júlia dar um passo a frente, Anahí apertou sua mão como se dissesse, "estou contigo".

- Você é tão chata e mentirosa que nem a sua mãe te quis! – a ruivinha de sardas acusou.

Como pode sair tanta maldade da boca de uma criança de sete anos? O que os pais ensinam aqueles seres minúsculos a sua frente?

- E porque está dizendo que não sou a mãe da Júlia? – Anahí perguntou encarando a menina de maria chiquinhas e depois uma a uma das meninas - Ela é minha filha sim, não de sangue, mas de coração. – explicou orgulhosa, puxou Júlia a abraçando de lado – Mas não entendem porque a mamãe de vocês estão mais preocupadas com a futilidade do que a boa educação das filhas.

- Vamos Any, deixa essas garotas. – Júlia murmurou.

Assentiu um pouco insatisfeita, não adiantaria ficar discutindo com crianças que reproduziam apenas o que os pais lhes ensinavam: futilidade, sarcasmo, egoísmo e muitas coisas ruins. Com Júlia ela faria diferente: teria de se esforçar muito, mas faria com que aquela menina se torna-se um doce de criança, serelepe, mas amável e feliz.

O caminho para casa foi silencioso. O que teria de ser conversado faria em casa, com calma e com toda a paciência do mundo. Paciencia era o que aquela menina precisava, assim como carinho, amor e atenção. Coisa que Alfonso não dava a ela, como a nenhuma outra das filhas.

Todas aquelas dúvidas que tinha sobre ele e as filhas pareciam terem ficado mais claras em sua cabeça, ou pelo menos ela tentava encontrar justificativas para cada uma das falhas de Alfonso. Seu coração doeu, uma dor inexplicável apenas de imaginar todo o sofrimento passado por ele.

Se pudesse o abraçaria e diria que ficaria tudo bem, que estaria com ele sempre. Isso era algo praticamente impossível, e ele não a aceitaria por dois motivos: primeiramente porque ela não poderia lhe dar filhos, e segundo porque jamais estaria a altura dele, em questão social, e não julgava ser suficientemente boa.


Um Anjo Caiu do CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora